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Batman: Arkham City

CLAUDIO PRANDONI

da Redação

25/10/2011 15h43

"Batman: Arkham City" chegou com a dificílima missão de honrar - e tentar superar - o legado de "Arkham Asylum", considerado por muitos como o melhor jogo de super-heróis já feito, e consegue isso com talento e dedicação exemplares.

A trama é envolvente e pontuada por reviravoltas, recheada de personagens e referências ao universo do Morcegão, os controles afiados acertam em cheio nas variadas bugigangas e um eficiente e divertido sistema de planar pela cidade e ainda há conteúdo de sobra para curtir depois de terminar a campanha principal. "Arkham Asylum" pode ficar tranquilo: seu irmão mais novo é o novo rei do pedaço.

Introdução

Em 2009 a Warner e a pouco conhecida produtora Rocksteady surpreenderam todos com "Batman: Arkham Asylum", game de ação que fez jus à fama do herói, apresentando combates divertidos, gráficos de ponta, uma ótima história e sistema de exploração ao estilo "Metroid".

A sequência chega dois anos depois com a promessa de expandir o game original em todos os quesitos. Desta vez, o cenário é Arkham City, um pedaço da fictícia cidade de Gotham que foi cercado e transformado em presídio. O plantel de vilões e aliados também engordou, com aparições do Pinguim, Duas Caras, Mulher-Gato e até o garoto Robin.

Pontos Positivos

Gráficos

Logo de cara "Arkham City" não deixa dúvidas de que é tecnicamente superior ao antecessor: o visual é deslumbrante. Arkham City é um lugar sombrio e vibrante, com áreas de estilos bem definidos e repletos de detalhes.

Não só isso, o local é imenso e requer poucos loadings (ainda que generosos) para aparecer na sua frente. Vale o mesmo para personagens, com animações mais fluidas e texturas bem definidas, que representam bem materiais como borracha, tecidos e pele.

Ainda há raros momentos de quebras de polígono e corpos que caem de maneira estranha (o chamado efeito 'rag doll'), mas de forma alguma isso estraga a experiência.

Controles

Um dos grandes trunfos de "Arkham Asylum" foi sua jogabilidade variada, combinando combates desafiadores com trechos de exploração, e isso permanece em "Arkham City", mas com uma adição fundamental: uma versão refinada da habilidade de planar.

Ao pular de grandes alturas, Batman abre sua capa e pode planar pela cidade, com a opção de dar rasantes para ganhar velocidade. Não tarda para o Morcegão poder usar seu arpéu para pegar impulso nos prédios e outras construções, o que permite praticamente voar por Arkham City de forma divertida e eficiente.

Os combates mantém o ritmo forte do anterior, apresentando um interessante componente rítmico (já que golpear no ritmo certo, sem esgamar botões, rende bônus). Além de mais golpes, Batman também conta com mais bugigangas para dar cabo dos bandidos.

História

A trama de "Asylum" já foi de alta qualidade e "City" consegue a proeza de superá-la. Isso se deve ao uso inteligente dos mais variados personagens da franquia, que propiciam reviravoltas sensacionais e - em muitos casos - permitem também momentos de pura fantasia, tal qual os trechos com o Espantalho no game anterior.

 

"Arkham Asylum" já apresentou boa parte do elenco das HQs do Cavaleiro das Trevas, mas "Arkham City" vai muito mais além. Além do obrigatório dueto entre Batman e Coringa, o Morcegão conta com aliados como Robin e Mulher-Gato e até Oráculo e Alfred via rádio.

Do outro lado da arena, o palhaço do crime tem a companhia de Pinguim, Duas-Caras, Sr. Frio, Dr. Hugo Strange, Chapeleiro Louco e tantos outros que é melhor não citar para evitar estragar surpresas. Poderia virar bagunça, mas a Rocksteady soube aproveitar bem as características de cada um, seja para criar missões divertidas ou propiciar pontos de virada empolgantes no enredo.

Um detalhe bacana é que a história não descamba para um previsível 'Batman contra o resto' e há momentos em que o herói encapuzado tem de colaborar com alguns de seus inimigos, enquanto do outro lado da cidade outros bandidões estão resolvendo problemas entre si.

Missões extras

O game sai do confinamento dos corredores do Asilo Arkham e ganha as ruas e topos dos prédios de Arkham City. Isso acaba conferindo a ele características de outros títulos de mundo aberto, como diversos tipos de missões adicionais.

O melhor é que cada uma apresenta maneiras diferentes de funcionar. Em momentos você resolve quebra-cabeças para coletar troféus do Charada, em outro investiga o ambiente em busca de pistas para encontrar um assassino ou então deve usar seu radar para encontrar telefones públicos que tocam em um tempo limitado. A variedade é grande e realça a impressão de que Arkham City é um lugar que pulsa com vida e atividades - e de quebra ainda garante muito o que fazer depois terminar a campanha principal.

