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PlayStation 2

Xenosaga Episode III

12/09/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
"Xenosaga" chegou ao fim. Era, supostamente, para ter seis capítulos, mas a série é feita de dramas, tanto na ficção como na vida real. Tudo começou com "Xenogears", lançado em 1998 para PSOne e um livro que explicava toda o universo do game, que era apenas o quinto capítulo de um total de seis. Mas, cansados de ver a então Squaresoft dar atenção apenas a "Final Fantasy", os criadores resolveram se juntar a outros funcionários para fundar a Monolith Software com ajuda financeira da Namco.

Mas sem poder usar o nome "Xenogears" e seu conteúdo, o casal Tetsuya Takahashi e Soraya Saga deram novo início à saga, ainda que aproveitando muito das características e algumas referências do "antecessor espiritual". Mas a dupla foi afastada do núcleo de produção do segundo episódio, ficando relegada a consultores de enredo. Além deles, o compositor Yasunori Mitsuda e o ilustrador Kunihiko Tanaka também deixaram o projeto antes do segundo episódio. Coincidentemente, o enredo começou a ficar embaralhado e o resultado final foi muito aquém do primeiro jogo.

Dentro desse contexto, "Xenosaga III" retoma as origens. Para começar, Takahashi volta a ter um papel mais atuante, principalmente no que diz respeito ao enredo. Além disso, muitos dos erros do segundo episódio foram sanados, ou dando lugar a idéias novas ou usando as que deram certas no primeiro game. O roteiro resolve os mistérios da série e coloca um ponto final, mas ainda dando brecha para uma possível continuação.

Uma saga em games

"Xenosaga Episode III: Also Sprach Zarathustra" é um RPG do tipo tradicional japonês, com batalhas por turnos. É um título altamente teatral, estilo marcado por "Final Fantasy VII", de 1997, ou seja, as cenas não-interativas ocupam grande parte do jogo, visto que o enredo é um dos pilares desses jogos. Não é incomum as seqüências cinematográficas do game ultrapassarem dez minutos - algumas tem mais de 20. No total, são cerca de oito horas só de cenas para assistir. Isso se justifica pelo enorme universo criado pela dupla quando imaginou o primeiro episódio - lembre-se, eram para ser seis.

A história começa com a protagonista Shion Uzuki invadindo a corporação Vector, sua antiga empregadora. Até o episódio passado, Shion desenvolvia a andróide KOS-MOS para a empresa, até que ela descobriu que a companhia teria ligações com o ataque dos Gnosis, estranhos seres alienígenas que matam com o toque. Pior, há relatos que seu falecido pai tem culpa no cartório por esse episódio. Em meio a isso, correm tramas paralelas, como a das várias facções tentando obter o poderoso artefato Zohar ou dos conflitos envolvendo os vários planetas da federação.

O enredo, apesar de ser complexo e, portanto, muito fácil de ficar perdido, está muito melhor contado que em "Xenosaga II". A primeira providência foi colocar Shion no centro da história novamente, afinal ela é a protagonista e os maiores mistérios estão em volta da personagem. Na condição de episódio que fecha a trilogia - e provavelmente a série -, todas as perguntas que ficaram sem respostas são elucidadas de maneira dramática. Você vai encontrar os típicos temas sérios da série, como a redenção, além de divagações filosóficas e religiosas.

Mas alguns velhos hábitos voltaram no terceiro episódio. Desde os primeiros momentos, o título assume que o jogador esteja esclarecido sobre os acontecimentos dos dois capítulos anteriores. Somente quando o game começa de verdade que se pode ter um pouco de noção do que está acontecendo, graças ao recurso de banco de dados, que ficou sumido da segunda edição.

Nessa fonte de informação, cada personagem, acontecimento, artefatos e outros tópicos são destrinchados item por item. No início, há poucas entradas no banco, mas à medida que avança no game, vai ficando mais completo. Para quem não viu os antecessores, vale a pena expiar pelo menos o resumo do que aconteceu nos episódios I e II. Os fanáticos pela saga ficarão felizes com a novidade e a oportunidade de destrinchar cada pedaço desse universo.

Exploração tradicional

O game em si também lembra muito o estilo de "Final Fantasy X", por exemplo. As partes de exploração possuem ângulos fixos, ou seja, o jogador não tem controle sobre a visão. Isso serve para esconder alguns baús e outros objetos dos olhos do usuário. Nesses ambientes, há portas, escadas, elevadores, diversos tipos de dispositivos e baús, entre outras coisas. Há um pouco de elementos de quebra-cabeças, geralmente usando a interatividade com o cenário.

É que existem diversos objetos quebráveis e alguns mecanismos que reagem às armas dos personagens. Por exemplo, numa das primeiras cenas, é preciso encaixar uns discos em seus respectivos receptáculos e isso só pode ser feito ao atirar nos objetos na ordem certa. Em outro, o intuito é girar uma espécie de ponte, que está dividido em várias partes. Dependendo do local que acertar, as peças adjacentes se mexem. Em geral, os quebra-cabeças não tendem a ser complicados.

