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Driver: San Francisco

RODRIGO GUERRA

da Redação

19/09/2011 08h00

"Driver: San Francisco" é uma das surpresas do ano. Era esperado mais uma bomba da franquia, como aconteceu em "Driv3r" ou em "Parallel Lines", mas não. A produtora Reflections acertou a mão e criou uma história interessante, mesmo sendo meio doida, recheou a cidade de desafios secundários e as missões principais são bem variadas.

O jogo só desaponta por não ter um tratamento visual mais bacana com as batidas e com a interface irritante para disputas online. Dessa vez a série voltou a ser divertida e merece ser jogada por quem gosta de games de corrida com um pé fora da realidade.

Introdução

John Tanner é um policial da cidade de São Francisco que acaba ferido durante uma perseguição a um criminoso barra pesada - Jericho. O homem da lei acaba coma e enquanto está em um leito do hospital ele começa a sonhar que resolve crimes usando um poder especial que permite que ele controle a mente e o corpo de outros motoristas da cidade.

Ele salta em carros e pega carona em uma aventura no qual ele deve não só descobrir o paradeiro de seu rival, mas também fazendo loucuras atrás do volante.

Pontos Positivos

A história é legal

No início era fácil torcer o nariz para "Driver: San Francisco", afinal, a premissa não era lá grandes coisas: John Tanner, o protagonista de alguma forma mágica “pulava” de carro em carro para cumprir seus objetivos. Antes do jogo sair, era dito que Tanner tinha poderes paranormais, ou que era um fantasma: algo tão fora da realidade da série que acabou virando motivo de piada.

O problema é que ninguém tentou explicar a história do jogo de uma maneira eficiente. Acontece que Tanner não faz nada disso 'de verdade'. O herói está em coma em uma cama de hospital ouvindo um noticiário da TV. E tudo o que acontece na TV, causa um reflexo na mente do policial que imagina que consegue resolver os crimes exibidos na telinha.

Nesse delírio, ele vai atrás de Jericho, o bandido que o colocou em coma e ameaça fazer um ataque terrorista na cidade de São Francisco. Tanner sonha que tem o poder de invadir o corpo e a mente de outros motoristas e tenta encontrar o meliante resolvendo os mistérios e perseguindo seus comparsas.

Dessa forma, sabendo que tudo se passa dentro de um delírio comatoso, a história não parece tão boba e a aventura se torna mais agradável para o jogador. E o clima de filme policial deixa as coisas ainda mais interessantes do que ficar apenas correndo como um doido pelas ladeiras da cidade.

Variedade de missões

'Armado' com o poder de tomar o corpo das pessoas, Tanner flutua pela cidade de São Francisco e escolhe um carro. Ao entrar naquele veículo ele pode cumprir diversas missões, como apostar corridas, assustar professores de autoescola, destruir cartazes de propaganda e por aí vai.

O divertido é que a produtora Reflections se esforçou mesmo para criar muitas missões paralelas. Algumas são divertidas, como saltar pela ladeiras ou levar um passageiro para um ponto distante da cidade usando apenas becos e ruas sem trânsito. Outras são mais desafiadoras, como fugir de uma gangue usando um caminhão cegonha cheio de carros que não podem ser danificados.

No final das contas, fica claro que o jogo foi feito apenas para divertir e não tem a pretensão de se tornar um game do ano.

Usar poderes para cumprir missões

A habilidade de Tanner pode ser usada de diversas maneiras interessantes, como bloquear ruas, encontrar atalhos, bater de frente com um adversário. Assim que o botão que ativa o poder é ativado, o tempo fica mais lento e o jogador pode procurar um ‘alvo’ próximo. Pode ser um ônibus, um caminhão de combustível ou mesmo um carro pequeno, mas sempre tem algum veículo que pode ser usado ali por perto.

Além de poder trocar de carro de um jeito ou de outro, é possível usar turbo para ganhar velocidade ou ainda dar um encontrão no adversário, causando um dano enorme na lataria. O jogo é bem ágil e essa mecânica deixa as coisas mais divertidas. 

