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PlayStation 3

Haze

06/06/2008

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL
Composta por alguns dos responsáveis pelos clássicos "Goldeneye" e "Perfect Dark, além da série "Time Splitters", é fácil deduzir que a softhouse Free Radical entende de jogos de tiro em primeira pessoa. A confiança na empresa é tão forte que este novo trabalho, "Haze", ganhou muita atenção da imprensa especializada nos últimos meses, mesmo diante da grande quantidade de jogos do gênero atualmente no mercado e de seus inúmeros atrasos no lançamento.

Infelizmente toda a espera e expectativa não foram correspondidas. Mesmo que haja uma mecânica bastante competente como base para o jogo, há vários fatores que contribuem para um resultado final irregular e um pouco decepcionante diante do talento dos envolvidos.

Dominados pelo vício

O enredo de "Haze" tem como base um conflito armado na América do Sul, entre forças da agência militar privada Mantel e um grupo de guerrilheiros chamado de Promised Land. O protagonista do jogo é Shane Carpenter, um dos soldados da empresa particular que são escalados para uma batalha que supostamente irá livrar a região do terror da milícia.

Durante uma série de tiroteios na floresta, desencadeados por um atentado contra um dos aviões da Mantel, Shane começa a desconfiar que há algo errado com seus companheiros e com os motivos que os colocaram naquela situação. Tudo está ligado a uma substância criada pela corporação chamada Nectar, que amplia os sentidos e habilidades de combate dele e de seus colegas, e talvez por seu uso, o herói passa a perceber alguns efeitos colaterais estranhos, que beiram a psicose.

Ao deixar de tomar a droga em determinados momentos, Shane percebe que as tropas da empresa têm um comportamento totalmente desumano e resolve desertar, mudando de lado. Ele passa então a lutar ao lado dos rebeldes, na tentativa de minar os esforços da Mantel na região e descobrir a verdade a respeito do Nectar, mesmo que para isto tenha que matar seus antigos comparsas.

A base para a história é sem dúvida interessante, novamente colocando em dúvida a ação de grupos militares privados, como ocorreu no recente "Army of Two", mas o resultado final não chega a impressionar. Shane Carpenter é um herói fraco, sem carisma, que freqüentemente não sabe o que fazer, dificultando a criação de qualquer vínculo com ele. Seus companheiros e adversários agravam a situação, uma vez que são apresentados de maneira superficial, com o uso de estereótipos manjados. Tudo isto esvazia o potencial da trama, que claramente tenta mostrar os dois lados do conflito e acaba caindo na caricatura, com direito a discursos moralistas e a um final aberto que tem a sutileza de uma granada.

Falta de equilíbrio

A falta de uma direção firme não é sentida apenas no que diz respeito à narrativa, mas também no design do jogo, que é extremamente irregular. Você começa como um soldado da Mantel, com direito a usar o Nectar para ficar mais poderoso - com ele é possível ver os inimigos brilhando no meio do mato, golpear com muito mais força e atirar de uma distância maior, além de levar menos dano. Claro que há o perigo de uma overdose, principalmente se o injetor for avariado, o que leva ao descontrole e ao possível ataque a aliados, o que causa uma tensão maior aos embates.

Mas isto dura pouco e logo Shane muda de lado, ganhando uma nova gama de habilidades dos rebeldes. Ele pode utilizar o Nectar de inimigos mortos para preparar armas que sobrecarregam os oponentes, preparar armadilhas e, como uma medida desesperada, pode se fingir de morto para, em seguida, surpreender os rivais.

Tudo isto é muito legal no papel, mas nunca funciona da maneira como deveria. Como a inteligência artificial do jogo é muito fraca, é normal ver soldados atirando a esmo quando você está longe e perceber que alguns ficam sem ação quando você se aproxima. Seus aliados também têm a irritante mania de entrar no meio do fogo cruzado sem maior cerimônia. E, depois de ver tantos padrões estranhos dos personagens controlados pelo computador, você simplesmente se cansa de tentar utilizar os recursos introduzidos pelo jogo para ir voltar para o velho e bom tiroteio direto, que felizmente funciona.

