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PlayStation 2

Ghost Rider

02/03/2007

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
A história se repete. Havia uma história em quadrinhos. Ele virou filme e também um jogo, daqueles medíocres. Esse é o roteiro de "Ghost Rider", estrelado pelo Motoqueiro Fantasma, que pela primeira vez estrela um game próprio - até agora foram apenas aparições em outros títulos de super-heróis -, pegando onda no longa-metragem estrelado por Nicholas Cage.

Quem já jogou "God of War", já sabe que a Climax Games copiou descaradamente toda a mecânica do clássico instantâneo da Sony. Desde o jeitão dos golpes até a configuração dos botões, está tudo igual, sem tirar nem pôr. Mas isso ficou apenas na aparência, pois o game não tem alma - talvez tenha vendida ao diabo, como fez o protagonista.

Assombração

"Ghost Rider" é, basicamente, um jogo de ação com combates, mas também traz cenas de corrida, mesclando acrobacias e lutas. Em ambos os casos, toma "emprestado" elementos de games famosos, sem, no entanto, possuir a diversão que eles proporcionam. Não que o jogo seja imprestável, mas lhe falta variedade e imaginação para surpreender o jogador.

O enredo do game da continuidade ao filme. Johnny Blaze é um acrobata da motocicleta que teve de vender sua alma a Mephisto para salvar a vida de seu padrasto. No entanto, seu espírito foi amarrado a uma entidade maligna que transforma Blaze no Motoqueiro Fantasma.

No game, Blaze, sob ameaça de perder a namorada para sempre, precisa acabar com os planos de Blackheart, filho de Mephisto, que quer provocar as tragédias que levarão ao fim do mundo. E assim está dada a desculpa para enfrentar uma série de monstros pelo caminho - grande em quantidade, mas ralo em variedade.

Apesar de o enredo ter sido escrito por veteranos como Garth Ennis e Jimmy Palmiotti, o roteiro é desconexo durante o jogo e até mesmo com o longa-metragem. A produção é pobre, imitando histórias em quadrinhos, praticamente estáticas (e ainda com uma qualidade ruim de imagens). Talvez a intenção fosse imitar "Metal Gear Solid: Portable Ops", para PSP, que usa os HQs com estilo.

Plagiando o deus da guerra...

Os combates funcionam exatamente como em "God of War". Para começar, a arma do protagonista é uma corrente e as seqüências de golpes que resultam da combinação de ataques fracos e fortes também lembram o jeito do jogo de Kratos. Quando os oponentes ficam tontos, você pode agarrá-los e finalizá-los com golpes bacanas, mas a empolgação se esvazia rapidamente, pois há somente uma animação por inimigo.

Até mesmo a mecânica de sugar almas e usá-las como moedas para adquirir mais golpes foi copiada. A diferença é que você também pode comprar "power ups" para aumentar a barra de energia e a de espírito, além de conteúdos bônus, como vídeos e HQs. Em tempo: a câmera é fixa e o direcional direito é usado para esquivas, como em... você já sabe.

A quantidade de combos é grande, mas se você descobrir uma determinada seqüência, vai querer usar somente esse movimento. É que ele é extremamente forte, capaz de matar a maioria dos inimigos num único "combo". Nem é preciso dizer que isso desequilibra a dificuldade do game, que, se já não era muito alta, fica praticamente ridícula de fácil. O pior é que essa combinação aparece bem cedo. Além disso, a barra de energia fica enorme depois dos upgrades.

... e o demônio que pode chorar

Mas "Ghost Rider" ainda encontra espaço para copiar outro sucesso: "Devil May Cry". O motoqueiro também tem uma arma de fogo (e fogo do inferno), mas, ao contrário do game da Capcom, nem perca tempo em tentar embutir os tiros dentro de um combo. E o sistema de avaliação também é igualzinho ao jogo de Dante.

Essa barra aumenta quando você varia os golpes e serve para ganhar mais almas, mas as que você adquire normalmente já são mais que suficientes para comprar quase tudo numa única partida. O que irrita é que alguns inimigos vêm com um escudo que só são desfeitos quando você tem um determinado rank, como o "brutal". Ou seja, você é obrigado a evoluir o medidor, o que pode ser bem frustrante, pois basta um golpezinho dos oponentes para zerar tudo. E esse é o tipo de jogo que os adversários costumam aparecer do nada, de fora do campo visual.

Os combates até divertem por algum momento, mas cansam pela monotonia: os inimigos se repetem à exaustão. As lutas contra os chefes melhoram um pouco, mas não o suficiente.

Direção perigosa

As partes de "corrida" conseguem ser piores. Há até um pouco mais de imaginação, misturando rampas, locais em que é preciso deitar a moto para passar e uma série de oponentes, mas a direção ruim põe tudo a perder. É um festival de batidas e quedas em precipícios até você tentar se entender com o guidão. O problema é que sua paciência pode não chegar a tanto, o que é bem provável.

Em alguns momentos faz lembrar títulos como "Road Rash", com aquela clássica cena dos motoqueiros se esbofeteando, mas o saudosismo passa rápido também. A fase das motos ocupa boa parte do jogo, ou seja, mais do que seria desejável. O jogo inteiro não dura mais que quatro horas. É certo que ele não tem bala para mais que isso, mas é inegável que é muito pouco conteúdo para um game atual "completo".

As edições para PlayStation 2 e PSP se equivalem, apenas com uma pequena diferença no conceito de fases. No console, a estrutura é clássica, trazendo distinção de começo e fim, mas no PSP, os ambientes são menores e há uma divisão de "checkpoints" entre cada série de lutas. Isso condiz com o estilo do portátil, mais prático.

O PSP leva pequena vantagem por trazer mais conteúdo, como os exclusivos modos de desafio e multiplayer. O primeiro consiste em corridas isoladas, com algumas regras diferentes como a de eliminação e a de sobrevivência. Essas mesmas provas podem ser disputadas com até quatro jogadores, estejam com várias cópias ou apenas uma. Mas, como os controles são ruins, nem tem como se divertir muito.

Visual dos infernos

O visual também está praticamente idêntico em ambas as versões. O resultado pode ser considerado bom para o PSP, mas é fraco para o PlayStation 2, principalmente diante de produções recentes, que exploram como nunca o console. Há texturas indefinidas e ruídos que deixam tudo mais feio. As primeiras fases até dão uma boa impressão, mas a qualidade não se mantém.

Se o personagem principal já tem um design medíocre, os inimigos não poderiam ser mais genéricos: gárgulas, morcegos e algumas poucas variedades de demônios. Pelo menos, as animações dos golpes são cheias de estilo, com bons efeitos, mas é muito pouco para salvar os gráficos.

A trilha musical é até competente, servindo bem ao propósito e tema do game. As vozes ficam praticamente restritas à narração, sem muita inspiração. A sonoplastia também não levaria nenhum prêmio, mas é bom o suficiente para surtir o efeito desejado.

Estrada da perdição

CONSIDERAÇÕES

"Ghost Rider" imita grandes jogos, mas não consegue captar quase nada de sua essência, aquilo que os tornam indistinguíveis e irresistíveis. Sobra um game que até diverte no começo, mas é até você perceber que tudo começa a ficar repetitivo, o que não demora a acontecer. O conteúdo é pífio e não dura mais que algumas horas para um jogador de certa vivência. É uma pena que um personagem tão interessante tenha vendido sua alma por tão pouco.

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    GALERIA

    Ghost Rider (Playstation 2)

    37 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Climax
    Lançamento: 13/02/2007
    Distribuidora: 2K Games
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: PSP XB
    DispensávelAvaliação:
    Dispensável

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