LEGO Star Wars II: The Original Trilogy

Game baseado em "Star Wars" não é nenhuma novidade, mas um título, em particular, lançado em 2005 foi um tanto inusitado. Era sim inspirada na famosa série de ficção científica de George Lucas, mas em sua versão de LEGO, um dos mais clássicos brinquedos do mundo. O resultado, graças também a um sistema de jogo sólido, foi um sucesso de crítica e de público. Era questão de tempo sair uma continuação.

Se o primeiro "LEGO Star Wars" explorou o enredo entre o primeiro e terceiro episódio na cronologia da saga - que conta a infância e adolescência de Anakin Skywalker, que viria a se tornar um dos vilões mais marcantes do cinema, Darth Vader -, o novo game trata de contar a trilogia que dá continuidade a esses acontecimentos, lançados no cinema entre 1977 e 1983. Seguindo o ditado - "Em time que está ganhando não se mexe" -, a produtora Traveller's Tales não mudou a estrutura do game, mas tratou de dar um ritmo mais ágil e trazer variedade.

Uma saga em miniatura

"Lego Star Wars II: The Original Trilogy" é muito similar ao primeiro game. Trata-se de um jogo de ação e exploração, em que o jogador anda sempre em grupo, podendo trocar de personagem a qualquer hora. Os tipos de ataque dependem de quem estiver sendo controlado, mas, assim como o antecessor, tem uma preocupação de ser acessível aos mais novos, mas isso não tira nem um pouco a diversão da faixa dos mais marmanjos.

A história do game é a mesma dos episódios "Uma Nova Esperança", "O Império Contra-Ataca" e "O Retorno de Jedi", ou seja, tem o personagem Luke Skywalker como protagonista, e narra sua batalha contra Darth Vader, o braço direito do imperador Palpatine. A Luke se juntam figuras como Han Solo, princesa Leia e o jedi Obi-Wan Kenobi.

O game começa no bar Mos Eisley, uma das localidades clássicas da série. Desse lugar, o jogador tem acesso a uma loja e aos três episódios que compõem o game, além de vários extras. Mas, no começo, somente o episódio IV está disponível. Ao começar cada capítulo, tem-se uma introdução em texto, tal qual ficou famosa no cinema, com as letras indo para o fundo, desaparecendo no vazio do universo, sob a trilha magnífica e clássica - e bota clássica nisso - de John Williams.

As cenas não-interativas basicamente reproduzem o roteiro do cinema, só que sem diálogos. E nem precisa. A comunicação toda feita por expressões corporais, como se fosse um teatro de bonecos - afinal, é isso que eles são. O fato de serem brinquedos abre espaço para um humor diferente, mais inocente, e sempre muito ágil. Os personagens, é claro, assemelham-se às versões de plástico, com corpinho quadrado, mãos em forma de "U" e rosto desenhado com traços simples. Simples, mas altamente expressivos, passam muito mais mensagens que várias cenas ditas "realistas". É muito difícil não se simpatizar com esses personagens, ainda mais nessa versão de graciosidade a toda prova, que conquista adultos e crianças.

Jedis de plástico, mas ainda com Força

No jogo, você move seu personagem em diversos ambientes, como se tudo fosse feito de LEGO, com suas características protuberâncias para encaixar as peças. Esses cenários trazem diversos itens, inimigos e quebra-cabeças. Muita coisa no ambiente pode ser destruída e quando isso é feito, moedas são liberadas.

No começo, as fases só podem ser jogadas no modo Story, em que os personagens de seu grupo são definidos pelo enredo. A turma pode variar entre dois e sete, sendo que o jogador pode passar o controle para qualquer um deles com um toque de botão. O número de guerreiros é bem grande, mas eles são divididos em alguns arquétipos principais. Um deles são os jedis, que têm o sabre de luz como arma e são capazes de usar um poder mental chamado de Força. Isso permite deslocar ou destruir objetos sem tocar neles. Além disso, são capazes de saltos duplos. Depois, há os soldados mais "comuns", como Luke ainda aprendiz ou Han Solo. Eles manejam pistolas laser e podem usar certos ganchos nas fases para alcançar locais mais altos. Têm os baixinhos, como os Ewoks, que conseguem entrar em locais estreitos, e os droids, que ativam portas e objetos especiais.

Enfim, cada situação poderá exigir habilidades específicas de um grupo ou a cooperação de vários deles. Em geral, os jedis são os mais práticos, graças ao poder da Força. Muito dos quebra-cabeças dependem desse poder, mas os outros personagens também são úteis em várias cenas. O bom é que o ritmo do game ficou bem mais ágil, mesmo com essas partes de "puzzle", cujas soluções são até simples, mas a variedade faz com que proponha um bom desafio.

