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Dead Space 2

04/02/2011 14h20

Toda loucura tem um ponto de partida. Traumas, decepções e risco de vida são apenas alguns gatilhos que podem alterar a vida de uma pessoa de uma vez por todas. Foi exatamente isso o que aconteceu com Isaac Clarke, engenheiro de sistemas que foi destacado para fazer um reparo no sistema de comunicação da nave mineradora Ishimura.

Ao chegar a bordo da nave ele descobre que o lugar foi dominado por monstros mutantes que ceifaram centenas de vidas dos tripulantes, entre as vítimas sua namorada, Nicole. Tomado pelo espírito de vingança, parte para acabar com todos, custe o que custar. No final das contas, Isaac consegue sobreviver ao incidente, mas com uma cicatriz profunda em sua alma.

Esse foi o pontapé inicial para que o herói nunca mais fosse o mesmo e isso pode ser visto em "Dead Space 2", um jogo que mostra que em certos momentos é necessário ter um pouco de loucura para garantir a sua sobrevivência.

Medo até os ossos

Voltar vivo da carnificina da Ishimura não foi uma benção para Clarke. Ao regressar para a colônia espacial Sprawl ele foi diagnosticado com síndrome de estresse pós-traumático, paranóia e esquizofrenia crônica - ou seja, um louco de pedra. Ele estava em tratamento quando o pior aconteceu: a morada dos humanos no espaço foi invadida pelos necromorphs, os tais mutantes da aventura anterior. A partir desse momento Isaac prova que é a pessoa mais bem preparada para lidar com essa situação.

UOL Jogos demonstra o game de terror
Do outro lado da tela da televisão o jogador assiste, na ponta do sofá, as cenas de terror mais assustadoras dos últimos tempos. Monstros saltando de buracos, alarmes de incêndio disparando, corredores ensangüentados, gritos de pavor saindo dos apartamentos... É possível ver que antes a vida em Sprawl era aprazível, mas que no atual estado está mais para um inferno no meio do espaço.

Cenas perturbadoras se espalham em cada canto, como condomínios de apartamentos totalmente destruídos, pré-escolas desoladas e áreas comuns em caos. O terror se instalou e trouxe com ele seres mais inteligentes, rápidos e mortais. Alguns mais nojentos, como o Puker, que regurgita um jato de ácido; outros causam repulsa, como é o caso dos bebês bombas, conhecidos como Crawlers.

A maioria dos necromorphs do primeiro jogo volta em "Dead Space 2" com mais sede de sangue e gritos de desespero. Mas Isaac também está bem mudado. Agora ele deixou de ser passivo e se tornou o cara mais importante da história. Além de ter voz ativa e uma personalidade marcante, Isaac tem problemas psicológicos que o perseguem em todos os cantos da estação. Essa pequena mudança transformou não só o personagem, mas também deu dinâmica e peso maiores ao enredo, tornando-o mais intenso e profundo.

Cauterizando a carne

Da mesma forma que os inimigos estão mais assustadores e mortais, Isaac também está melhor preparado para enfrentá-los. Ele não é mais um simples engenheiro que usa uma ferramenta para arrancar braços e pernas de alienígenas. Agora ele tem armas mais poderosas e diversificadas, como o Javelin Gun, que dispara uma lança e empala o alvo; o Detonator, que cria armadilhas para os espertinhos que tentam cercá-lo e o poderoso Seeker Rifle que tem um poder de fogo para acabar com seu alvo em apenas um disparo.

Isaac enfrenta diversos monstros
O importante é estar preparado para cenas fortes, violentas e viscerais. Não só isso, além de desmembrar os seus adversários, Isaac mostra um prazer sádico em pisar e socar, habilidades essas que poderiam passar despercebidas no primeiro jogo de tão inúteis que eram. Agora Isaac pode optar por distribuir pancadas nos monstros e assim abrir caminho em busca por mais munição ou energia.

Em paralelo a tudo isso, foram adicionados novos elementos que melhoraram o combate, como é o caso de itens espalhados pelo cenário, a exemplo de bombas de Stasis (que congelam o inimigo por algum tempo), tanques de combustível e outros objetos que podem ser arremessados nos monstros.

Fora do combate, Isaac ganhou a habilidade de flutuar em campos de gravidade zero, o que melhora a sensação de estar no espaço. Essa habilidade é utilizada principalmente em quebra-cabeças ou simplesmente podem ser usadas apenas para ir de um lado a outro da estação. Por outro lado, existem menos partes nas quais o herói fica sem oxigênio, eliminando o sentimento de urgência que existia no primeiro game.

Mas de forma geral, o modo de campanha melhorou em todos os aspectos e se tornou mais profundo. A história do jogo está tão bem trabalhada, tão instigante que é necessária muita força de vontade para parar de jogar e ir dormir - isso é, para quem conseguir dormir e não ter pesadelos. Já o modo multiplayer não é bem assim.

Controlando a massa

Quando anunciado, o modo de jogo em grupo de "Dead Space 2" prometeu colocar os jogadores encarnando tanto os soldados de Sprawl, quanto na pele dos necromorphs. O que parecia ser uma idéia interessante acabou se tornando um elemento desnecessário, pois toda a tensão do modo de campanha é simplesmente ignorada nesta parte.

Veja o multiplayer em ação
Jogar "Dead Space 2" é jogar contra a massa. Um soldado contra dezenas de monstros loucos por sangue. Porém é nítido o desequilíbrio do game, que deixou os humanos muito mais poderosos do que os mutantes alienígenas. O trabalho em conjunto é necessário para a vitória e dificilmente isso acontece na maioria das partidas do game.

Aqueles que se aventurarem pelos modos multiplayer vão ver um sistema de evolução que vai liberando novas armas, armaduras e tipos de necromorphs que podem ser controlados. Os modos de jogo vão desde o simples team deathmatch até opções cooperativas em que jogadores podem se unir para lutar contra a massa de monstros seguindo o esquema de fuga à lá "Left 4 Dead", porém sem o mesmo charme. Na melhor das ocasiões, os jogadores podem usar essa parte para passar o tempo depois de terminar o modo solo pela quarta vez.

Nota: 8 (Ótimo)