Equipamentos

O que seria do Batman sem suas bat-bugigangas e seu bat-cinto de utilidades? "Arkham City" expande o conceito visto em "Arkham Asylum" e, logo de cara, dá ao jogador todas as ferramentas do primeiro game. No decorrer da história outras traquitanas aparecem, com usos variados e específicos.

Por um lado possibilitam criar diversos estilos de luta, com armas bacanas como as granadas de gelo, bombas de fumaça e uma pistola de tiros elétricos. Igualmente, os novos equipamentos dão vez a enigmas ainda mais complicados do Charada para coletar suas centenas de troféus pela cidade.

Mulher-Gato

Versões novas de "Arkham City" trazem consigo um código para baixar o conteúdo da Mulher-Gato. Mais do que apenas arenas de batalha - como acontece com Robin e o Asa Noturna - a felina protagoniza quatro episódios que se entrelaçam à história de Batman, explicando muitos dos eventos encarados pelo Morcegão.

Como bem disse um colega de trabalho, as missões da Mulher-Gato funcionam mais ou menos como o modo Separate Ways de "Resident Evil 4", na qual se acompanha trechos da história pela perspectiva de outro personagem.

Conteúdo de sobra

Pode anotar: a campanha principal de "Arkham City" leva cerca de 12 horas para ser batida. Uma vez finalizada, há diversas missões secundárias para realizar, o que facilmente adicionam o dobro de horas à brincadeira. Depois disso tudo ainda há centenas de troféus do Charada para coletar, sendo que alguns só podem ser pegos pela Mulher-Gato. E isso tudo só na campanha principal.

Depois de terminar o game, ainda há o New Game+, que permite jogar tudo de novo mas preservando experiência e equipamentos da jogatina passada e com nível de dificuldade maior. E isso que ainda não citei as arenas de combate, um elemento que retorna de "Arkham Asylum". Como no game anterior, há fases de puro combate e outras em que é necessário ser sorrateiro. Uma adição são as campanhas, que colocam diversas dessas fases em sequência. E para completar é possível até criar suas próprias arenas. Detalhe: Batman, Mulher-Gato e outros herois para baixar possuem suas arenas próprias.

Ou seja, "Arkham City" não possui modos multiplayer ou online, mas compensa com conteúdo de sobra para divertir e ocupar o tempo por meses a fio.

Parte sonora

Já se esperava um trabalho de alta qualidade de Kevin Conroy e Mark Hamill, dubladores do Batman e Coringa, respectivamente, mas é reconfortante ver que as outras atuações acompanha o nível.

De quebra, a trilha sonora ambiente complementa bem a experiência, pontuando momentos fortes da trama e do cenário. Um exemplo bem especial: é possível encontrar em Arkham City o beco onde os pais do Batman foram assassinados. No local é possível prestar respeito à memória deles e neste momento toca uma música melancólica bem emocionante.

Legendas em português

Depois do trabalho desastrado em "Mortal Kombat", é bacana ver que a Warner aprendeu a lição: "Arkham City" dá um show nas legendas em português, elevando bastante o nível neste quesito.

O game apresenta muitos diálogos, todos devidamente traduzidos, sem erros de ortografia ou gramática. Piadas foram devidamente adaptadas, não perdendo o sentido - destaque para uma alfinetada do Coringa para o final de "Lost".

Até mesmo o bate-papo furado dos presidiários vagando pelas ruas têm direito às legendas. Para completar, até textos que aparecem em equipamentos, como os computadores do Batman, aparecem em nosso idioma. Um trabalho absolutamente exemplar.

Pontos Negativos

Ausência de multiplayer

Tendo em vista a altíssima qualidade de "Arkham City", a tendência de jogos hoje em dia terem algum componente multiplayer ou até online e a própria natureza do Batman, que costuma trabalhar com aliados, é pena ver que não foi desta vez que a Rocksteady não se arriscou com modos para vários jogadores.

Vale ressaltar: não é exatamente algo que prejudique o game, mas sim uma vontade que suscita dada a grande competência do estúdio.

Quem sabe isso não muda em um eventual terceiro game com o Morcegão?

Desajeitado em ambientes pequenos

Uma das poucas coisas irritantes em "Arkham Asylum" era o fato de Batman andar demais por corredores e caminhos estreitos, já que a movimentação do herói é meio desajeitada para locais pequenos.

Isso melhorou bastante em "Arkham City", já que agora o cenário é muito maior, mas o problema persiste em ambientes internos. Parece que Batman é musculoso demais para pequenos corredores e não consegue andar direito, atrapalhando para investigar e ativar botões em locais estreitos. Ainda assim, é um pequeno porém em meio a um mar de boas qualidades.

Nota: 10 (Imperdível)