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Helldivers

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

16/03/2015 11h39

“Helldivers" é um ótimo jogo de tiro cooperativo para os consoles PlayStation. A produtora Arrowhead, bem conhecida pela série “Magicka”, mostra que, independente da ambientação (fantasia ou ficção científica) domina o gênero como poucos estúdios do ramo.

O jogo subverte as bases dos ‘top down shooters’ ao limitar a munição do jogador e tornar o uso de cada equipamento uma decisão estratégica. Não se deixe enganar pela aparência simples de “Helldivers”: o jogo esconde uma bem vinda profundidade técnica e de customização.

O sistema de comandos para solicitar apoio, armas especiais, veículos e até mesmo ressuscitar outro jogador caído dá um toque extra de planejamento e tensão para as partidas, além, é claro, do sempre divertido (e perigoso) fogo amigo.

Introdução

Em “Helldivers" os jogadores assumem o papel de soldados de elite na luta entre os habitantes da Super Terra e três espécies alienígenas que invadiram nosso canto da galáxia: os insetos, os ciborgues e os Iluminados.

As partidas levam os jogadores para vários planetas gerados de forma aleatória, onde cumprem missões que garantirão alguma vantagem estratégica para o exército terráqueo - literalmente, cada vitória rende pontos de Influëncia em um metajogo que se estende por 4 a 6 semanas.

“Helldivers" é um jogo que faz valer a máxima "fácil de aprender e difícil de dominar”. É um game de tiro visto do alto como “Dead Nation” (PlayStation) ou, até certo ponto, “Zombie Apocalypse” ou “Halo: Spartan Ops” (PC e Xbox), mas ao mesmo tempo, um jogo com elementos que o tornam único no gênero.

Pontos Positivos

Cooperação empolgante

As partidas de “Helldivers"  rolam em mapas gerados de forma aleatória, a partir de elementos predeterminados - mais ou menos como os mapas de “Diablo III”, por exemplo. Cada missão oferece um ou dois objetivos e em alguns casos, tem além dos inimigos, obstáculos do próprio terreno. Isso faz com que seja preciso planejar bem os movimentos, desde o pouso no planeta até as rotas entre os objetivos, principalmente nos níveis mais avançados.

Além disso, a munição limitada e o tempo de espera para reutilizar recursos (como torres de metralhadoras, veículos, armas pesadas e drones) tornam o jogo mais tenso, numa subversão simples e eficiente das convenções dos ‘top down shooters’: em “Helldivers”, os inimigos são infinitos, mas a munição dos jogadores não. Aqui, cada bala conta.

O tempo de recarga dos recursos, junto com o sistema de comandos que precisam ser digitados com as setas do controle para solicitar o item desejado (e também para ressuscitar colegas caídos) fazem a adrenalina subir nos momentos finais de cada missão, quando o grupo espera a chegada da nave de resgate, invariavelmente lidando com ondas matadoras de inimigos.

Por fim, o fogo amigo é um elemento de caos, que rende boas risadas e o fim (temporário, espero) de amizades. No meio do combate, correr pelo mapa pode levar ao fim prematuro do personagem, muito provavelmente pelos tiros dos companheiros ou de suas próprias torretas ou minas terrestres - ou até mesmo atropelado por um veículo aliado.

Personalização

“Helldivers" oferece muitas opções de personalização, recompensando o progresso do jogador constantemente. Itens de personalização não se limitam aos elementos estéticos (com trajes claramente inspirados em jogos como “Destiny" e “Killzone”), mas incluem vantagens, armas (e suas melhorias) e equipamentos de suporte. Construir a ‘build' mais adequada é essencial para a vitória na luta contra os alienígenas.

Ambientação

As partidas de “Helldivers" fazem parte de um cenário maior, a guerra da Super Terra contra as três raças alienígenas (insetos, ciborgues e Iluminatus), que querem apagar nossa existência da galáxia. O jogo é cheio de pequenos textos, em formato de noticiário e anotações enciclopédicas que retratam a sociedade ultramilitarizada da Super Terra - que lembra o cenário de "Starship Troopers".

Cada vitória no jogo soma pontos de influência para o exército terrestre, em uma metacampanha que dura entre 4 e 6 semanas. No fim do período (que antes do lançamento do game teve a duração reduzida para uma semana), os participantes são informados se a Super Terra venceu os alienígenas ou se foi derrotada. É um detalhe bacana, que transforma cada partida em parte de um esforço coletivo maior - ainda que a diversão de “Helldivers" esteja mesmo no calor de cada pequena missão.

Pontos Negativos

Não é tão legal sozinho

Jogar “Helldivers" sozinho é divertido e é uma boa maneira de aprimorar habilidades e desbloquear novos equipamentos e melhorias. Mas não espere vencer as missões mais avançadas bancando o lobo solitário. A galáxia é cheia de perigos e é melhor avançar acompanhado.

Progressão lenta

O sistema de progressão é um tanto lento, não só no avanço do jogador pelos muitos níveis de evolução e o desbloqueio de equipamentos, como também na metacampanha (a produtora já planeja ajustes para isso). O game fica mais divertido conforme você consegue equipamentos mais complexos, mas isso leva tempo e requer muita dedicação, jogando novamente as mesmas missões - mesmo quando o desafio não parece mais tão elevado - antes de avançar para valer.

Falhas técnicas frustrantes

“Helldivers" não está livre de sua cota de ‘bugs’. O mais infame envolve a perda do progresso do jogador quando, por descuido, o controle fica sem bateria. Com o ritmo lento de progressão, ver seu Helldiver de nível 20, cuidadosamente aprimorado, ser revertido para o nível inicial é bastante desanimador. Outra falha irritante reportada pelos usuários envolve um pacote de atualização que nunca termina de ser baixado para o console. Como o game exige conexão online para jogar, não conseguir atualizar significa não conseguir entrar no jogo. A Arrowhead já informou estar ciente dessas falhas e está trabalhando em correções.

Nota: 8 (Ótimo)