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PlayStation 2

Manhunt 2

08/11/2007

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
A produtora Rockstar tem gosto pela polêmica. Não bastasse ter colocado no mundo a série "Grand Theft Auto", em que lhe pesam acusações de apologia à bandidagem e de racismo, desafiou mais uma vez os conservadores com um game de fazer horrorizar qualquer militante que defenda o fim dos games violentos. O primeiro "Manhunt" entrou para a história como um dos jogos mais brutais de todos os tempos.

Por isso, quando a produtora anunciou o segundo episódio, a patrulha que defende a moral e os bons costumes ficou em polvorosa. Talvez tenha sido pressão da ala conservadora, ou, de fato, a produtora tenha exagerado na dose, mas a ESRB, órgão dos Estados Unidos que classifica os games por faixa etária, tascou o temido selo "AO" (somente para adultos) para "Manhunt 2", impedindo que o título fosse lançado (Nintendo, Sony e Microsoft disseram que faz parte de sua política não publicar jogos com essa classificação).

A versão que chega às lojas teve a representação de violência atenuada, e, assim, o game conseguiu o selo "M", indicado para maiores de 17 anos. Mesmo mais "leve", o título foi banido na Inglaterra e na Alemanha. Por tudo isso, "Manhunt 2" é definitivamente o game mais polêmico desde "Bully" (nesse caso, as críticas mostraram ser descabidas mais tarde), da mesma Rockstar. Alguns dizem que é de propósito, mas o fato é que toda essa repercussão gerou uma imensa publicidade.

Mas a experiência diante do game revela que ele não está à altura do "hype". A continuação é conservadora, no sentido de que segue exatamente os preceitos do título original. E ainda tem uma desvantagem: não conta com o efeito surpresa do primeiro "Manhunt". Por outro lado, o brilhante design de jogo do antecessor, que pode ser definida como uma versão macabra de "Splinter Cell", está de volta.

Matando no escuro

"Manhunt 2" é um jogo de ação e aventura. O diferencial, claro, está na violência, trazendo as cenas de morte mais perturbadoras entre os games para consoles (definitivamente, no Wii, não há nada similar), nada recomendável para crianças e quem tem estômago fraco. Por outro lado, quem delira ao assistir filmes como "O Albergue" - que parece ser uma das influências do game -, vai se sentir confortável.

No primeiro game, a barra pesa já no enredo, no qual um sádico diretor filma o desespero de alguém que luta por sua vida - e as horríveis mortes que ele provoca. Essa história de horror dá lugar a uma trama de paranóia, no qual dois protagonistas, Daniel Lamb e Leo Kasper, dois internos de um hospício, tentam descobrir a verdade sobre "O Projeto", que faz sugerir experimentos secretos e macabros.

É exatamente na instituição para doentes mentais onde tem início o game. Como de praxe, trata-se de uma fase introdutória, que tem a função de colocar o jogador "no clima" do enredo e fazê-lo se acostumar com os controles, que não diferem muito dos outros títulos de ação em terceira pessoa. Na verdade, a referência mais próxima é "Resident Evil 4", mas um pouco menos fluido. E também incorpora elementos de furtividade de um "Splinter Cell", por exemplo.

Os protagonistas são pessoas "comuns", ou seja, não tem exatamente a capacidade de luta de super-heróis e agentes especiais. Por isso, o elemento surpresa é sua principal arma contra seus inimigos. A regra básica é andar sem fazer barulho e pelas sombras. Nesses locais sem luz - você também pode quebrar lâmpadas para criar escuridão -, seu personagem passa despercebido.

Espreitando-se pelas sombras e usando obstáculos, o objetivo é chegar perto dos oponentes sem ser percebido. Nessa situação, você está pronto para ativar as execuções, desde que possua uma arma. Como no game anterior, quando mais tempo deixar pressionado o botão de ataque, mais brutal é a morte. As execuções têm três níveis de violência, algumas bastante perturbadoras.

Essas são as cenas que foram atenuadas. Na verdade, a animação original continua lá, mas um efeito que simula uma confusão mental se sobrepõe á imagem. Então, com a tela quase opaca, trata-se de uma violência sugerida, que, dependendo do caso, pode ter um efeito ainda mais perturbador. É difícil saber se a violência original traria ganhos em termos de diversão (a versão integral foi autorizada em poucos lugares, como na Holanda), pois a brutalidade já é grande.

'Me traz a 12!'

