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Killzone 3

25/02/2011 12h32

Na guerra só sobrevive quem tem miolos. Isso é fato. Não adianta sair correndo pra cima do inimigo como se fosse uma batalha campal - é necessário ter calma, ser estratégico e mortal. E Tomas Sevchenko (conhecido como Sev) tem essas qualidades, mas também sabe agir quando está cercado por soldados Helghast.

É com este homem que o jogador vai encarar "Killzone 3", o segundo game da série que chega ao PlayStation 3 e que se tornou um dos principais jogos de tiro em primeira pessoa do console. É com os olhos dele que os jogadores enxergam um dos games mais impressionantes do videogame da Sony.

Faca no olho

A história de "Killzone 3" não é uma das melhores que temos por aí. O game continua do mesmo ponto que terminou o segundo game, ou seja, para compreender toda a trama é necessário jogar o anterior de cabo a rabo. Para os apressados existe a opção de assistir ao resumo dos eventos, que até funciona, mas não consegue mostrar com eficiência o laço que se forma entre o protagonista e seu companheiro de guerra, Rico.

Veja trailer em português do Brasil
Tudo começa do lado de fora da fortaleza de Visari, grande líder do planeta Helgan que morreu como um mártir nas mãos de Rico, que desobedeceu a ordem de capturá-lo. Agora, além de furiosos, os vilões têm a inspiração certa para seguir sua revolução contra as forças da Interplanetary Strategic Alliance (ISA). Em paralelo a isso, o centro político de Helgan é movimentado pela sucessão de Visari entre o general Orlock e o presidente da indústria armamentista do planeta, Jorhan Stahl.

Porém, o desenrolar da história tem seus tropeços de roteiro com reviravoltas em demasia e momentos pseudodramáticos que poderiam ser melhor dosados. Em todos os segmentos os soldados gritam uns com os outros como se estivessem a quilômetros de distância, ou fazem drama por motivos banais. Além disso, a campanha acaba como um susto, sem o clímax para mostrar que o game está chegando ao final.

Já a aguardada dublagem em português tem seus pontos fortes e baixos. Um deles está em erros bobos, como toda vez que Rico se dirige para Sev falando no plural. Parece que o protagonista vale por um exército inteiro, já que ouve frases como "vocês devem seguir por aqui" ou "eu estou do lado de vocês". As vozes parecem ter vindo de um filme de ação desses que a gente vê na televisão no meio da tarde, o que pode parecer estranho por algum tempo, mas depois de algumas horas soa até natural. Essa é uma boa pedida para aqueles que têm dificuldades com o inglês e é um bom passo na direção certa para o público brasileiro. Os puritanos não se decepcionam, pois existe a possibilidade de ouvir o áudio original.

Por Visari

Se a história do jogo é um pouco fraca, o mesmo não se pode dizer de todo o resto, que é bem acabado e consistente. A diversidade de cenários no modo de campanha, por exemplo, se alterna entre ambientes abertos e fechados, com muitos locais para utilizar a mecânica de andar e se esconder consagrada em "Killzone 2". E mesmo assim é difícil encontrar um local 100% seguro, isso porque a inteligência artificial não poupa balas para mandar Sev para o além caso esteja desprotegido. Além disso, os inimigos fazem de tudo para que o jogador não fique parado no mesmo lugar por muito tempo, arremessando granadas e criando cercos mesmo na dificuldade normal.

Cenas do modo multiplayer
A seleção de armas está em alta e o jogador tem diversas opções espalhadas pelos cenários. Rifles, metralhadoras e escopetas fazem pares com lança-chamas, pistolas explosivas e uma "metralhadora de mísseis" que dispara diversos foguetes nos adversários. Além disso, existem diversas seções a bordo de veículos, como robôs, tanques de guerra e a grande vedete mostrada em diversos trailers: o Jet Pack. Com essas armas o jogador se sente poderoso, mas não onipotente. São fases cheias de ação e que exploram muito bem o material oferecido.

Os controles quase se tornam parte do corpo do jogador, com respostas rápidas e precisas, seja usando um DualShock 3 ou o PlayStation Move. O game tem uma configuração própria de botões ou pode adotar o sistema "padrão" apresentado na série "Call of Duty", de qualquer forma, não existe uma fase de aprendizado, pois tudo é muito natural.

Já com o PlayStation Move a coisa vai além, pois a precisão do aparelho é de fato surpreendente, sem contar o inteligente mapeamento de botões que deixa a experiência ainda mais prazerosa. O mais interessante é que existem partes específicas desenvolvidas para o controle sensível a movimentos, como as cenas sobre trilhos em veículos. A adrenalina é tanta que parece que o game muda. Entretanto, é necessário dizer que é imprescindível ter à mão um Navigation Controller, já que é desconfortável usar o DualShock 3 como controle para movimentação.

Primazia técnica

"Killzone 3" atinge um novo nível gráfico que enche os olhos. Os cenários são esplendorosos e ricos em detalhes. As cores supersaturadas dão a atmosfera de desespero e perigo que se esconde pelos cantos de Helghan. Em nenhum momento existe queda nos quadros de animação, mesmo quando diversos elementos estão em movimento causando o caos na tela. A fluidez na animação se perde um pouco apenas ao jogar em 3D, visto que o efeito exige mais do processamento do videogame, mas em troca o jogador é brindado com uma das experiências mais polidas do PS3, com nitidez de imagem e boa sensação de profundidade utilizando óculos tridimensionais.

Entrevista exclusiva com o produtor
E esses momentos de glória se estendem também pelo robusto modo multiplayer. Existem as mais diversas opções, como o clássico mata-mata individual. Mas o cerne está na indispensável modalidade por objetivos que possui mapas equilibrados e gigantescos. Nenhum dos dois lados fica em desvantagem e para se dar bem o que conta é realmente a perícia do jogador. O game conta com um belo sistema de evolução de classes, no qual os jogadores passarão os próximos meses se esforçando para chegar ao nível máximo em todas.

O único porém para modo multiplayer fica para o modo cooperativo que só pode ser aproveitado com tela dividida. A Guerrilla Games poderia ter elaborado um sistema online para esta porção do jogo para poder ser aproveitada por todos os jogadores.

Nota: 9 (Excelente)