É um tiroteio à moda antiga, é verdade, com armas que não chamam a atenção, mas é divertido de jogar. A mira é precisa, os controles respondem bem e há uma diferenciação entre cada tipo de equipamento, o que mantém o interesse na característica fundamental do jogo. É o que acaba segurando as pontas na campanha principal.

Para tentar disfarçar que é uma mecânica clássica, por assim dizer, foram colocados alguns veículos que, novamente, mostram a irregularidade do jogo. Há missões interessantes com eventos em que só é preciso atirar e outras muito ruins, onde é nítida a falta de cuidado com o balanceamento, mostrando estas máquinas de guerra de maneira estranha, com problemas de física graves, tornando-os difíceis de controlar e manter.

Diversão multiplayer

Se a campanha principal decepciona, a coisa melhora bastante no modo multiplayer. Primeiro porque há uma opção de jogo cooperativo no modo de história, que pode contar com até quatro jogadores para resolver o problema da inteligência artificial quebrada de seu esquadrão. Claro que não resolve o problema da fraca narrativa e do desperdício das habilidades dos heróis, mas ajuda bastante, até mesmo na opção de multiplayer local, com tela dividida.

Outros modos contam com partidas mata-mata de sempre e um modo assault, que divide os jogadores em grupos de soldados Mantel e rebeldes da Promised Land. Ambos têm objetivos determinados, mas claro que os caminhos acabam se cruzando, o que inevitavelmente termina em tiroteios. É aí que realmente brilha a habilidade da Free Radical, uma vez que, como já citamos, a mecânica básica dos combates funciona de uma maneira muito precisa e divertida, e finalmente é possível explorar melhor as habilidades dos personagens, o que salva o jogo do fracasso total.

Embora seja competente, há poucos modos disponíveis em "Haze", o que acabam deixando-o com uma vida útil bastante curta, incluindo aí as cerca de sete horas de história. Parece que não houve muito tempo para criar mais conteúdo, o que é confirmado pela apresentação do jogo, que também é cheia de altos e baixos.

Os gráficos, por exemplo, têm uma taxa de quadros constante e contam com alguns efeitos bastante interessantes, principalmente de iluminação. É possível constatar isto logo nas primeiras fases, mas logo também nos deparamos com vários pontos negativos.

Os personagens foram criados com a partir de design pobre, com expressões frias e desajeitadas, o que piora ainda mais sua atuação na narrativa. Eles não têm uma identidade visual forte, todos são mais ou menos iguais, e seus uniformes amarelos parecem ter sido criados apenas para que você saiba em quem atirar no meio do mato. O resto dos visuais também segue o mesmo padrão, feito sem maior inspiração, que perdem ainda mais pontos diante de algumas texturas de baixa resolução, detalhes que aparecem borrados e atrapalham na imersão.

O som segue a mesma linha. Enquanto a trilha sonora parece adequada, pontuando a ação e tentando imitar o clima de um grande filme de ação, a dublagem é simplesmente vergonhosa. Com diálogos e atuações de doer, os soldados parecem ter saído de algum filme B de ação lançado nos anos 80, repetindo frases feitas e bordões a todo instante, com um nível de canastrice que beira o irritante. Por sorte os efeitos sonoros são envolventes o suficiente para tentar abafar tamanha falta de talento vocal presente no jogo.

CONSIDERAÇÕES

Considerando o glorioso histórico da Free Radical, é impossível não se decepcionar com o resultado final de "Haze", ainda mais se lembrarmos dos vários atrasos que sofreu até chegar às lojas. A história, apesar de interessante, não é explorada como deveria e você simplesmente não se importa com o que acontece e nem com quem acontece. Como agravante, esta narrativa também não cria situações suficientes para aproveitar todas as habilidades dos heróis, desperdiçando conceitos bacanas. Pelo menos há alguma chance de redenção no modo multiplayer, que conta com um modo cooperativo que melhora bastante a aventura principal e um modo assault que aumenta um pouco a vida do jogo. Mas ainda é pouco diante do potencial dos envolvidos.

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    GALERIA

    Haze (Playstation 3)

    69 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Free Radical Design
    Lançamento: 20/05/2008
    Distribuidora: Ubisoft
    Suporte: Cartão de memória
    Outras plataformas: PC X360
    RegularAvaliação:
    Regular

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