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F.E.A.R. 3

PABLO RAPHAEL

da Redação

09/08/2011 10h00

A Warner Bros. e o Day 1 Studios fizeram um bom trabalho em "F.E.A.R. 3", entregando um jogo de tiro que combina de maneira excelente tiroteios desafiadores e uma ambientação digna das melhores histórias de terror. Apesar da curta duração da aventura, o desafio elevado, coisa rara nos games atuais, vai agradar aos jogadores mais dedicados. O jogo oferece uma boa campanha cooperativa e algumas modalidades multiplayer que podem prolongar um pouco mais seu tempo de vida, mas os sustos de "F.E.A.R. 3" são melhor aproveitados jogando sozinho, no escuro e com o volume alto.

Introdução

Com a supervisão do diretor John Carpenter nas cenas animadas, "F.E.A.R. 3" recupera o clima de terror do primeiro jogo, que tinha ficado meio de fora no último jogo da série, lançado em 2009. O jogo traz de volta a Inteligência Artificial desafiadora, efeitos de câmera lenta e um sistema de cobertura aprimorado. "F.E.A.R. 3" inova a série com um bom modo cooperativo e avança a trama sinistra de Alma, Point Man e Paxton Fertel.

Pontos Positivos

Ambientação sinistra

"F.E.A.R. 3" é um jogo de tiro em primeira pessoa, mas que preza por uma atmosfera sinistra. Sangue e cadáveres não faltam, com vísceras expostas e outros elementos grotescos, mas isso é apenas a moldura para o verdadeiro terror do game: o Day 1 Studios, junto com o diretor John Carpenter - de "A Cidade dos Amaldioçoados", "Eles Vivem" e "À Beira da Loucura" - consegue resgatar os sustos do primeiro "F.E.A.R.", tanto nas sequências animadas quanto em rápidas passagens durante a ação, com uma combinação de suspense e efeitos sonoros excelentes.

O game é um encontro de família, mas não do tipo agradável: Point Man é uma aberração e Fettel, seu irmão, um espírito que voltou dos mortos. E Alma, sua mãe, está mais maligna do que nunca. A história, dirigida por Carpenter, é um dos pontos altos de "F.E.A.R. 3" e vale ser acompanhada com atenção. Nesse aspecto, as legendas em português são muito bem vindas.

Inimigos inteligentes

A Inteligência Artificial sempre foi um destaque na série "F.E.A.R." e no terceiro jogo não é diferente: os inimigos são espertos e se valem de todos os recursos disponíveis no cenário: jogam granadas, trabalham em equipe, tentam pegar o jogador pelos flancos e usam cobertura para se proteger. Na dificuldade mais elevada, o desafio de "F.E.A.R. 3" é de arrancar os cabelos dos jogadores desavisados.

Desafios extras

Durante o combate, Point Man pode usar coberturas do cenário, seu poder de câmera lenta e alguns golpes especiais, que são adquiridos conforme sobe de nível. A progressão envolve ganhar pontos cumprindo desafios extras, como permanecer determinado tempo em câmera lenta, matar uma certa quantidade de inimigos com cada arma, acertar tantos tiros na cabeça ou coletar impressões psíquicas em cadáveres escondidos pelo cenário, entre outras opções.

Não é preciso cumprir esses desafios, mas além de tornar a partida mais interessante, o aumento de poder liberado ao evoluir é um ótimo incentivo para explorar todas as possibilidades do jogo.

Campanha cooperativa

Na campanha cooperativa de "F.E.A.R. 3", que pode ser aproveitada tanto via internet quanto em tela dividida, cada jogador controla um dos irmãos: jogar com Point Man é idêntico ao modo para um jogador, você atira, usa cobertura, joga granadas e tudo mais, como em qualquer outro jogo de tiro. Fettel, por outro lado, é uma espécide de polstergeist, um espírito maligno capaz de possuir os soldados inimigos e disparar bolas de fogo, entre outros poderes. Infelizmente, quem joga com ele fica sem o poder de câmera lenta.

Vale notar, é possível jogar com Fettel  mesmo no modo para um jogador, terminando a campanha uma segunda vez - e vendo assim a história completa de "F.E.A.R. 3" - mas, sem o efeito de câmera lenta, as coisas ficam bem mais difíceis. Mesmo com seus poderes mágicos e sua habilidade de possuir os inimigos, o personagem parece mais apropriado para o modo cooperativo.

Variedade no multiplayer

Ainda que o principal modo de jogo de "F.E.A.R. 3" seja sua história, há uma boa variedade de modalidades multiplayer. Em "Soul King" você compete com outros jogadores e contra a máquina para conquistar a maior quantidade de almas possíveis; já em "Soul Survivor", o objetivo é transformar os outros 3 jogadores em espectros. "F*cking Run" é uma modalidade inspirada em "Left 4 Dead": os jogadores enfrentam ondas de inimigos ao mesmo tempo em que uma muralha mortal avança pelo mapa. Pior ainda, os inimigos conseguem reviver companheiros caidos, o que obriga os jogadores a fugir constatemente. Já "Finally Contractions" é similar ao modo zumbi de "Call of Duty: Black Ops": os jogadores precisam defender uma área com barricadas e sobreviver ao avanços dos inimigos pelo tempo que conseguirem.

Pontos Negativos

Curta duração

"F.E.A.R. 3" é um jogo divertido e desafiador, mas termina rápido. Dá para atravessar o game em cerca de 10 horas, dependendo da habilidade do jogador e do nível de dificuldade escolhido. Para prolongar a brincadeira, você pode jogar uma segunda vez controlando Fettel ao invés de Point Man, ou optar pela campanha cooperativa. O jogo também oferece um modo multiplayer competitivo, mas dificilmente vai garantir a longevidade do game ou a formação de uma boa comunidade de jogadores, em um ano que conta com um novo "Battlefield" e "Call of Duty: Modern Warfare 3" despontando no horizonte.

Linear demais

O maior mérito de "F.E.A.R. 3" é sua história e ambientação, sem dúvida. Porém, para manter o jogador nos trilhos e garantir o suspense e o "timing" necessários para contar a saga de Alma, Point Man e Fettel, o game se torna muito linear, com fases que muitas vezes não passam de longos corredores, com raras exceções. Os combates garantem que o ritmo do jogo se mantenha interessante, mas a exploração dos cenários é mínima.

Nota: 8 (Ótimo)