Os jedis também são essenciais nos combates, graças ao seu sabre de luz e, novamente, a Força. Além de uma boa variação de golpes, a espada consegue refletir os tiros dos oponentes. Apenas o controle não é muito preciso, além de a resposta não ser tão rápida quanto desejável. Às vezes é difícil mirar um inimigo e o jogador acaba recorrendo ao pulo seguido de espadada. Melhor se sai a turma que combate com pistolas, que ataca oponentes que estão longe e basta ficar apertando o botão de tiro para que acerte os adversários e desvie dos ataques do outro lado.

Mestre e aprendiz padawan

A dificuldade do game é moderada, tendo em vista que o público alvo se estende para as crianças. Terminar as fases é bastante simples, mas o mesmo não se pode dizer quando quiser completá-la com todos os itens escondidos possíveis. Há bônus "Jedi Master" se conseguir pegar uma determinada quantidade de moedas e há vários objetos em locais secretos. Muitos deles só podem ser coletados no modo Free Play, em que o jogador se transforma em vários personagens. Agora, há muitas portas que só podem ser abertas por Stormtroopers ou caçadores de recompensa, e eles não participam de seu grupo no modo de história. No máximo, há máquinas de fazer capacetes para enganar câmeras de vigilância.

Agora, qualquer personagem pode montar um objeto ao ver uma pilha de LEGO desmontados - antes, esse privilégio era só dos jedis - e isso dá mais utilidade mesmo para os droids, que têm uma função mais restrita que as outras "classes" de personagem. Os veículos podem ser conduzidos pelo próprio jogador, em vez de ser carona numa seqüência de trajeto pré-programado como no antecessor. A gama de meios de transportes inclui os animais estranhos do mundo de "Star Wars" até os robôs AT-AT, passando por Speeders, aquelas motos voadoras que ficaram famosas na clássica cena da perseguição numa floresta.

O grande segredo de "Lego Star Wars" é, como dito, fazer com que todos os perfis de usuários consigam se divertir, intercalando batalhas, exploração e quebra-cabeças de forma harmônica, com bom ritmo, variedade e dificuldade maleável. Há vários tipos de minigames também, todos eles integrados à aventura, como um que o grupo enfrenta naves TIE Fighters usando uma artilharia, outra recriação de uma clássica cena.

Como se não bastasse, há muitos extras e blocos extras para pegar, permitindo montar uma série de naves e criar personagens. É como uma brincadeira de LEGO, mas virtual: você escolhe as partes do corpo - cabeça, corpo, membros etc. - e vai criando as combinações mais malucas, como a princesa Leia com cabeça de Darth Vader.

O game aceita dois jogadores a qualquer instante, como no antecessor. Não é que ele tenha uma modalidade específica para isso; você simplesmente "entra" no jogo de seu amigo ao apertar o botão do segundo controle, e abandona a hora que quiser também. Assim, a cooperação necessária dentro do game ganha mais vida, mas como os dois jogadores ficam na mesma tela, às vezes não consegue um bom ângulo para ambos. Além disso, se um dos jogadores entrar numa porta, por exemplo, o outro também é automaticamente transportado de tela. Mas isso são apenas pormenores.

Gráficos de brinquedo

O visual não mudou muito em relação ao antecessor. Pode ser simples, sem muitas texturas, mas capta bem a atmosfera tanto de "Star Wars" como a do brinquedo. O que importa é esse clima lúdico, que agrada as crianças e soa interessante aos mais velhos. Ou seja, também é ótimo para que pais e filhos possam jogar juntos. As animações são excelentes, principalmente nas cenas não-interativas, com humor universal, para todas as idades e culturas.

"LEGO Star Wars II" se projeta virtualmente idêntico nas edições para PC, Xbox 360, Xbox, PlayStation 2, GameCube e PSP. É claro que para o computador e o console de nova geração da Microsoft a resolução é maior, e isso dá mais definição às imagens, mas as diferenças param por aí. Em todas as edições, os movimentos são fluidos, apesar de acontecer uma travadinha aqui e acolá eventualmente. E o mal que aflige os games de Xbox 360, o de sincronia vertical, que faz criar "desníveis" na animação, está presente nos outros consoles também. Mas nada disso estraga de maneira irremediável o game.

A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é a mesma do filme, composto pelo célebre John Williams. Difícil imaginar em composições tão marcantes e conhecidas como essas de "Star Wars". E toda trilha sonora também remete à clássica saga dos jedis: espere aqueles zunidos do sabre e luz, o barulho das pistolas de lasers e das naves espaciais.

"Star Wars" para todos

"LEGO Star Wars II: The Original Trilogy" mantém as boas qualidades da edição anterior e ainda acrescenta mais agilidade, dinamismo e inspiração no projeto das fases, e a resultado disso tudo é pura diversão. As atividades ficaram mais amplas devido ao fato do jogador agora poder controlar os veículos - além de uma série de minigames - e há uma tonelada de extras para liberar. Nesse game, todos os jogadores se sentirão um verdadeiro jedi, já que acolhe uma ampla gama de público. Definitivamente, a Força está com "LEGO Star Wars II".