Suikoden IV

da Redação

A série de RPGs "Suikoden" se separou de seus grandes concorrentes do gênero por sua coragem em explorar elementos inéditos ou pouco usados, aliados a uma enorme variedade de extras opcionais. O quarto episódio não necessariamente quebra essa tradição, mas o nível de qualidade geral do game é surpreendentemente abaixo do esperado, podendo dividir opiniões mesmo entre os fãs.

Molhado mundo novo

Com o roteiro da veterana Junko Kawano, "Suikoden IV" deixa o tradicional continente da série e se foca em um conjunto de ilhas no mar do planeta, muitos anos antes dos eventos do primeiro game para PSOne. Mais uma vez, jogadores encarnam um protagonista "mudo" (suas falas nunca são ouvidas no game) que pode reunir 108 personagens para completar uma tarefa imposta pelo destino. Nesse caso, ele herda uma perigosa forma de magia extremamente destrutiva, que consome a vida do usuário e então busca um novo hospedeiro.

Devido ao novo ambiente marinho, o jogo agora traz como base de operações um enorme navio, e será preciso explorar o mar para viajar entre as diferentes ilhas-cidades desse mundo. Apesar dessa prerrogativa ser bem aproveitada no enredo, que explora temas de pirataria e sereias (entre tantos outros) enquanto conta uma jornada envolvente de amadurecimento do melhor amigo do protagonista, diversos outros aspectos conspiram para deixar o resto da experiência maçante.

Mordaça problemática

Enquanto "Suikoden III" resolveu a questão criando três protagonistas capazes de falar, o herói mudo aqui acaba gerando situações bastante estranhas com seu silêncio - especialmente em um game com tantas cenas faladas. Para piorar a situação, o melhor amigo dele e personagem mais interessante da trama, sofre de uma dublagem irritante durante seus momentos de maior insegurança.

Essas falhas poderiam ser ignoradas se os valores de produção gerais do game não fossem tão claramente baixos. Cidades parecem simples demais, personagens 3D são pouco detalhados - e a pobre animação de andar e correr do protagonista não ajuda. Tudo parece tão desolado quanto o oceano, que domina boa parte da aventura. A ansiedade é agravada pelas longas viagens marítimas, que parecem excessivamente longas... e são constantemente interrompidas com freqüentes cenas de batalha. Some isso aos controles terríveis do barco e você logo percebe que o game frustra rapidamente.

É uma pena o game ter tantas falhas irritantes, pois os pontos altos do game não decepcionam. Os 108 personagens continuam extremamente variáveis e destravam uma grande gama de mini-games, galerias e outras surpresas. Enquanto o sistema de combate foi simplificado com menos personagens, a volta do controle direto de cada lutador é muito bem-vinda; e a adição de combates navais devolvem o elemento estratégico clássico da série com força total.