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PlayStation 2

Kingdom Hearts II

24/03/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
O primeiro "Kingdom Hearts" foi uma jogada de gênio de duas das maiores empresas do entretenimento. De um lado estava uma das mais conceituadas softhouses japonesas, criadora do megasucesso "Final Fantasy", de outro, a Disney, com seus personagens que dispensam apresentações. Confirmando as expectativas, o título foi um sucesso absoluto.

Porém, se a produção era impecável, não convencia no principal: o jogo em si. Não que fosse ruim, mas deixava a desejar com os controles nas partes de combate, quebra-cabeças ilógicos e problemas de câmera, só para citar alguns dos contratempos. Nesse sentido, "Kingdom Hearts II" é o que o primeiro deveria ter sido, já que várias dessas pedrinhas foram retiradas do caminho.

O filme vai começar

Como o antecessor, "Kingdom Hearts II" é um RPG com fortes elementos de ação e exploração. A progressão do game é guiada a mão de ferro pelo roteiro. A boa notícia é que a história continua intrigante, sem esquecer do humor. Porém, se estiver procurando liberdade de fazer o que bem entender, nesse caso, é bom procurar em outras redondezas.

Na continuação, "Kingdom Hearts" reforça seu lado como jogo de ação, tão importante quanto a face RPG. Por isso, foram colocadas opções de nível de dificuldade ao começar um novo jogo. É um sinal da produtora que, apesar da aparente infantilidade que o título possa suscitar, trata-se de uma obra voltada para todos os níveis de jogadores.

Escolhida a dificuldade, é hora de assistir a mais uma espetacular apresentação em computação gráfica da Square Enix. Como sempre, a produtora sobra em tecnologia e os traços Nomura Tetsuya, um dos principais designers de personagem da companhia, foram fielmente reproduzidos em 3D. As animações e a expressão facial criam empatia com o público e a proporção dos personagens casa muito bem com as figuras da Disney.

A maioria das cenas não-interativas são geradas em tempo real, com os mecanismos gráficos do próprio jogo. Mesmo mais simplificados, o charme dos personagens se mantém, assim como sua expressividade. Mas, o começo pode ser uma surpresa para aqueles que jogaram as edições anteriores - "Kingdom Hearts II" tem uma espécie de prólogo para Game Boy Advance, batizado de "Chain of Memories". É que o protagonista principal não é Sora, ao menos nas partes iniciais.

No começo, você controla um personagem chamado Roxas, que até lembra o protagonista dos antecessores, e ao progredir no enredo, a ligação dos dois garotos, e também com a Organização XIII, vai sendo desvendada. Como mencionado, "Kingdom Hearts II" aposta num enredo intrigante, cheio de mistérios.

Naturalmente, quem jogou os dois jogos anteriores terá uma visão muito melhor dos fatos. Para os outros, o game traz um caderno de anotações que faz o trabalho de relembrar os episódios passados, mas de maneira não mais que superficial. O começo é bastante sonolento, contando a história dos quatro amigos em Twilight City, e introduzindo os comandos para o jogador.

Na verdade, quase não há jogo nas primeiras horas. Grande parte do tempo é tomada pelas cenas não-interativas, que mesclam acontecimentos do passado e do presente. Sora, Pateta e Pato Donald dividem as tomadas com personagens misteriosos vestidos de preto e estrelas tanto da Disney quanto de "Final Fantasy". Montado em ritmo de videoclipe, abusa de efeitos diversos, como um que imita uma TV prestes a sair do ar. Todos esses vídeos podem ser cortados, mas você corre o risco de perder o fio da meada. Enfim, no início, o jogador mais assiste que joga.

Mestre dos golpes em seqüência

A parte jogável só começa a engrenar depois que os comandos passam para Sora e seus fiéis escudeiros Pateta e Donald, quando quase todas as ações já foram assimiladas. Uma das primeiras gratas surpresas é que os personagens estão muito melhores de controlar. As seqüências de golpes saem com facilidade, bastando ficar apertando o botão de atacar.

