Mercenaries

da Redação

Apesar do sucesso inegável de "Grand Theft Auto", poucas empresas conseguiram reproduzir com sucesso o conceito de um jogo aberto com um enorme ambiente servindo de playground para a ação. "Mercenaries" não apenas faz excelente uso dessa fórmula, mas adiciona um elemento de guerra civil que faz ele ainda mais destrutivo que o clássico da Rockstar.

Ficção quase real

O game traz uma guerra fictícia no futuro próximo da Coréia do Norte. Um golpe militar coloca Song, um general sem piedade no controle (ele matou seu pai para dominar o país), levando o território ao caos total. China, Coréia do Sul, a máfia russa e forças militares organizadas pelos EUA decidem intervir - e como funcionário de uma agência de terroristas, você tem motivos de sobra(ganhar milhões de dólares) para procurar missões lá.

O objetivo principal do jogo é matar ou capturar cada uma das 52 cartas de um baralho - cada uma representando membros de quatro facções (naipes) do governo, sendo o alvo final o Às de Espadas: Song, que vale nada menos que 100 milhões de dólares se capturado vivo. Jogadores devem escolher um de três personagens para a missão, cada um com uma pequena especialidade: um soldado americano com maior resistência, um guerreiro suéco especialista em explosivos e uma furtiva espiã britânica.

Quem paga mais?

Uma vez no campo de batalha, jogadores devem buscar missões com as quatro facções principais para não só ganhar dinheiro, mas conseguir detalhes sobre o paradeiro de cada uma das principais cartas. O dinheiro pode então ser usado para comprar novos equipamentos e serviços (como bombardeios aéreos) durante qualquer momento das missões. Além da recompensa, o personagem também ganha o respeito da facção - e muitas vezes perde o de outra, visto que a maioria das missões exige que você ataque outras delas, e não necessariamente só a Coréia do Norte. Fora das missões, jogadores podem buscar missões alternativas como destruir estátuas do general, caçar tesouros nacionais, procurar plantas escondidas e desafios gerais, entre outros.

O game oferece um enorme mapa do país, que apesar de não ser da mesma proporção que uma San Andreas, captura extremamente bem a atmosfera de uma terra assolada pela guerra civil. Além de ver forças das cinco facções se locomovendo nos mais diferentes tipos de veículos, é possível encontrar civis e até repórteres espalhados em meio a pequenos confrontos. Os gráficos competentes do game incluem muita fumaça e explosões, mas sem deixar o game com um visual repetitivo ou sem graça. Não seria justo deixar de comentar também que "Mercenaries" conta com uma excelente trilha sonora orquestrada, seguindo a linha que a LucasArts utilizaria em um jogo da marca "Star Wars".

Empréstimo à la Rockstar

Como é possível capturar virtualmente qualquer jipe, caminhão, tanque, helicóptero (entre tantos outros veículos), é natural comparar o título a "Grand Theft Auto". Mas existem muitas diferenças fundamentais em "Mercenaries", e algumas delas são dignas de nota. A possibilidade de comprar armas, veículos e ataques externos aumenta ainda mais a personalização e variedade do game. E enquanto a capacidade de usar o disfarce de um veículo roubado de uma facção adiciona outras possibilidades interessantes, a mecânica um tanto aleatória de detecção pelos inimigos acaba comprometendo um pouco esse caminho. Vale notar que você ganha dinheiro destruindo bens da Coréia do Norte, mas destruir bens e matar civis ou jornalistas não apenas resulta em multas, mas irrita todas as facções.

Enquanto o game explora o mesmo tipo de liberdade de "Grand Theft Auto", o game é bastante linear nas missões oferecidas pelas quatro facções, mesmo levando em conta a possibilidade de seguir apenas realizando missões de uma delas. Se você se arrepender, é sempre possível recuperar a confiança de outro grupo com um suborno. Nesse sentido, o game consegue manter uma fluidez mais ágil que no título da Rockstar.

Mas apesar de acertar em muitos aspectos, o game traz algumas falhas que prometem frustrar muita gente. O sistema de save é dividido em múltiplos arquivos e não permite que você salva seu progresso durante uma missão. Mas se você encontrar alguns objetivos secretos e prender cartas durante um desses trabalhos, e depois falhar na missão, terá de refazer tudo - e não só os objetivos do contrato. Além disso, enquanto a inteligência artificial dos inimigos faz um ótimo trabalho em ser agressiva, missões que dependem de terceiros podem ser algumas das mais irritantes e frustrantes: por exemplo, é triste ver a pessoa que você tenta salvar se arremessar na frente de um carro ou no meio dos inimigos.