Tony Hawk's American Wasteland

da Redação

Já é um evento anual: desde 1999, quando foi lançada, a série de skate que traz o nome da lenda viva do esporte ganha versões a cada ano, sem contar as inúmeras para portáteis. De fato, a série revolucionou os jogos de skate e de esportes radicais em geral, trazendo um controle bem pensado e, por conseqüência, que foi copiado por diversos outros jogos.

Depois de quatro versões "Pro Skater", a produtora Neversoft apostou em novas modalidades de jogo, com um enredo um pouco mais elaborado, caso de "Underground". O novo "American Wasteland" não traz nenhuma inovação drástica, mas, finalmente consegue dar um formato mais natural à modalidade de história, ao mesmo tempo em que traz alguns novos movimentos e cenários livres de "loadings", apesar de a solução não ser exatamente elegante.

Além das quatro rodinhas

O pacote de opções de "American Wasteland" não difere muito das séries "Tony Hawk's Underground". Para quem não está habituado à franquia, o modo de história pode ser um bom começo, pois possui um tutorial didático. Bem ou mal, agora, esses tutoriais são responsáveis por grande parte das missões. E, ao contrário dos antecessores, eles aparecem mesmo nos modos mais difíceis, já que agora são a própria missão.

E não se trata de apenas ensinar os controles para o jogador, pois o personagem somente pode fazer os movimentos durante e depois da lição. Sendo assim, no início, seu skatista tem uma lista limitada de manobras. O enredo não é exatamente original, mas a execução está bem melhor que nos antecessores: o jogador é um rapaz do interior que vem à cidade grande - Los Angeles no caso - em busca de reconhecimento e fama.

O jogador pode "moldar" o personagem como quiser, mas isso também estará dentro do contexto do game. Na verdade serão as duas primeiras missões: escolher um corte de cabelo, fazer barba e bigode, e selecionar uns "panos da hora" para tentar tirar aquele jeitão de caipira americano. O modelo básico vem de seis personagens escolhidos no início.

Depois é só vagar pelo cenário em busca do que fazer. As cidades contam com lojas de skate, roupas e barbearias, cujas opções aumentam no decorrer do game. O mapa e um radar indicam os locais com eventos: as estrelas magentas têm os principais, que fazem andar o roteiro. Assim, o protagonista conhece um grupo de skatistas e seu local de diversão, a Skate Ranch, que mais parece um lixão de tão sujo.

E recuperar esse lugar será um dos objetivos primordiais do jogador e desse grupo de skatistas. Diversos apetrechos, como cabeças de um boneco de dinossauro poderão ser usadas para adornar o local. Quer dizer, conforme for avançado na história, automaticamente, a Skate Ranch vai ficando cada vez mais equipada - e limpa também.

Além das missões principais, existe uma infinidade de objetivos paralelos, como pichar muros e aceitar desafios por dinheiro, necessário para comprar diversos itens. O skate é o tema principal, mas também há missões especiais feitas com uma BMX, modalidade em que se faz manobras radicais a bordo de uma bicicleta, com direito à aparição da maior estrela do esporte.

Essas missões funcionam como as do skate, que, na maioria das vezes, pelo menos no começo, são para mostrar os controles da modalidade, bastante distintos entre si - mas a bicicleta é menos complexa. Mesmo assim, é um bônus para um modo de história já bastante curto. Ao menos, é bem melhor que os veículos malucos de "Tony Hawk's Underground 2", que trazia Segways - a suposta invenção do século, mas que ficou mais famosa por derrubar um presidente americano - e até uma cadeira de rodas motorizada.

Skatista acrobático

A lista de movimentos de seu skatista ficou um pouco mais ampla, principalmente a pé. Agora, o personagem pode usar o "shape" para bater em pessoas ou destruir alguns objetos. Também pode jogar o skate para frente e correr em sua direção, o que é considerado um início de manobra. Além disso, ainda fora do skate, o protagonista pode fazer saltos mortais e subir correndo em paredes e dar uma cambalhota.

Já usando skate, quase não há novidades. O jogador disporá de diversas manobras como ollies, os diversos tipos de saltos que existem; grabs, manobras que consistem em segurar variadas localidades do skate no ar; flips, truques de girar a tábua com as pernas; e grinds, que se trata de escorregar por canos e quaisquer tipos de protuberâncias.

Ainda há truques como o lip, que consiste em se equilibrar, parado, em bordas, e os manuals, movimentos que usam apenas as rodinhas dianteiras ou traseiras. Isso sem contar os diversos pormenores, mas nem por isso menos importantes como o Revert, giro que feito quando se aterrissa de um salto e que permite continuar um "combo".

