Front Mission 4

da Redação

Para o público ocidental, "Front Mission" é conhecido apenas pela sua terceira versão: um jogo de PSOne lançado há alguns bons anos. Cercado de muita expectativa, esta nova edição marca a estréia da série no PlayStation 2, mas infelizmente o game agradará mais os antigos fãs que, fora do Japão, não são muitos.

"Front Mission 4" é um jogo de combate estratégico em robôs gigantes com elementos de RPG e conta com dois protagonistas diferentes: uma cientista francesa que investiga uma enorme conspiração na Alemanha e um soldado americano fugindo com uma enorme carga de ouro roubada de um revolucionário venezuelano. Os dois oferecem perspectivas bastante diferentes para os combates devido aos seus meios e recursos, mas a falta de integração entre ambos fará muitos questionarem a razão pela qual as duas histórias são alternadas, e não escolhidas separadamente em um menu como em "Thread of Fate".

Preparação

Os elementos de RPG do game se revelam de duas formas: no ganho de experiência e habilidades dos pilotos, assim como no desenrolar de uma trama. A primeira parte segue os padrões da série, fazendo o jogador investir em pontos de habilidades na compra de fatores que melhoram seu desempenho em combate. O sistema parece ser desnecessariamente obtuso (é preciso pagar para abrir um CONJUNTO de habilidades, e então pagar DE NOVO por cada uma delas) e sua funcionalidade em batalha acaba sendo ainda pior. As perícias, por exemplo, são realizadas aleatoriamente e não pela escolha do jogador com gasto de algum recurso (como magias em RPG). "Front Mission 4" só se salva nesse aspecto por oferecer MUITAS opções para personalizar os robôs, apesar destas estarem dispostas em menu nada práticos. E o pior: você é forçado a tomar decisões estratégicas sem saber NADA sobre seu próximo combate. O jeito é salvar o jogo, decorar os problemas, reajustar suas opções e tentar de novo.

Os acontecimentos da narrativa não desapontam, principalmente na parte da conspiração investigada por Elsa, a cientista. A intriga política, os personagens fortes e imprevisíveis e outras surpresas carregam a história, mas é uma pena que ela seja apresentada como um dos jogos de computador europeus dos anos 80: você vê apenas salas vazias e cabeças falando ao lado de caixas de diálogo. O game merecia valores de produção maiores. Toda a navegação das ações dos personagens se dá por um número restrito de menus que apenas distancia ainda mais o jogador. E isso sem falar que a adição do fugitivo Darril, o soldado americano, apenas quebra o ritmo e parece somar muito pouco ao game.

A primeira vez que o jogador entrar em combate, a tendência é ficar desapontado. O game abre com uma incrível cena de batalha que poderia facilmente ser confundida com a abertura de um novo "Metal Gear". Mas ao entrar no campo de combate, os robôs aparecem distantes e pequenos. Os fundos são simples e entediantes, pecando por falta de cor e detalhe. Os efeitos sonoros são igualmente desprezíveis, ignorando totalmente a sensação de estar controlando algo titânico.

Robôs vazios

Mas qualquer esperança de estar jogando um clássico vai finalmente por água abaixo mesmo quando você começa a vislumbrar a inteligência artificial dos inimigos. O certo seria dizer burrice previsível. A rotina dos inimigos parece ser invariavelmente a mesma: permanecer imóveis até algum alvo se aproximar, para então atacá-lo indefinidamente até algum alvo mais importante (e isso não leva escolhas estratégicas em consideração, apenas a importância da unidade) até ser destruído ou perder toda capacidade de ataque.

Para compensar isso, "Front Mission 4" rapidamente coloca você numa posição de inferioridade, lutando contra tropas maiores e bem equipadas. Mas explorando essa tolice artificial e usando os milagrosos kits de reparo o jogador é capaz de inventar uma estratégia eficiente em pouco tempo. É difícil sentir satisfação em criar uma tática inteligente.