Quando o personagem está evoluído, é possível fazer combos devastadores e divertidos de assistir. Ótimo para quem sempre sonhou em realizar aquelas seqüências malucas de games como "God of War" ou "Devil May Cry", mas sem complicação. Aqui, é só ficar amassando o botão. Claro que, no nível mais difícil, e em boa parte da opção de dificuldade padrão, será preciso mais que isso para vencer as batalhas.

Como se vê, as batalhas são em tempo real, com um jogo de ação, e acontecem sem troca de tela. Conciliar o menu num sistema assim é complicado, e a solução de "Kingdom Hearts II" ainda deixa a desejar. Novamente, acionar comandos que não o de ataque simples é um sacrifício, pois o tempo não pára durante a escolha das opções.

O menu deve ser navegado com o direcional digital. O problema é que, mais para frente, ele passa a ter duas páginas e alguns itens têm submenus. Achar alguma coisa enquanto um confronto feroz está acontecendo é realmente complicado. Um sistema de atalho, acionado com os botões principais e o L1 ajuda a resolver alguns dos problemas, mas grande parte deles ainda persiste.

Além dos golpes ditos normais e das magias, há mais opções para atacar os oponentes. Uma delas é a de fundir com outro personagem, como o Pateta e o Donald, ganhando uma nova roupa e golpes devastadores, além de ter novas habilidades. Nesse caso, como possui uma arma de cada braço, poderá fazer seqüências arrasadoras. Claro que isso só pode ser feito durante um tempo e uma nova fusão só pode ser acionada se a barra correspondente estiver cheia.

Outro sistema interessante é o de golpe combinado. Nesse caso, dois personagens podem acionar ataques ao mesmo tempo. O resultado depende da parceria: com Mulan, por exemplo, Sora passa a fazer golpes aéreos como se fosse um cometa e o dragão Mushu solta um golpe de misericórdia, queimando todos que estiverem por perto. Esse movimento consome pontos de magia. O protagonista também pode evocar figuras como Chicken Little - sua habilidade é hilária - e Peter Pan.

Porém, o botão triângulo é um dos mais importantes e responsável pelos melhores momentos das batalhas. Ele aciona movimentos sensíveis ao contexto, ou seja, dependendo do momento e dos inimigos, o seu funcionamento muda. Sempre que estiver disponível, a tela avisa. Contra inimigos normais, por exemplo, ele faz uma esquiva lateral que coloca Sora numa posição privilegiada.

Porém, contra os chefes, o botão é essencial. É com ele que você tentará escapar dos ataques e, dependendo da situação, acionará contra-golpes poderosos. Muitos dos chefes só podem ser atingidos dessa forma. Portanto, a batalha contra esses seres gigantes é um exercício também de experimentação e imaginação.

Simples, pero no mucho

Avançar no roteiro é bem simples, e os combates, ao menos no modo mais fácil, não é nenhum empecilho. Essas características poderiam sugerir que "Kingdom Hearts II" seja voltado também para o público mais casual, mas o sistema de menu é um tanto complicado para esse grupo também fora das batalhas, mas por outros motivos. Apesar de haver um tutorial item a item, é muita coisa para mexer, que demanda um bom tempo para se acostumar, principalmente quem nunca viu um RPG na vida.

Neste jogo, além de equipar-se com armas e armaduras, você também leva três itens junto ao corpo, os únicos que poderá usar nas batalhas. Alguns deles, como o éter, têm efeito também passivo: no caso, ele recupera lentamente o MP. Um dos menus mais importantes é o de habilidade. Sora, principalmente, aprende muitos truques com o tempo, mas seu uso nas batalhas depende do AP. Resumo da ópera: quanto mais desses pontos tiver, mais "skills" poderá habilitar.

O sistema de fases continua parecido. A turma viaja para diversos mundos baseados em desenhos e filmes da Disney, como "A Bela e a Fera", "Mulan" e "Aladdin", além de mundos originais do game. Dois novos estágios se juntam aos antigos: os de "Os Piratas do Caribe" e de "O Rei Leão".

