Lançado para PSOne e inspirado no samurai Miyamoto Musashi, "Brave Fencer Musashi" foi uma tentativa da Squaresoft de copiar a fórmula de ação-RPG de "Zelda". Quase sete anos depois a empresa decide reciclar o conceito, modernizando o visual em uma nova aventura com o personagem histórico. Mas se a capa reluzente e a apresentação em estilo anime empolgam, "Musashi: Samurai Legend" rapidamente destrói qualquer esperança de um game digno da geração atual.
Como no jogo anterior, a aventura começa com uma princesa invocando um herói de outra dimensão - "Samurai Legend" não é uma continuação direta de "Brave Fencer", trazendo ambiente e protagonista diferente. A referência ao espadachim japonês também parece mais diluída. Para quem conhece a história do maior samurai do Japão, há apenas o nome e o remo como arma. As roupas do herói abandonam o tema medieval em favor de algo bem mais moderno. Mas se muita coisa mudou, o verdadeiro problema é o que ficou igual.
Novo jogo, velho sistema"Samurai Legend" é praticamente um jogo para PSOne disfarçado, com valores de produção inaceitáveis para uma empresa do porte da Square Enix. O jogador logo percebe sua restrição em usar apenas alguns golpes simples e lentos - para acessar novas possibilidades de ataque, é preciso "roubar" golpes de inimigos. O processo é simples, mas bastante repetitivo. O pior é perceber, no final das contas, que é mais fácil simplesmente repetir os ataques mais básicos. Mostrada no vídeo de abertura, o título traz também uma manobra especial: Musashi é capaz de carregar pessoas indefesas, arremessando-as no ar enquanto mata inimigos. Mas como tudo na apresentação, a execução no game é muito pior e menos divertida.
Produção medíocreSe a experiência já não fosse maçante por todos os problemas citados, a câmera consegue soma nova dose de frustração - especialmente em combates contra chefes, que tentam copiar a originalidade de "Zelda", mas falham miseravelmente. Se ao menos a produção fosse digna de um "Final Fantasy", seria mais fácil perdoar alguns desses problemas. Os gráficos são pouco mais que medianos e ainda geram quedas na taxa de quadros com certa freqüência. A música licenciada tenta adicionar um ar de modernidade surfista ao herói que é interessante, mas a maioria das canções é bem ruim, assim como a dublagem inconsistente.
A situação só piora quando você leva em conta o design de fases medíocre que, somado a pouca variedade dos inimigos, não oferecem um bom desafio. Em uma era em que virtualmente todos os jogos trazem grandes mundos contínuos sem telas de espera é uma decepção ver mundos fechados divididos em pequenos mapas com constantes telas de carga de dados. A estrutura do game segue o clichê de derrotar uma série de chefes para conseguir novas armas e abrir a próxima fase até chegar ao final.
CONSIDERAÇÕES
"Musashi Samurai Legend" teria sido um produto aceitável na geração passada, mas como um jogo de PlayStation 2 de uma das mais importantes empresas japonesas é motivo para reclamações justificadas de consumidores. Nem mesmo fãs do original são encorajados a gastar seu dinheiro nessa continuação.