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PlayStation 2

Shin Megami Tensei: Persona 3

29/08/2007

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
Persona é uma palavra de origem latina que designa a imagem com que uma pessoa se apresenta em público. O nome nunca foi tão apropriado para quarto episódio de uma subdivisão da série "Shin Megami Tensei", já que os elementos sociais nunca foram tão fortes como agora.

"Shin Megami Tensei", uma das franquias de RPG mais famosas do Japão, sempre se destacou pelos temas sinistros, que misturavam ocultismo, interdimensionalidade, insanidade mental e o sobrenatural. A linha principal nasceu de uma novela de 1986 da escritora japonesa Aya Nishitani, que depois virou desenho a gerou dois jogos: um para computadores e outro para o NES, do qual descendem as edições atuais.

A subdivisão "Persona" começou em 1996, no PSOne, e tem como característica trazer personagens retratados como simples estudantes japoneses na era moderna. Quer dizer, nem tão simples assim. Eles diferem da maioria por conseguirem "materializar" seu alter-ego, e usá-los para enfrentar todo tipo de monstro. "Persona 3" mantém essas características, mas todo o restante, da história à mecânica de jogo, foi reformulado.

A hora que o demônio sorri

Não dá para negar que "Shin Megami Tensei: Persona 3" tenha o DNA de um RPG japonês, com as qualidades e defeitos desse subgênero. No entanto, também é verdade que não existe nada muito parecido nessa seara. Na verdade, em sua base de RPG, o game também mistura elementos de interação social (com direito até a namoros), como uma espécie de versão mais simplificada de "The Sims".

O protagonista é um jovem que se transfere para o colégio Gekkoukan. Isso não seria nada demais, se ele não presenciasse um fato bizarro: no meio da noite, o céu e a lua ficaram verdes, e as pessoas se transformaram em caixões. Mais tarde, lhe é dito que o fenômeno, chamado de hora sombria, acontece todo dia à meia-noite, e nesse período em que o mundo fica preso numa outra dimensão, criaturas das sombras atacam.

O herói do game, por possuir o Persona, ou seja, a habilidade de materializar seu alter-ego (através de uma pistola especial disparada contra a própria cabeça), é capaz de se mover livremente durante a hora sombria, ao contrário dos seres humanos comuns, que sequer imaginam o que está acontecendo. Assim, o protagonista passa a integrar o SEES, um grupo especial que visa combater as criaturas das sombras e eventualmente salvar o mundo.

Salvar o mundo, só depois da aula

Apesar de ter uma missão de tamanha magnitude nas costas, isso não exime os jovens guerreiros, que afinal são adolescentes, de terem de freqüentar a escola a participar de todas as atividades acadêmicas. Na verdade, a vida na escola e os passeios pela cidade - afinal, ninguém é de ferro - não é obrigatório, mas como a experiência adquirida nessas atividades acaba influenciando os combates, na prática, o jogador precisa dar atenção ao cotidiano.

O começo é bastante lento, pois a intervenção do usuário é mínima. O que você precisa fazer são algumas ações que tem o propósito de tutorial. No mais, só resta acompanhar as conversas e assistir às animações que contam momentos importantes da história.

A rotina consiste em freqüentar a escola de manhã e à tarde, para depois fazer atividades livres. Quase todos os dias têm um evento novo e, com o decorrer do tempo, haverá mais e mais coisas a fazer. No entanto, seu tempo é limitado, e, portanto, você não pode realizar todas as tarefas.

Laços de amizade

O aspecto mais importante da vida civil são as conexões sociais (no game, se chama social links). Ao conversar com diversas pessoas você pode estabelecer relações de amizade ou até de namoro. Cada pessoa que você inclui em seu círculo social tem relação direta com uma das cartas do arcano maior do tarô, e quanto mais forte o vínculo com a pessoa (indicado por níveis numéricos), mais forte também fica a carta. Na prática, isso significa maior poder e vantagens para os Personas que pertencem a esse símbolo do tarô.

Para cultivar amizades, é preciso basicamente ter contato com a pessoa, seja fazendo coisas juntos, trazendo presentes ou até mesmo jogando online. Mas, como muitas vezes várias pessoas requerem sua atenção ao mesmo tempo, você precisa escolher a quem vai atender. Se você por pragmático, provavelmente fará a escolha baseada carta que se quer desenvolver.

As interações sociais também dependem de atributos como conhecimento, coragem e charme, que podem ser desenvolvidos com atividades específicas: estudar a noite e ficar acordado durante as aulas aumentam o primeiro quesito, enquanto cantar num karaokê diminui a timidez. Mas, é preciso observar que muitos desses eventos também gastam tempo.

Vida noturna

Se o dia representa a normalidade, a hora sombria concentra todo o lado negro de "Persona 3". O enfrentamento contra as criaturas do mal acontece na Tartarus, uma torre com aspecto tortuoso que aparece no lugar da escola. Aqui, levando um grupo com até quatro integrantes, o jogador explora pequenos labirintos simples gerados aleatoriamente. Os mapas podem ser pequenos, mas o local possui muitos andares, que trazem inimigos mais difíceis à medida que se consegue alcançar degraus mais altos. A Tartarus é virtualmente a única "caverna" do game.