Há ainda versões especiais das diversas manobras, que dão uma pontuação mais alta, mas, em compensação, exigem comandos mais complicados e, algumas vezes, saltos bem grandes, devido à sua complexidade. Eles sugam a barra Special, acumulada com os diversos movimentos. Essa barra também é necessária para fazer o Focus, que simplesmente deixa tudo devagar, como uma espécie de "bullet time" de um "Matrix" ou "Max Payne".

Agora, os cenários, baseados em localidades famosas como Hollywood, Beverly Hills e Santa Monica, são todos interligados, sem tela de carregamento de dados, segundo o fabricante. Mas não se trata daqueles imensos ambientes de um "Grand Theft Auto", por exemplo. Em "American Wasteland", as regiões são conectadas por uma espécie de túnel, bem comprido, e durante essa travessia é que ocorre o "loading" escondido. Às vezes, dão-se até uns pequenos travamentos. Não é exatamente uma solução elegante, mas evita que o leitor de DVD trabalhe demais.

Para recentes e velhos fãs, de novo

Além desse modo de história, os fãs antigos também poderão se divertir no modo clássico, existente desde o primeiro "Underground". Quer dizer, aqui não há conversa, apenas dez missões por fase e dois minutos para tentar fazer cumprir o máximo que puder. São missões clássicas como coletar as letras das palavras SKATE ou COMBO, encontrar itens secretos, fazer pontuações indicadas e manobras em locais determinados.

Os cenários são totalmente independentes do modo de história, trazendo pistas vindas de games passados - até da versão para PSP, "Tony Hawk's Underground 2 Remix". No modo clássico também é possível escolher personalidades famosas, como o próprio Tony Hawk ou o brasileiro Bob Burnquist. Estranhamente, o seu skatista do modo de história não pode ser usado aqui. Há também diversos personagens secretos, tão inusitados quando o soldado de "Call of Duty" ou os integrantes da banda Kiss, que apareceram nos jogos anteriores.

Outras opções também foram herdadas como os modos para criar artes, grafites, skatistas, manobras e pistas. Para os usuários de Xbox, a novidade é o modo online, que já existia há algum tempo para PlayStation 2. Mas o console da Sony ainda tem um recurso exclusivo, o de usar a EyeToy para colocar o rosto do jogador nos personagens. As modalidades online, para até oito jogadores, são básicas, como desafio de pontos e capture a bandeira, mas divertem um bocado. O GameCube conta apenas com um modo multiplayer com tela dividida, com opções também para partidas cooperativas.

Uma cidade inteira para pôr abaixo

O visual do jogo ficou melhor em relação aos antecessores, principalmente os cenários, que têm um projeto bastante detalhado e bons efeitos especiais, além de texturas definidas. O "design" das fases permite fazer combos maiores mais facilmente, pois quase todos os locais para as manobras estão praticamente interligados. Ainda falta um pouco de interatividade com objetos, como fazer correntes e cordas balançarem, mas talvez seja pedir demais para um console da atual geração. Ao menos, a taxa de quadros é estável e bastante alta.

Os personagens ainda não são tão detalhados e diferenciados como seria desejável, mas também evoluíram. As animações são, no geral, bastante competentes, mas alguns movimentos soam um pouco falsos, principalmente as cambalhotas no ar. No geral, o visual do Xbox é o mais limpo e agradável, mas os três consoles têm gráficos equiparáveis.

Em se tratando de controle, o PlayStation 2 leva uma vantagem considerável, devido aos quatro botões de ombro. Esse é um jogo em que todos os botões precisam estar facilmente acessíveis ao jogador. Nesse sentido, os botões preto e branco do Xbox estão um pouco distantes e o controle do GameCube simplesmente não tem botões suficientes. Tradicionalmente, é o pior controle para a série "Tony Hawk". Uma boa sacada dos comandos é que, agora, não é mais necessário combinar com um botão para correr a pé com o direcional digital. Com isso, os jogadores podem finalmente usar esse direcional sem problemas.

Na parte sonora, não houve muitas mudanças. Os efeitos continuam com qualidade similar. Já alguns skatistas aprenderam a dublar com mais naturalidade suas falas. A grande mudança é o direcionamento musical. Agora, muitas das composições são canções punk clássicas, tocadas por bandas novatas, o chamado "cover". Isso pode desagradar alguns puristas, mas o resultado ficou bom, na média. Como sempre, no Xbox, é possível criar sua própria trilha musical.

Mesmo conteúdo, nomes diferentes

"Tony Hawk's American Wasteland" mantém a alta qualidade da série, mas já perdeu, há algum tempo, sua capacidade de causar impacto. Assim como alguns clássicos, talvez não haja mais espaços para reformulações radicais e ficará cada vez mais difícil para a produtora se decidir entre tentar reinventar gênero ou apenas continuar fazendo ajustes menores e enchendo o jogo apenas com perfumarias. A Neversoft foi feliz nesta versão, pois todas as modalidades ficaram bem formatadas, mas nem sempre isso pode funcionar.