Medal of Honor: Frontline

da Redação

Guerras não são um assunto incomum nos videogames. Mas na maioria das vezes o produto final é algo exagerado, estilizado e, o que é mais comum, abordado sem muita preocupação. Quando a série Medal of Honor estreou no PlayStation, a revisão da guerra feita por O Resgate do Soldado Ryan chegou aos videogames, mostrando que os lados mais sombrios e uma narrativa poderiam deixar a experiência ainda mais interessante.

E finalmente realizando o salto para o PlayStation 2, Medal of Honor mostra que isso continua valendo. O game explora o impacto da guerra nos jogadores, fazendo uso de uma trilha sonora emocionante e missões que dão uma nova consciência sobre o que é participar de uma guerra.

Do ponto de vista técnico, Frontline seria um jogo de tiro medíocre, com controles medianos e fases relativamente simples e sem grandes inovações. Mas não é o conteúdo que impressiona aqui, e sim a forma: cada elemento do jogo sutilmente recria em detalhes que ajudam você a entrar nesse terrível mundo da Segunda Guerra Mundial - seja nas fases ambientadas em pequenas vilas destruídas, nas comoventes músicas orquestradas ou com a sensação de estar perdido no meio de um campo de batalha.

Infelizmente, o jogo tem alguns problemas sérios, que acabam ficando ainda mais óbvios por acabar com a ilusão que o resto constrói tão bem. O controle não é um dos mais elegantes em um jogo de tiro para PlayStation 2, e a necessidade de usar o botão de mira (mesmo que você aponte a arma, sem a mira, seus tiros raramente acertam - mesmo a queima-roupa), a Burrice Artificial dos inimigos, que ficam presos em paredes com extrema facilidade, assim como alguns que insistem em usar coronhadas ao invés de tiros (que, ironicamente, matam seu personagem muito mais rápido), a impossibilidade de salvar jogos durante uma missão (algo facilitado em parte pelo exagerado número de cantis com uma milagrosa água curativa) e a relativamente curta duração do game - que nem sequer tem um modo multiplayer - provam que Frontline não é um dos mais caprichados jogos do gênero.

Em um comentário interessante, assim como foi reclamado em Allied Assault, os jogadores ficaram revoltados com a ausência de sangue nos jogos da série. Mas ao contrário do que muitos pensam, ela não foi feita para deixar o game 'mais infantil', e sim mais realista. Os jorros de sangue foram removidos depois de um pedido do consultor militar do projeto, que afirma que uma pessoa baleada não espirra sangue... quem diria: os exagerados efeitos especiais de Hollywood nos fazem acreditar que algo falso é realista e vice-versa!

Mas não pense que a EALA só se preocupa em simular tudo perfeitamente e esquece a jogabilidade. Um excelente exemplo de como conhecimento técnico pode oferecer uma experiência melhor está nas armas do jogo. Com um arsenal repleto de armamento realista, a empresa conseguiu balancear cada um deles e ainda manter uma sensação de simulação impressionante que dá uma nova dimensão ao título. Enquanto uma metralhadora alemã tem um coice que dificulta sua mira, o rifle inicial tem problemas de recarga e assim por diante... saber escolher a arma certa para a situação certa é vital. Outra bola dentro é a inclusão de mais variedade, colocando missões onde você precisa se disfarçar, dar uma de atirador de elite, sabotador... e até andar em um carrinho de mina!