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Assassin's Creed III: Liberation

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

04/02/2014 17h43

Antes exclusivo para PS Vita, "Liberation" chega ao PC, Xbox 360 e ao PlayStation 3 com as devidas melhorias gráficas e controles melhores, mas traz também os bugs e fraquezas que impediram o game de se tornar uma estrela na leva inicial do portátil da Sony.

"Liberation" é um "Assassin's Creed" para iniciantes, com missões bem lineares e um mundo aberto menor, que se apresenta de forma cadenciada para o jogador. Aveline é uma personagem interessante, que merecia ser melhor explorada - assim como sua relação com Connor, o herói de "Assassin's Creed III".

Para os fãs da série que não estão interessados em um PS Vita, "Liberation HD" é um passeio válido. Mas não espere por uma experiência vasta como a do recente "Black Flag".

Introdução

Lançado originalmente para PS Vita, "Liberation" é um dos poucos "Assassin's Creed" portáteis que dá continuidade aos eventos da série principal. O jogo é ligado aos acontecimentos de "Assassin's Creed III" e tem também uma conexão tênue com o mundo atual mostrado em "Black Flag".

Mais importante, "Liberation" traz a primeira assassina da franquia, Aveline de Grandpe. De certa forma, a moça traz alguns dos elementos que tornariam Edward, o pirata de "Black Flag", um dos favoritos dos fãs: Aveline não se importa tanto com os Templários ou mesmo com a causa dos Assassinos. Sua luta é contra a escravidão no sul dos EUA, onde vive - tema parecido com o do elogiado DLC "Freedom Cry", de "Assassin's Creed IV".

O jogo traz as mecânicas exploração e combate típicas da série, mas em um ritmo mais suave e apropriado para a plataforma portátil. Na versão para PC, PS3 e Xbox 360, fica a impressão de ser um "Assassin's" para iniciantes.

Pontos Positivos

Ambientação

"Liberation" lida com o tema da escravidão e faz isso melhor do que "Freedom Cry", o elogiado DLC de "Assassin's Creed IV". Mesmo que o jogo conte uma boa história de uma forma ruim, ainda assim a ambientação do sul dos EUA no século 18 é interessante e desperta curiosidade - até mais do que a Guerra da Independência de "ACIII".

As aventuras de Aveline se passam em New Orleans e nos pântanos da Lousianna, o chamado Bayou. Há referências aos conflitos franco-indígena e a Revolução Americana, assim como às influências francesa e espanhola na colonização da região. Porém, isso tudo permeia a trama do jogo, sem nunca ocupar o centro do palco.

Para a felicidade de muitos jogadores, a aventura é toda legendada em português, o que facilita a imersão no enredo.

Aveline

Primeira assassina da franquia, Aveline é um personagem mais interessante do que seu contemporâneo Connor, ainda que os dois compartilhem elementos em comum - e que poderia ser exibido melhor na aventura.

Assim como Edward, de "Assassin's Creed IV", Aveline não se importa tanto com as motivações dos Assassinos e dos Templários e usa suas habilidades para uma causa que considera mais importante: a luta contra a escravidão.

A heroína conta com as perícias típicas da série, além de um belo arsenal de equipamentos, mas apenas quando veste o capuz de assassina.

"Liberation" traz também um sistema de disfarces, que permite utilizar diferentes truques para cumprir as missões do jogo: assassina, escrava e dama. Embora sejam úteis para seduzir ou se infiltrar, os trajes de dama e escrava são menos versáteis do que o de assassina, que logo se torna a opção favorita do jogador. Mesmo assim, é um sistema diferente da fórmula bem conhecida da franquia e deveria ser mais explorado no futuro.

Pontos Negativos

Gerenciamento da frota

Talvez por vir de uma experiência portátil, "Liberation" oferece um cenário menor do que outros games da série. Um jogador dedicado deve terminar a campanha em umas 12 horas. Encontrar todos os colecionáveis e cumprir as poucas missões secundárias devem consumir mais umas 8 horas, no máximo.

A maior ausência é o sistema de batalhas navais. Aveline pode gerenciar uma pequena frota de navios, mas é só isso que faz: administrar números e determinar quais cargas transportar em um minigame nada animador. Uma vez que você pega o jeito, é uma maneira rápida de juntar dinheiro, mas nem de longe tão divertida quanto uma boa batalha naval como as de "ACIII" e "Black Flag".

Missões ruins

O maior golpe que "Liberation" sofre vem das missões da campanha principal. Em alguns momentos, parece que o game reúne tudo que a franquia "Assassin's Creed" já teve de ruim.

Boa parte das missões envolvem ir de um ponto do mapa para outro. Em outras, você precisa seguir e escutar um inimigo específico, para no fim roubar um item de seus bolsos - coisa que era bem recorrente no começo da série e foi sendo colocada de lado conforme a Ubisoft percebeu que os fãs não gostavam de ficar repetindo esse processo.

Também estão presentes missões furtivas sem um sistema de check point decente, onde você falha completamente assim que é avistado por um inimigo. Você não tem alternativa para lidar com as coisas quando elas dão errado nessas horas. Sua única opção é voltar para o começo da missão e tentar de novo, na base da tentativa e erro, até chegar ao fim.

"Liberation" traz em demasia algumas das piores escolhas de design da franquia, coisa que só é realçada na versão em alta definição.

Nota: 6 (Razoável)