Os oponentes estão visíveis na tela. A melhor maneira de começar um combate é cutucando os monstros antes que eles percebam. Isso garante um turno livre (sim, as batalhas são por turnos). Por outro lado, se o oponente conseguir golpear o jogador, na tela de mapa, é provável que apanhe gratuitamente uma rodada. E isso pode ser muito perigoso, devido às características das lutas em "Persona 3".

Trata-se de uma faca de dois gumes. Cada inimigo possui pontos fracos. Alguns, por exemplo, não suportam uma magia de gelo ou golpes do tipo penetração (uma flechada, por exemplo). Quando você ataca com golpes que são eficientes, os inimigos são derrubados (eles não podem mais atacar nesse turno) e você continua sua vez. Isso se repete até que todos estejam no estatelados no chão ou até o momento em que você não tenha mais meios para usar um golpe eficaz. Quando todos estão caídos, é possível ativar um movimento chamado all-attack, que simplesmente lembra uma briga de desenho animado cômico, no qual todos os oponentes são atacados de uma vez.

Usando com sabedoria, o sistema permite grande vantagem, mas é extremamente perigoso quando os oponentes fazem o mesmo. Assim, a não ser que seu grupo seja muito mais forte que eles, as batalhas sempre causam tensão. Um golpe errado pode ser fatal. Por isso, é sempre bom possuir ampla gama de Personas (ou ter companheiros com esses poderes), para que tenha uma coleção de magias que consiga cobrir uma grande variedade de inimigos.

A mente é sua aliada

Desta vez, o protagonista é o único capaz de possuir vários Personas ao mesmo tempo. Há várias maneiras de adquirir mais desses demônios internos. A mais comum é tirar essa carta no final de um combate em que o jogador levou ampla vantagem (os outros prêmios incluem dinheiro, novos itens e experiência extra, representados por cartas dos arcanos menores).

Outro método é combinar dois ou mais Personas num só, na sala do veludo (velvet room). Assim, é possível dar origem a criaturas mais poderosas, seja de outras espécies ou com habilidades que as raças "puras" não possuem. Mais uma vez, as relações pessoais ajudam e melhorar o resultado da mistura de criaturas.

Conteúdo é o que não falta. O desenvolvimento acontece em várias frentes, seja no plano civil (as habilidades e links sociais) ou como um guerreiro, através das lutas na Tartarus, além de haver missões paralelas passadas por Elizabeth, que mora na velvet room. E como não é possível aumentar todas as habilidades ao máximo numa jogada (lembre-se que muitas pessoas pedem sua atenção ao mesmo tempo), o replay "new game +", em que você herda todo seu desenvolvimento do final do game, ganha importância. Também, cada Persona traz sua própria evolução.

Se há um defeito no game é seu ritmo, que fica prejudicado pelos constantes acessos ao disco. Cada sessão do dia, cada troca de mapa demanda um tempo de "loading", o que, nos dias de hoje, parecia ser algo superado.

Ao mestre com carinho

No plano visual, é inegável que o desenhista Kazuma Kaneko fez falta. Ele é a peça-chave para o grafismo tão característico da série "Shin Megami Tensei", moderno e sombrio. O seu assistente Shigenori Soejima, que assina a direção de arte de "Persona 3", reinterpreta, à sua maneira e de forma convincente, o universo desse RPG tão particular. Ainda assim, é difícil apagar da memória uma impressão tão forte dos antecessores.

Mas as belas ilustrações das partes de fala e os clipes de animações, que apesar de simples e muito estiloso, não tem correspondência nos gráficos do game em si. Os "bonecos" parecem um tanto simplórios, e com animações desajeitadas, e os cenários também não estão muito trabalhados.

Um alerta que fica para quem pretende jogar é a representação perturbadora de algumas cenas, principalmente a animação de materialização dos Personas. Nessa hora, os personagens usam uma pistola chamada evoker, cuja intenção é expulsar o alter-ego através do medo que o ato de atirar sobre própria cabeça provoca. A produtora Atlus tomou cuidado para que as cenas não ficassem pesadas demais, mas mesmo assim, podem chocar algumas mentes sensíveis.

A trilha sonora também é pouco comum, com ampla variedade de estilos, indo do hip hop ao pop japonês (com algumas músicas vocalizadas) sem cerimônia. RPGs de origem japonesa costumam incluir as falas originais, mas não é caso de "Persona 3", mas a dublagem em inglês é competente.

CONSIDERAÇÕES

A série "Shin Megami Tensei" é daquelas franquias meio bizarras que, como tal, não agradam a todos, mas tem potencial para fazer fãs ardorosos. "Persona 3" não foge à regra. Tem um estilo que mistura simulador de vida social e RPG, uma combinação inusitada que, mais uma vez, não é para qualquer gosto. Mas aqueles que forem tocados por esse estranho universo, encontrarão uma das experiências mais singulares entre os RPGs japoneses. Por certo, há problemas de ritmo, mas o que não falta é coisa para fazer: a história é longa e o personagem (e seus Personas) tem muito que desenvolver.

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    Shin Megami Tensei: Persona 3 (Playstation 2)

    65 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Atlus
    Lançamento: 18/07/2007
    Distribuidora: Atlus
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    RecomendadoAvaliação:
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