Os inimigos aparecem no mapa e dependendo do jeito em que tocar neles, o seu grupo pode ter vantagens. Caso consiga pegar os oponentes pelas costas, o jogador ganha um turno de ataque sem se preocupar com o ataque do outro lado (mas alguns têm habilidades de contra-ataque). Mas se o inimigo fizer isso com você, ele é que golpeia primeiro. Há outras maneiras de ganhar vantagem, como paralisar os adversários com uma mina. De qualquer maneira, salvo raras exceções, as batalhas do primeiro disco são relativamente fáceis. Mas, a partir da segunda parte, os combates ficam bastante complicados; contra alguns chefes, podem durar quase uma hora. O tempo corrido entre o encontro e a tela de combate de fato é, em geral, de quatro e sete segundos segundos, muito melhor que os dez a 12 segundos do antecessor.

O intuito para o poder

O sistema de combate é bem conhecido dos RPGs tradicionais. A cada turno, há uma fila que indica a ordem dos combatentes. Participam até três aliados, podendo trocar com que está na "reserva", com o custo de perder sua vez. Os golpes podem ser comuns, do tipo Tech ou Ether. O primeiro são golpes físicos mais potentes, enquanto o segundo equivale a magias, que pode ser de ataque, suporte ou de cura, entre outros. Ambos gastam energia EP.

Um dos diferenciais do game é uma barra chamada Boost, que é comum ao seu grupo e que aumenta a cada ataque que desferir. Ela pode ser usada para ganhar turnos extras para um determinado personagem e isso custa um nível. Ou usar dois para lançar um ataque especial muito poderoso. Novamente, os inimigos também contam com o Boost, então é preciso prestar atenção.

Outro fator que pode mudar o rumo de um combate é a barra de Break. Este é particular para cada aliado e inimigo e aumenta cada vez que o personagem sofre os golpes. Quando atingir a totalidade, o guerreiro fica tonto, perdendo dois turnos do combate e ficando extremamente passível de sofrer golpes críticos.

Tudo isso vale apenas para as lutas "a pé", pois, como é de praxe na série, os personagens também lutam a bordo de robôs. O sistema não é radicalmente diferente, mas há algumas características próprias das lutas mecanizadas. Um dos pontos altos é que as animações ficam mais vistosas, com movimentos mais amplos e efeitos mais pirotécnicos.

O mesmo título em alemão e a tecnologia do passado

Além do enredo principal, há objetivos secundários para realizar. Tem aquele para achar todos os "segment files", outro para missões alternativas dos personagens, uma para caça ao tesouro atrás de roupas de banho e alguns minigames. Muitas vezes, o jogador precisará explorar novamente os cenários anteriores, entrando numa máquina de realidade virtual. Os biquínis e maiôs são ativados ao terminar o jogo e retomar o último "save". Assim, Shion e sua turma retomarão os últimos momentos do game como se estivessem na praia.

O visual de "Xenosaga III" é um pouco datado e não impressiona. Há bons momentos, como os ambientes grandes, robôs com projetos bacanas e personagens com olhares expressivos, mas no geral são cenários sem muitos detalhes, antiquados, e sofrem com queda de velocidade brusca, aparentemente sem explicação. Como quase tudo gira em torno dos personagens e das máquinas, o resultado final é até satisfatório, ajudado também pelos efeitos de luz imitando o HDR, tecnologia da moda nos consoles de nova geração. Isso pode ser visto quando a luz "invade" os objetos, dando um aspecto mais realista, ainda que o estilo do game não seja assim.

Já na parte sonora houve um decréscimo de tecnologia. Antes, era em Dolby Pro-Logic II, ou seja, com cinco canais de áudio e um para supergraves, mas agora passou a ser um simples estéreo. As músicas são menos marcantes que as do primeiro episódio, mas ao menos supera o antecessor direto. O bom é que a trilha sonora aposta em estilos variados, como o jazz, em vez de ficar focado apenas no clássico ou em outros gêneros indefinidos. Mas, à medida que chegam ao clímax do game, as músicas também começam a ficar mais dramáticas e melhores. Os efeitos sonoros se somam à experiência do game, principalmente das batalhas, e as dublagens, que conta com os atores de "Xenosaga I", fazem um trabalho muito melhor que os que foram contratados para o segundo episódio.

Fechando com chave de ouro

"Xenosaga Episode III" talvez seja um episódio ambíguo para os fãs. Por um lado, eles ficarão felizes ao ter várias perguntas esclarecidas - e o título não economiza em dramaticidade nessas horas -, mas por outro, tem-se a impressão que um ciclo se fechou, sem saber se haverá novos episódios. O enredo é a parte mais forte desse fechamento da trilogia, mas o game em si também tem seus méritos, como batalhas com boas doses de estratégia e explorações interessantes.

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    Xenosaga Episode III (Playstation 2)

    159 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Monolith Software
    Lançamento: 29/08/2006
    Distribuidora: Namco
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    RecomendadoAvaliação:
    Recomendado

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