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Kingdom Hearts 1.5 HD ReMIX

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

22/01/2014 08h00

Nenhuma outra produtora conseguiu até hoje reproduzir o combate ágil e cinematográfico que a Square criou para "Kingdom Hearts". Jogos como "Birth by Sleep" e "Dream Drop Distance" incrementaram sua fórmula básica de várias maneiras, mas as origens do maior mérito da série continuam perfeitamente visíveis mesmo em suas versões mais recentes.

Mesmo se jogado em 2014 no PlayStation 2, "Kingdom Hearts" ainda é um dos melhores jogos que o gênero tem a oferecer. No PlayStation 3, o RPG de ação brilha ainda mais por causa da qualidade de imagem.

"Re:Chain of Memories" complementa o pacote com uma mecânica de jogo diferente, envolvendo o uso de um deck de cartas no lugar de simples comandos.

O maior problema de "1.5 ReMIX" é o fato de que a coletânea reproduz com extrema fidelidade o material original, e assim não corrige a maior parte dos problemas que impediam os games de PS2 de serem irretocáveis.

Introdução

Hoje uma franquia com identidade própria e completa independência, "Kingdom Hearts" nasceu como uma simples mistura dos mundos da Disney e da Squaresoft. "1.5 ReMIX" retrata o início dessa trajetória com versões remasterizadas dos dois primeiros games da série, além de cenas animadas retiradas do capítulo que os conecta a "Kingdom Hearts II".

Em alta definição, "Kingdom Hearts" e "Kingdom Hearts Re:Chain of Memories" apresentam aos jogadores o universo em que vivem Sora, Riku e Kairi, três crianças que acabam puxadas para dentro de um conflito entre a luz e a escuridão.

Após uma série de estranhos sonhos e o aparecimento de um homem encapuzado, o garoto Sora acaba vendo seus dois melhores amigos desaparecerem. E o mesmo acontece com ele, que acaba em um mundo diferente do seu e encontra Donald, Pateta e Pluto.

Pontos Positivos

Aventuras envolventes

A trajetória de um fã de "Kingdom Hearts" é previsível. A maioria deles começa a jogar na esperança de ver mundos Disney e aparições de figurões de "Final Fantasy", mas rapidamente acaba absorvida pelo conto de Sora e companhia.

Carismático, o herói consegue ter destaque mesmo em um grupo que inclui os amados Donald e Pateta. E seus conflitos, internos ou não, se desenvolvem de maneira intrigante, utilizando os heróis e vilões da Disney como meros degraus. Ao chegar em "Re:Chain of Memories", estes já estão completamente escondidos na sombra da trama original da série.

A combinação entre rostos familiares e novos mistérios faz com que as horas passem rapidamente e despercebidas no mundo de "Kingdom Hearts".

Combate viciante

A cada novo nível alcançado, o combate de "Kingdom Hearts" fica melhor. Na medida em que Sora e companhia aprendem novos comandos, a ação torna-se mais frenética e envolvente - sem nunca perder o sentido ou chegar ao ponto de tornar-se caótica.

Sora luta com a graça que Lightning e seus companheiros demonstram em "Final Fantasy XIII", com a diferença de que em "Kingdom Hearts" tudo é controlado em tempo real. Mais que divertido, destruir hordas de Heartless com combos é algo bonito de ver. Isso dá um caráter quase hipnótico às lutas do game original.

Com um ritmo mais cadenciado, "Re:Chain of Memories" oferece embates regulados por um sistema de cartas, que determinam a quantidade de ações que Sora pode realizar mas não tira do herói sua livre movimentação pelos cenários. É diferente, mas igualmente satisfatório.

Muito conteúdo

Para ver tudo o que "1.5 ReMIX" oferece, um fã precisa reservar perto de 150 horas de tempo livre.

Só o "Kingdom Hearts" original já oferece, além de uma duradoura campanha, uma série de segredos, colecionáveis, chefes opcionais extremamente difíceis, e mais. Já "Re:Chain of Memories", ao aparentemente acabar, abre as portas para uma segunda jornada de tamanho comparável à primeira.

As cutscenes de "Kingdom Hearts 358/2 Days" em atla definição servem como um mero bônus em um pacote que já seria uma das mais generosas coletâneas HD mesmo sem elas.

Pontos Negativos

Problemas do original

O sistema de câmera de "Kingdom Hearts" passa longe de ser ideal. Na época do lançamento original do game, ele servia para o gasto - mas, hoje, não pode ser chamado de nada além de ultrapassado.

Sem corrigir os problemas com a câmera, que confundem nos momentos mais frenéticos da ação e podem custar algumas batalhas, "1.5 HD ReMIX" peca por ser fiel demais ao material original.

Essa falha também é demonstrada pelas partes do game em que o jogador é obrigado a controlar a Gummi Ship em estágios de tiro. Inimigos e obstáculos aparecem repentinamente na tela como na época do PS2, e o sistema de controle é muito mais complicado e obtuso do que deveria ser.

Nota: 8 (Ótimo)