UOL Jogos - Tudo sobre games e Jogos onlineUOL Jogos - Tudo sobre games e Jogos online
UOL BUSCA

PlayStation 2

Tales of Legendia

11/04/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
"Tales" é uma das principais séries de RPG da Namco, mas todas as versões lançadas para o PS2 foram exclusividade dos japoneses. No ocidente, a série apareceu apenas no GameCube - com "Tales of Symphonia", que, no Japão, ganhou uma edição para PS2 - e no Game Boy Advance, que comemorou os dez anos da franquia com um remake do primeiro episódio, "Tales of Phantasia".

"Tales of Legendia" vem com a responsabilidade de suprir a falta de "Tales of Rebirth". Para quem conhece a série, ficará feliz em saber que grande parte de suas qualidades foram mantidas, mas o jogo também herda algumas das características típicas de RPGs japoneses, que não são vistas com bom olhos por todos.

O jeito "Tales" de fazer RPG

"Tales of Legendia" é um RPG de estilo tradicional no Japão, orientado pelo enredo, com muita exploração de cavernas, conversas e batalhas de encontro aleatório, mas tudo isso temperado de um jeito típico, que traz personagens bem-delineados e desenvolvidos, uma produção caprichada e combates em tempo real. Na verdade, o jogo tem o mesmo "jeitão" do originou que deu origem à série.

A produção rica começa na apresentação em desenho animado. É uma tática que muitas desenvolvedoras costumam lançar mão, talvez pelo fato de ser difícil competir com títulos da Square Enix, por exemplo, no quesito computação gráfica, mas o estilo "anime" tem suas qualidades e muitos fãs fiéis. O traço de Kazuto Nakazawa caiu muito bem, apesar de ser bem diferente em relação aos outros "Tales".

O enredo começa promissor, mas cai um pouco até a metade do jogo, só ficando mais interessante nas partes finais. O personagem principal é Senel Coolidge, que está viajando pelo mar com sua irmã Shirley, quando á atacado por um monstro e acaba numa ilha misteriosa.

Lá a história começa a ficar vertiginosa. Você logo descobre através de Will, xerife de uma cidade local, que a ilha, na verdade, é um grande navio, conhecido como Legacy. O jogador também perceberá logo que Shirley esconde muitos mistérios, pois ela é capaz de respirar na água e o povo suspeita que ela pertença a uma raça lendária, capaz de pilotar a embarcação. E não demora muito tempo para que ela seja raptada, dando início à aventura de Senel.

Os primeiros minutos de "Tales of Legendia" já dão uma mostra que os diálogos serão a tônica durante toda aventura. Quase tudo é dublado. Em pouco tempo, os quatro primeiros guerreiros estarão juntos, dando início a uma das partes mais deliciosas da aventura: a interação entre os personagens.

É verdade que o arquétipo de cada um deles são mais que clichês, mas os produtores desenvolveram características periféricas que os tornam simpáticos. Senel, por exemplo, é focado e é daqueles que nunca quebram uma promessa. Já a atrapalhada Norma é do tipo que gosta de se intrometer em tudo, e não é difícil prever seus choques com o controlador Will. É um tipo de humor bem japonês, que ajuda a deixar os personagens mais adoráveis.

Esses pequenos enredos paralelos desenvolvidos deixam o enredo principal ainda mais na sombra. Os diálogos são abundantes e os assuntos incluem desde comida favorita até questões existenciais. Ou seja, mais um truque lançado pela produtora para chamar mais atenção para os personagens, que, de fato estão bem desenvolvidos. Mas, para quem não liga para esse tipo de interação, os diálogos só tendem a ser vistos como perda de tempo.

Atenção. Em guarda. Lutem!

As batalhas em tempo real são umas das principais características da série. O sistema de "Tales of Legendia" é praticamente igual a de "Tales of Phantasia", o primeiro da franquia. Os combates lembram um jogo de luta, vistos de lado e com controlabilidade típica de jogos em 2D, pois os combatentes - aliados e inimigos - podem andar somente num único eixo.

Os personagens dispõem de dois tipos de ataques: normais e especiais, este chamado de Eres. Os primeiros são mais fracos e é possível fazer seqüências pressionando o botão correspondente rapidamente. Já os do segundo tipo são golpes com características variadas, que consomem uma energia chamada TP, que se recupera com o tempo.

No caso de Senel - um raro protagonista de RPG que não usa espada - os Eres incluem diversos golpes físicos como socos, chutes e arremessos. O acionamento dessas investidas também é simples: basta apertar um botão, combinando, ou não, para uma das direções na alavanca ou no "pad" em forma de cruz, mas os golpes precisam ser cadastrados numa tela própria. Os Eres de Senel também tem um nível de domínio, que aumenta conforme se usa essas técnicas.

O jogador controla apenas o líder, que pode ser qualquer um do grupo. Mas mesmo esse personagem pode ter seus comandos totalmente automatizados, deixando tudo nas mãos do computador. Numa tela específica, o jogador pode escolher o nível de agressividade, a distância que mantém em relação ao inimigo e o nível de gasto de TP, por exemplo.

A modalidade de controle padrão é a semi-automática, ou seja, ao desferir um golpe, o computador move o seu personagem para o raio de ação efetivo desse movimento. O ajuste geralmente é eficiente, mas às vezes dá errado. Nesse caso, o jogador pode escolher usar o modo totalmente manual.

