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PlayStation 2

Final Fight Streetwise

27/03/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
"Final Fight" foi um dos grandes clássicos do final da década de 80, numa época em que dominavam jogos de luta conhecidos como "beat'em up", isto é, que consistia em avançar pelas fases e descer a mão em quem aparecesse pela frente. Entre seus grandes representantes estão outros famosos títulos como "Double Dragon" e "Street of Rage".

Porém, o estilo não sobreviveu aos novos tempos e tentativas como "Fighting Force", "Spikeout: Battle Street" e "Beatdown: Fists of Vengeance", esse da própria Capcom, não conseguiram reverter o quadro - apenas o competente "The Warriors", da Rockstar Games, é uma das únicas peças de resistência, mas, já se dizia, uma andorinha sozinha não faz verão. O novo "Final Fight" apenas se junta ao grupo dos games que falhou em levantar novamente o estilo. Uma grande pena a divisão Production Studio 8, que produziu títulos competentes, como a série "Maximo", terminar dessa maneira.

Justiça com as próprias mãos

"Final Fight: Streetwise" é um jogo de ação com foco nos combates corpo-a-corpo. Seguindo os games do gênero e a própria história do clássico, o tema é sobre brigas de gangues e vinganças pessoais, feitas invariavelmente com os próprios punhos. O toque de modernidade fica com a representação de um ambiente degradante, um típico gueto, além elementos de exploração. O estilo é bem similar a "Beatdown: Fists of Vengeance", da mesma companhia, só que mais simples. Alguns dos problemas também são os mesmos.

O protagonista atende pelo nome de Kyle, irmão de Cody, que é um dos astros do primeiro "Final Fight", mas, em seguida, caiu em desgraça. Foi preso - como se vê em "Street Fighter Alpha 3" - e, agora, está em liberdade condicional. Kyle herdou o sangue guerreiro do irmão e passa a vida em lutas de arena. Mas agora o irmão mais velho está em apuros e Kyle precisa enfrentar algumas das mais perigosas gangues de Metro City para salvá-lo.

Para os saudosistas, as melhores partes devem ser quando aparecem os personagens clássicos. Além de Cody, que some no começo da trama, participam figuras como Mike Haggar, o ex-campeão de luta de rua que virou prefeito, e Guy, o guerreiro ninja do estilo Bushin. Eles são personagens ativos, que lutam ao lado de Kyle em algumas partes da aventura.

O combate é o elemento principal do game e quase todos os botões são usados para esse fim. São dois deles para golpes, que, podem ser desferidos em seqüência, e em diversas combinações diferentes, mas a maioria dos "combos" não está disponível no começo. Além disso, há arremessos, desvios, defesa e um modo para fixar um alvo determinado, enfim, tudo que manda a cartilha dos games em 3D de combate.

Um dos diferenciais do game é o sistema de tensão, que, quando acionado, permite usar golpes mais fortes e até mesmo exclusivos. A tensão também é usada para os desvios. Naturalmente, ela não pode ser usada indiscriminadamente, limitada pela barra azul, que cresce ao derrotar os inimigos.

Há também um medidor para o respeito, individual para cada uma das quatro áreas do game. Ao derrotar os bandidos, a barra sobe - quanto mais espetacular a briga, melhor -, mas, por outro lado, bater em pessoas indefesas, faz reverter os efeitos. Além de alguns comentários nas ruas e da iniciativa de alguns marginais, a barra de respeito não parece ter efeito prático nenhum.

Socando e chutando, a gente se entende

O game começa com Kyle numa de suas brigas de arena, que servirá para aprender sobre s comandos do game. Depois, o jogador tem a liberdade de andar por todo o bairro, explorando cada beco, se quiser. Ali, há diversos estabelecimentos, alguns fazem parte do roteiro e outros estão ali para vender itens. Há também uma academia, que melhora os atributos do personagem, além de ensinar novos "combos".

Porém, esses novos golpes não trazem muitos benefícios. Sim, eles têm animações mais agressivas e as seqüências são maiores, mas também são mais difíceis de fazer e não trazem tantos benefícios porque basta ficar apertando intermitentemente o botão de golpe rápido para derrotar a maioria dos oponentes.

Claro que isso não exime o jogador de procurar proteger suas costas ou fugir de aglomerações - algumas lutas chegam a ter quase dez oponentes, ainda que nem todos batam ao mesmo tempo. Além disso, contra os chefes, é preciso pensar em estratégias um pouco mais elaboradas, como usar a tensão ou os contra-ataques, feitos quando se defende um golpe no tempo certo.

O game é baseado em missões, geralmente muito simples: basta visitar os locais indicados com uma seta verde e bater em todo mundo que estiver por perto. Algumas vezes, poderá haver alguns pequenos elementos de exploração, como pegar uma chave, ou de quebra-cabeças. Se não conseguir solucionar o enigma, o game começa a dar algumas dicas. São, ao todo, quatro áreas distintas no game, ligadas por rede de trem: Little Italy, Japantown, Pier District e Kyle's Hood.