As execuções variam conforme a arma, e o arsenal é farto: vai desde o famigerado saco plástico a serras elétricas. Além disso, os ambientes podem atuar para ceifar a vida dos oponentes. Esses lugares são marcados com uma caveira no mapa, e basta fazer o comando de execução nesses pontos. Essas "enviroment kills" não possuem três níveis de brutalidade, apenas um, já bastante violento. Você vai jogar inimigos em bueiros e privadas (não sem antes afundar seus crânios), eletrocutá-los e até mesmo colocá-los dentro um instrumento de tortura chamado iron maiden, que consistem num sarcófago cheio de espinhos.

É quase imperativo usar as execuções, pois as lutas francas são muito duras. Se contra um já é difícil sobreviver, fica quase impossível quando aparecem em grupo. No entanto, se eles têm músculos avantajados, o mesmo não se pode dizer de sua inteligência, um dos pontos fracos do game. Mesmo se você for encontrado, pode-se correr e despistar o inimigo, escondendo-se na escuridão. Muitas vezes, eles têm reações inexplicáveis: vêem um companheiro morto, ficam apreensivos por um tempo, mas depois agem como se nada tivesse acontecido. A situação começa a complicar quando aparecem adversários munidos de lanterna.

No entanto, a dificuldade diminui consideravelmente quando surgem as primeiras armas de fogo, que parecem poderosas demais. Por isso, não existe mais a tensão e o medo em relação aos oponentes, ao menos na maioria das situações. Nesse ponto, também ficou devendo ao primeiro "Manhunt".

Sexo, sangue e silêncio

Os controles são similares nas três edições: Wii, PlayStation 2 e PSP. Naturalmente, existem algumas diferenças, principalmente no console da Nintendo: os recursos de apontador e sensor de inclinação são usados em certas situações. Por exemplo, de vez em quando, um oponente resolve verificar mais minuciosamente um local suspeito, e para o jogador se safar, é preciso apontar o Wii Remote para uma parte demarcada da tela, ao passo que, nos consoles da Sony, aperta-se um botão. O PSP costuma ter problemas com os controles, mas "Manhunt 2" tira isso de letra.

O game tem ótima direção de arte, principalmente nos cenários mais caóticos, como o hospício e as casas abandonadas. Mas, tecnicamente, as versões para Wii e PlayStation 2 não impressionam. No entanto, a edição para PSP é bastante parecida com as contrapartes para consoles, o que pode ser considerado uma proeza, diante de algumas limitações do portátil. E os filtros que adicionam ruídos à tela ajudam a esconder as texturas em baixa definição. Uma das poucas coisas que irritam no PSP é o longo tempo de carregamento, e as pequenas pausas para registrar os "checkpoints".

A história não é tão insana quanto a da primeira aventura, mas a Rockstar mostra o talento habitual para diálogos e conduz bem o enredo. O selo "M" não é apenas pela violência, pois "Manhunt 2" abusa também do sexo e do linguajar sujo. É difícil repetir um personagem tão marcante como Pigsy, mas o "elenco" do game traz figuras, ao menos, autênticas, como se pode notar pelas diversas gangues.

O som também é bem aproveitado. A trilha sonora é incidental; o silêncio predomina em boa parte do jogo. Perfeito para criar um clima de tensão. A quietude permite ouvir os diálogos dos inimigos, algumas bem engraçadas. Em outras situações, eles ameaçam o protagonista. De todo jeito, as falas parecem naturais, sem repetir frases. E as interpretações nas cenas não-interativas são excelentes, como sempre.

CONSIDERAÇÕES

Apesar de toda a controvérsia, "Manhunt 2" nada mais é que uma extensão do primeiro jogo, e o mesmo truque não funciona com tanta intensidade agora. A patrulha conservadora teve sua pequena vitória, fazendo com que a violência ficasse mais sugerida. O enredo e o desafio ficaram menos radicais, e isso também pesa contra os fãs desse tipo de jogo. É menos cru que o antecessor, mas mantém muitas das qualidades do primeiro game, principalmente no que diz respeito à mecânica de jogo, ou seja, o título não se resume apenas à violência. Quem gostou do primeiro título, pode ficar um pouco decepcionado com essa edição "desnatada", mas deve continuar do lado da série. Já quem quer pôr os pés pela primeira vez nesse mundo sombrio, o "Manhunt" original é uma experiência mais integral.

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    GALERIA

    Manhunt 2 (Playstation 2)

    55 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Rockstar Games
    Lançamento: 31/10/2007
    Distribuidora: Rockstar Games
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: PC PSP WII
    RegularAvaliação:
    Regular

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