As fases de nave Gummi, que era um dos pontos negativos da edição passada, foi amplamente revista e está muito mais divertida. É como um jogo de tiro espacial com visão em 3D, num sistema similar, guardadas as devidas proporções, à clássica "Starfox", com tiros e lasers teleguiados. Os inimigos estão variados e a dificuldade está na medida certa. Chegar ao fim dessas fases é simples, mas o game recompensa o desempenho. Quanto mais naves abater, mais e melhores são os prêmios. Todas essas fases ficam disponíveis para serem visitadas quando bem desejar, com novos níveis de dificuldade.

Novamente, as navezinhas podem ser montadas como se fosse de blocos Lego, literalmente, dando asas à imaginação do jogador. O número de peças impressiona e quem era fã do recurso na primeira edição não ficará desapontado. Quem não tiver tanta paciência assim, poderá escolher as dezenas de modelos pré-montados, que, naturalmente fazem referência a "Final Fantasy", por exemplo. Espere encontrar a Falcon ou a High Wind, por exemplo.

Aliás, num título dessa natureza, faz parte da diversão encontrar referências das obras originais. Nesse sentido, "Kingdom Hearts II" é um verdadeiro tesouro, trazendo, não só os principais personagens, mas também quase todos os coadjuvantes, principalmente pelo lado da Disney. Pela Square Enix, também aparecem figuras célebres, desde o eterno Cloud ("Final Fantasy VII"), com direito a um episódio especial, até Vivi ("Final Fantasy IX").

Colaboração multimídia

Naturalmente, os personagens são os destaques do visual de "Kingdom Hearts II". O que já era muito bom no primeiro episódio está ainda mais apurado agora. É uma realização artística magistral, reproduzindo toda a formosura de Pato Donald, Jack Skelington, Ariel, e tantos outros. Excelente também está a adaptação dos personagens da Square para casar dois mundos bem distintos.

Cada um dos cenários também reproduz fielmente o mundo das obras de origem, tudo com um grafismo que fica entre o desenho animado e a computação gráfica um pouco mais realista. A preocupação com o clima é tanta que até os menus variam conforme a fase visitada e, numa certa parte em que os personagens voltam ao passado, os traços de Donald e Pateta passam a ser os de décadas atrás. Simplesmente maravilhoso.

A câmera que era péssima em "Kingdom Hearts" agora está muito melhor. Ainda que não seja perfeita, a visão deixou de jogar no time adversário. Se as batalhas acontecem no ato, sem troca de tela e, portanto, sem interrupção para carregar dados, o mesmo não pode ser dito quando se explora o mapa. Nesse caso, o "loading" acontece de ambiente em ambiente - alguns realmente pequenos -, ou seja, está no limite do tolerável.

A produção musical também é de alto nível. Não é possível comparar com a qualidade fenomenal dos desenhos da própria Disney, mas as trilhas sonoras fazem referência às obras originais, dando sua contribuição ao clima de cada mundo. Porém, apesar de bem compostas, não chegam a ficar gravadas na memória. A tela de abertura está novamente a cargo de Hikaru Utada, com sua voz bem peculiar.

O "cast" de vozes corresponde às expectativas. Com um time que mistura dubladores experientes e atores famosos, as falas soam como os desenhos animados da Disney, sempre carregado de emoção, dramático quando a situação pede ou sereno, se for o caso. Junte-se a isso, a tradicional competência dos efeitos sonoros da produtora, muitas vezes fazendo referência a "Final Fantasy".

"Dream Team" de fato

"Kingdon Hearts II" é o jogo que todos esperavam do primeiro. A continuação mantém o alto valor de produção, com ótimo visual e som, além de um roteiro intrigante, mas, desta vez, não se esquece do jogo. Ainda não é perfeito, mas, desta vez, a parte interativa tem qualidade por méritos próprios, com batalhas empolgantes. Até mesmo o minigame Gummi se redimiu. Ou seja, é um ótimo motivo para os fãs do primeiro jogo lavarem a alma. Para quem não conhece a série ou nunca viu um RPG, está aí uma excelente oportunidade para começar.

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    Kingdom Hearts II (Playstation 2)

    168 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Square Enix
    Lançamento: 28/03/2006
    Distribuidora: Square Enix
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    ImperdívelAvaliação:
    Imperdível

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