Enterrando a tradição

Como um jogo que permite a exploração livre, há também missões alternativas, tão simples quanto as principais. Muitas delas, para variar, são resolvidas no braço, mas também há minigames, como o de quebrar um carro - referência direta ao primeiro "Final Fight" -, e mais quebra-cabeças. Elas dão pequenas recompensas: dinheiro, por exemplo. Em vários lutares é possível recolher itens do chão, como armas, comida e dinheiro, também tradição na série.

Há diversas armas no game. São itens como bastão de beisebol ou facas, mas também existem pistolas e até espingardas. Porém, elas possuem pouca munição e, sendo assim, quase 90% do game você derrota os oponentes com os punhos mesmo. Caso queira manter uma determinada arma é possível guardá-la, e usar apenas quando desejar.

Enfim, o destaque do game fica mesmo para os combates, em que você pode usar uma vasta gama de golpes e armas contra vários oponentes ao mesmo tempo, lembrando um pouco o "Final Fight" de 1989. Por outro lado, agora, o game acaba se tornando muito repetitivo com o tempo, principalmente nas missões mais longas, onde os mesmo inimigos e cenários se sucedem indefinidamente.

Além disso, a câmera é muito ruim, principalmente em locais estreitos, tirando toda visão da ação. É realmente frustrante quando a ação corre solta e você não consegue enxergar além da cabeça do personagem. O jeito é tentar corrigir a visão manualmente, nem que tenha que apanhar um pouco.

O modo de arcade, que transpõe o "feeling" do original para o mundo 3D, se livra de uma série de problemas, como os quebra-cabeças chatos e a visão deficiente, mas continua caindo na mesmice da repetição. Aqui, o esquema de controles é um pouco diferente, mais parecido com o primeiro "Final Fight", que traz um golpe giratório que acerta todos os inimigos ao redor em troca de um pouco de energia. Além disso, não há barra de tensão nem travamento de mira em inimigo determinado - o direcionamento dos golpes é totalmente manual.

Com de praxe, "Streetwise" traz o arcade original, mas pessimamente emulado, com taxa de quadros muito ruim. Pois é, o título conseguiu até mesmo estragar a clássica versão para fliperama. Pecado mortal.

Tudo para parecer bad-boy

Visualmente, o jogo também decepciona. Os cenários tentam emular o clima dos guetos, com aqueles típicos ambientes caóticos e cheios de sujeira. Alguns ambientes até se destacam, como a casa de Kyle, uma verdadeira espelunca, mas as ruas de Metro City não têm personalidade nenhuma. Quando se destrói latas de lixo, por exemplo, começam a voar um monte de papéis, mas somem logo depois. Ao menos, alguns inimigos permanecem caídos, mostrando os rastros da briga.

Os personagens também carecem do polimento. As expressões faciais até que estão bem trabalhadas, mas a modelagem em si traz texturas repetitivas, que parecem ter sido aplicadas indiscriminadamente. Ficam até semelhantes a rostos foram feitos com colagem de papel. Salta aos olhos também a repetição dos modelos. As animações são um pouco duras, mas pelo menos, os inimigos apanham como se fossem dublês de Hollywood - assim, um tanto exagerados. Ao menos, não há problema com taxa de quadros.

Já parte sonora tenta imprimir um clima "barra-pesada" para o game, com dublagens forçadas, como querendo imitar o linguajar das gangues, efeitos sonoros exagerados, e uma trilha sonora agressiva, com hip-hops do tipo "gangsta" e rocks furiosos, como os da banda Slipknot, que podem agradar aos fãs, mas soam como "forçadas de barra".

O fim da luta

Juntando o fato que os jogos "beat'em up" não conseguiram se adaptar aos novos tempos e o histórico tenebroso das continuações de "Final Fight" - alguém se lembra de "Final Fight Tough" e "Final Fight Revenge"? -, a mais recente edição apenas confirma seu caminho natural.

Se havia alguma esperança de que o novo "Final Fight" pudesse superar todas essas desconfianças, isso definitivamente se foi: "Final Fight: Streetwise" coloca a última pá de terra no clássico. Se você é fanático pela série ou por pancadaria - e se for tolerante aos vários problemas do game -, encontrará bons motivos por aqui, mas para a grande maioria dos jogadores, esse é mais um título para esquecer.

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    Final Fight Streetwise (Playstation 2)

    85 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Studio 8
    Lançamento: 28/02/2006
    Distribuidora: Capcom
    Suporte: 1-2 jogadores, cartão de memória
    Outras plataformas: XB
    DispensávelAvaliação:
    Dispensável

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