Rachas na rede

O modo online tem potencial para ser divertido, por mais difícil que seja encontrar partidas online. Antes de cada prova é dado aos jogadores uma pequena tarefa, como manter a o velocímetro acima de um determinado valor, bater em um carro ou correr até um ponto no mapa. Quanto mais alto no grid de largada, mais vantagens, como uma barra maior de turbo, por exemplo.

As disputas vão desde os tradicionais rachas na avenida principal da cidade ou mesmo perseguir um veículo até preencher a barra. Se é divertido fazer isso sozinho na aventura, brincar assim com outras pessoas fica ainda mais emocionante.

Mapa amplo para explorar

O trabalho feito pela Ubisoft na reprodução de San Francisco é louvável, com ladeiras, praças e outras construções que remetem à cidade. A quantidade de ruas é impressionante, e nem mesmo o trânsito foi esquecido: não raro você estará no meio de um “pega” e vai se desdobrar para desviar de carros, caminhões e até mesmo trens. Sim, trens.

Missões e conteúdo extra para habilitar

A progressão em "Driver: San Francisco" acontece conforme você cumpre as missões obrigatórias da campanha. Entretanto, elas não são as únicas disponíveis por aqui: durante a partida, você recebe mensagens que convidam para corridas, por exemplo. Ou pode dirigir sem rumo em busca de troféus. Há muito o que explorar nas ruas de "San Francisco", o que pode tomar um bom tempo de quem gosta de completar 100% do jogo.

Pontos Negativos

Batidas sem graça

Um ponto que a Reflections deveria ter trabalhado melhor são as batidas. Essa parte fundamental de um jogo de perseguição é meio sem graça em "Driver: San Francisco". Bater em um caminhão de combustível não causa uma explosão, na verdade, o máximo que vai acontecer é dar um amassadinho e isso é um pouco desapontador.

Bater de frente em um adversário também poderia ser mais impactante, mas o máximo que acontece é fazer o carro batido girar sem controle. 

Difícil de encontrar adversários online

O modo online é bacana, mas antes de sair cantando pneus nas ruas da São Francisco virtual você vai ter sua paciência testada. Não foram raras as vezes nos testes de UOL Jogos em que não foi possível encontrar adversários.

O pior é que o game não permite cancelar a busca por jogadores depois que ela é iniciada. O usuário fica refém da boa vontade do sistema liberar os comandos para fazer outra coisa. Essa lentidão também acontece ao clicar na opção Leaderboards, uma tentativa frustrada de imitar o Autolog da série "Need for Speed". Com um sistema lento e pouco amigável, o jogador fica desestimulado a comparar seus tempos com os de seus amigos.

Não dá para mexer nos controles

Os controles de "Driver: San Francisco" não são ruins, mas algumas escolhas da Ubisoft não foram das melhores: acelerar com o botão Z, por exemplo, não é algo muito confortável para um jogador destro. Infelizmente, não há opção para personalizar os controles, é preciso se virar com a configuração oferecida pelo jogo.

Ao menos o turbo é fácil de ativar: basta chacoalhar o Nunchuk para deixar os outros carros comendo poeira.

Controles imprecisos

Em algumas missões você precisa atingir o carro adversário nas laterais ou na traseira para tirá-lo de circulação. Para isso, você deve realizar movimentos verticais ou horizontais no Wii Remote. Seria fácil e "intuitivo", não fosse pelo fato de que, mesmo com o Motion Plus equipado (o que não é obrigatório), o jogo não entende alguns comandos e você fica lá, atacando o vento.

Para os incomodados com isso, é possível "trapacear": ao apertar "+" no segundo controle, tem início uma rodada cooperativa e um personagem aparece dentro do carro, dando ao jogador a possibilidade de atirar com pistolas e escopetas contra os oponentes. Acredite: ao fazer isso, você vai abandonar o Wii Remote do primeiro jogador e utilizar o outro por um bom tempo.

Nota: 8 (Ótimo)