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Dragon's Dogma

Pablo Raphael

do UOL, em São Paulo

24/07/2012 16h05

Produção híbrida da Capcom, "Dragon's Dogma" traz no DNA a ação típica da produtora japonesa, em um mundo aberto digno dos grandes RPGs ocidentais contemporâneos. O game não subestima o jogador, pelo contrário, exige planejamento cuidadoso em cada missão - e não pega leve na hora de punir aventureiros despreparados.

Apesar de problemas como a Inteligência Artificial, o sistema de Pawns é uma abordagem criativa para o componente online do jogo - e é sempre bom ver novas idéias, principalmente quando tantos games optam por reciclar mecânicas manjadas.

"Dragon's Dogma" não é perfeito, mas é uma das boas surpresas de 2012, que rende muitas horas de jogo, com seu cenário amplo e cheio de segredos e, principalmente, ótimas batalhas contra monstros fantásticos.

Introdução

"Dragon's Dogma" marca o retorno da Capcom aos RPGs de ação. No jogo, você é Arisen, um personagem ao mesmo tempo abençoado e amaldiçoado, envolto em uma jornada épica por um mundo fantástico, cheio de criaturas sinistras e masmorras esperando para serem desbravadas.

Durante a aventura, seu herói é acompanhado pelos Pawns, companheiros vindos 'de outra dimensão' - leia-se, dos jogos de outras pessoas - que compõem o típico grupo de RPG.

"Dragon's Dogma" mescla elementos dos RPGs ocidentais,como "Skyrim", e jogos nipônicos, como "Dark Souls" e até mesmo "Monster Hunter", por exemplo. É um game envolvente, que mesmo com seus problemas, faz o jogador voltar para novas missões e batalhas.

Pontos Positivos

Combate caprichado

O que diferencia "Dragon's Dogma" de outros jogos do gênero, como "Skyrim" ou "Dark Souls", é seu sistema de combate.

O jogo traz diversas opções de golpes, magias e movimentos especiais que tornam as batalhas muito divertidas. Conforme evolui seu personagem, você escolhe novos golpes e poderes, que permitem diversas combinações, dando um clima de 'jogo de ação' ao RPG da Capcom.

Para completar, você também pode se agarrar nos monstros, segurar os inimigos para um companheiro e interagir com o cenário, carregando barris explosivos até seus alvos, por exemplo.

Variedade de inimigos

Em "Dragon's Dogma" há uma infinidade de criaturas monstruosas para se enfrentar. Desde pequenos goblins, bandidos sanguinários e mortos-vivos que brotam do chão até criaturas enormes, como uma mantícora - monstro com 3 cabeças, uma de leão, uma de bode e outra de dragão - ogros que ficam excitados na presença de personagens mulheres, hárpias, hidras e claro, dragões.

Aliado ao cenário bem elaborado das masmorras, cavernas e florestas do game, a diversidade de oponentes resulta em batalhas divertidas e desafiadoras.

Mundo vasto para explorar

"Dragon's Dogma" apresenta um mundo aberto e cheio de possibilidades. Você tem cidades onde pode negociar poções e outros itens, recrutar companheiros para seu grupo e adquirir missões. Mas é fora da segurança das muralhas que a diversão espreita.

O mundo do jogo é repleto de masmorras escondidas, cavernas, ruínas e outros cenários típicos dos RPGs medievais. Você até pode tentar jogar "Dragon's Dogma" de forma linear, mas o game recompensa a exploração, com muitas missões paralelas e tesouros secretos.

Assim como "Skyrim", "Dragon's Dogma" é um game para se aproveitar sem pressa de chegar ao fim, curtindo a jornada e explorando cada curva de rio, mina abandonada e ruína sinistra que aparecer pela frente.

É desafiador

O jogo da Capcom não é tão impiedoso quanto "Demon's Soul", por exemplo, mas chega perto. "Dragon's Dogma" não subestima a inteligência do jogador e oferece muitos desafios, tanto em suas missões quanto na simples exploração do mundo do jogo.

Isso é facilmente percebido com o ciclo de dia e noite do game: ao anoitecer, os inimigos ficam mais ousados e monstros maiores surgem com mais frequencia. Viajar durante a noite é arriscado - é bom levar uma lanterna e evitar sair da estrada.

As missões de "Dragon's Dogma" exigem planejamento e antecipação. Conversar com os personagens espalhados pela cidade sempre rende pistas dos perigos pela frente e permite escolher os itens certos e formar um grupo mais adequado.

Durante as batalhas, é preciso ficar atento aos objetos pelo cenário, como os famigerados barris explosivos, ou até alavancas e portas que podem servir de proteção. Sair distribuindo golpes de espada sem pensar é sempre uma opção, mas dentro das masmorras, costuma terminar em morte, geralmente a do jogador.

Sistema de companheiros

"Dragon's Dogma" é um RPG para apenas 1 jogador, mas a Capcom inseriu um elemento social no jogo com o sistema de companheiros. Basicamente, você recruta aventureiros criados por outros jogadores para o seu grupo, e manda um personagem seu - não o principal, mas um companheiro - para as partidas dos outros.

Com esse sistema, os personagens ganham itens e experiência, além de se familiarizarem com as missões do jogo - ao ponto de às vezes darem dicas para o jogador, como em que região encontrar um objeto ou a melhor tática para encarar um determinado monstro.

Pontos Negativos

Menus complicados e nada intuitivos

"Dragon's Dogma" é cheio de menus, herança de RPGs mais antiquados. Não seria um problema, se esses menus não fossem complicados de entender. Leva um tempo para o jogador se familiarizar com os inventários - assim, no plural - e com os sistemas de combinação de itens e melhoria das armas.

Inteligência artificial problemática

Se o elemento social oferecido pelo sistema de companheiros é um dos pontos positivos de "Dragon's Dogma", infelizmente a atuação desses companheiros na hora da briga é um problema, que traz à lembrança os momentos mais frustrantes de "Resident Evil 5".

Durante uma luta, personagens de suporte, como uma feiticeira com magias de cura, deveriam ficar para trás, por exemplo, mas é comum ver esse tipo de personagem partindo para cima dos monstros, apenas para serem massacrados.

Pior ainda, você pede por ajuda e o companheiro já usou tudo que tinha no começo da luta, quando não precisava. Faltou um ajuste fino na Inteligência Artificial - ou pelo menos, deixar um controle maior dos outros aventureiros nas mãos do jogador.

Muita informação inútil na tela

"Dragon's Dogma" oferece um mundo bonito de se ver, cheio de detalhes e perigos. Infelizmente, o jogo insiste em encher a tela de informações inúteis, principalmente diálogos do grupo de aventureiros.

É divertido acompanhar a interação dos personagens, mas depois de um tempo juntos, as conversas ficam repetitivas - e não precisavam estar o tempo todo em texto na tela.

Nota: 8 (Ótimo)