Pancadaria e bagunça

No começo, os combates são bastante simples e fazer golpes aleatoriamente é o suficiente para derrotar a maioria dos inimigos. Os chefes e inimigos das redomas são um pouco mais complicados, mas, também podem ser vencidos sem grandes estratégias. Ou seja, "Tales of Legendia" não é exatamente lugar de batalhas cerebrais.

Mas a curva de dificuldade dá uma guinada a partir da metade aventura, que tem oito capítulos, com duração total de cerca de 30 horas (na verdade, há uns extras bem duradouros depois do "final"). A partir desse ponto, será preciso ou desenvolver bem os lutadores ou começar a compreender as características das batalhas do game. A principal delas é o sistema de combos e de clímax.

Os combos consistem em golpes consecutivos seja somente com um personagem ou com a ajuda de seus companheiros. Desferir ataques seqüenciais num mesmo inimigo faz com que este retarde ou até tenha anulada a sua investida, o que é muito importante contra aqueles que possuem ofensivas avassaladoras. O truque é usar Eres que fazem grandes seqüências ou emendar com golpes se seus amigos - é possível cadastrá-los nos botões de ombro.

Fazer combos grandes traz mais vantagens, como bônus de experiência e maior ganho de barra e clímax. Esse movimento permite congelar o tempo, permitindo que só você e seus amigos ataquem. Naturalmente, todos os golpes feitos nesse período serão contados como combo.

Apesar de numerosas, as batalhas são bastante divertidas, principalmente pela animação, uma verdadeira bagunça com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Imagine quatro guerreiros e uma porção de oponentes, todos gritando seus respectivos golpes, cujo visual vai ficando cada vez mais extravagante conforme o desenvolvimento dos personagens. Até mesmo as animações depois da batalha são simpáticas, apesar de ficar repetitivo com o tempo.

Aventureiro e conzinheiro

A porção de exploração é bem mais tradicional. O mundo de "Tales of Legendia" é amarrado por um mapa geral em escala reduzida. Daqui, o jogador pode seguir para diversas cidades, cavernas, florestas, cabanas e um sem-número de locais para visitar. Existem também bueiros, que ligam vários pontos do mapa, e isso evita boa parte das andanças.

Dentro das cidades é possível comprar diversos tipos de equipamentos como armas, escudos, elmos, acessórios, suprimentos, enfim, itens obrigatórios para qualquer aventureiro. Nas cavernas e locais com perigos, o foco está na caçada ao tesouro e no enfrentamento de inimigos. Quem conhece RPGs japoneses já está acostumado, mas os encontros são aleatórios e freqüentes. De fato, é difícil se concentrar na exploração com tantas interrupções, mas, felizmente, há itens que diminuem um pouco a incidência de monstros. Existem também salas especiais, que requerem a solução de um quebra-cabeça. A dificuldade vai do simples até o moderado, e ajuda um pouco a quebrar o ritmo.

Dois sistemas próprios de "Tales" estão presentes em "Legendia": o de receitas e o de títulos. O primeiro consiste em encontrar a personagem Mimi, que aparece "disfarçada" em vários locais. Na primeira delas, você a encontra como cofre de porco, mas ela passa a ficar cada vez mais irreconhecível no decorrer da aventura. Cada vez que achá-la ganhará receitas culinárias, que servem como itens de recuperação de energia, TP ou de estado. Já os títulos são concedidos quando se faz certos eventos ou ações. Dependendo do que estiver usando, as características do personagem variam.

O visual de "Tales of Legendia" é bom na maior parte do tempo. Somente a tela de mapa-múndi é um pouco simples para os padrões de hoje. Já os cenários dentro de cidades e cavernas parecem ter sido feitos artesanalmente e deixa um clima de fantasia no ar. Em geral, o tema do game é bem bucólico, mais parecendo uma ilha tropical, com muita vegetação, flores e belezas naturais.

Os personagens são do tipo baixinho e cabeçudo, que combinam bem o clima de humor do game. A expressividade dos "bonecos" é rica, também ajudada por avatares desenhados à mão que aparecem durante os diálogos. Nas batalhas, eles também não sossegam nem um pouco, mostrando uma gama de movimentos ampla e bem viva.

A trilha sonora também é admirável, tanto em qualidade quanto na riqueza de estilos. Grande parte são temas orquestrais típicos dos RPGs, daqueles que evocam uma veia épica, mas o título traz uma seleção de estilos não muito vistos em games, como algumas músicas com levadas jazzísticas. Um dos destaques fica para o tema da cidade Werites Beacon, a primeira do jogo, que traz um belo tema vocal, misterioso e apaziguante. Os textos estão bem escritos e as dublagens soam um pouco exageradas, mas ajudar a moldar a personalidade do protagonista e de seus coadjuvantes.

Longa espera

CONSIDERAÇÕES

Demorou, mas "Tales of Legendia" vem preencher uma lacuna que ficou aberta por quase cinco anos no PlayStation 2. Quem conhece a série, provavelmente reviverá os bons momentos, já que retoma as qualidades, como o ótimo desenvolvimento de personagens, a boa produção e as batalhas animadíssimas. Já quem nunca soube da fama deste RPG da Namco, poderá comprovar essas características, desde que também consigam encarar a grande quantidade de diálogos e de batalhas.

Compartilhe:

    Receba Notícias

    GALERIA

    Tales of Legendia (Playstation 2)

    134 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Namco
    Lançamento: 07/02/2006
    Distribuidora: Namco
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    RecomendadoAvaliação:
    Recomendado

    Shopping UOL

    UOL Jogos no TwitterMais twitters do UOL
    Foots - Jogo social online para Orkut
    Hospedagem: UOL Host