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PlayStation 3

LittleBigPlanet

31/10/2008

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
Não é de hoje que a Sony busca uma nova mascote. É principalmente no PSP que a companhia tem buscado fazer jogos que apelam para uma população mais ampla, como faz a Nintendo, e dessa postura saiu games encantadores, como "LocoRoco" e "Patapon". Já no PlayStation 3, esse papel certamente cabe a "LittleBigPlanet", da Media Molecule, um conto de fadas em forma de jogo.

O carisma de Sackboy
Na verdade, "LittleBigPlanet" não é apenas um game. É também uma fascinante ferramenta de criação em que a imaginação é o limite, uma espécie de Lego do século 21 e da era digital. Antenado nos novos tempos, a Media Molecule sabe da imensa criatividade dos usuários - vide fóruns de internet e o YouTube -, e por isso, concebeu um game no qual podem se expressar. E, a julgar pelos primeiros resultados, acertou em cheio na decisão.

Como antigamente

Analisando friamente, "LittleBigPlanet" nada mais é que um jogo de plataforma com visão lateral. Nesse sentido, não difere muito de clássicos da década de 1980 ou 1990, como "Super Mario Bros." ou "Sonic". É isso mesmo: é daqueles games de andar basicamente da esquerda para a direita, superando diversos tipos de plataformas e inimigos. E pegar muitos itens, é claro. São inúmeros materiais, objetos, estampas e roupas, alguns para modificar o cenário, outros, para enfeitar próprio Sackboy, o boneco de estopa que protagoniza o jogo.

Ele tem carisma, mas não se destaca pelas habilidades: não pula alto como o Mario e é uma lesma se comparado a Sonic. O simpático bonequinho tem apenas um pulo básico e consegue pegar objetos (e também se agarrar em alguns cenários). O único diferencial do game é que o cenário é composto por três planos: fundo, frente e uma posição intermediária.

O jogador pode transitar pelos planos quando quiser, mas, muitas vezes, a passagem é automática, principalmente no salto. Assim, o sistema escolhe automaticamente um plano que tenha um lugar para colocar os pés. Mas, como se sabe, há facilidades que acabam complicando, e não é raro o jogador ir parar onde não queria. Por isso, sempre que puder, o próprio usuário deve controlar a transição entre os planos.

Sonhos infantis
A mecânica de jogo pode ser simples, mas os controles têm lá suas particularidades. O game tem uma simulação de física robusta e nem sempre o salto sai na altura e distância desejada. Se estiver descendo um degrau, por exemplo, as chances são de que o pulo seja mais baixo que o normal. Além disso, há a inércia, e isso faz com que o personagem não ande ou pare (principalmente durante o salto) no lugar desejado. Enfim, apesar do esquema de controle simples, demora-se algum tempo para pegar o jeito.

Design brilhante

Na entanto, se a mecânica é básica, a construção de fases não é menos que fantástica. Sackboy conquista corações logo de cara, e a tela de créditos é uma demonstração do que vêm por aí. O ambiente é aconchegante como um conto de fadas. No começo, a única opção é o modo Story, que, como de costume, serve como tutorial para sacar o jogo. As fases iniciais são fáceis, ideais para quem está começando, mas, mais para frente, o desafio fica bem maior.

Além do clima de livro de fantasia, o game conquista pelo design inteligente das fases. É incrível a criatividade de alguns enigmas, artefatos e armadilhas. No decorrer dos estágios o jogador anda de skate, usa mochilas voadoras e pilota carros. É pouco provável que se consiga pegar todos os itens de uma área numa única jogada, afinal há muitas coisas escondidas e eventos que só são acionados quando se tem uma determinada estampa. Também há muitas seções em que é necessária a participação de mais jogadores.

O modo de história possui pouco mais de 20 fases (e as chaves liberam cerca de 30 desafios) e um jogador com alguma habilidade consegue terminar o jogo em cerca de seis horas. Mas a diversão de "LittleBigPlanet" não pára por aí, pois o título oferece um robusto editor de fases. Na verdade, o jogador pode fazer arte a qualquer hora, seja modificando o Sackboy (há uma quantidade enorme de acessórios para ele) e enfeitando o cenário com os mais variados adesivos e objetos.

Criando o próprio mundo

Construção de cenários
Mas é com o editor que se tem a liberdade de construir de verdade as fases. A utilização é relativamente simples, mas o conjunto de ações é bem extenso. Cada um dos comandos tem um tutorial próprio, e apenas para fazer esses treinamentos consome-se muito tempo. Mas não é nada comparável a montar uma fase completa. A liberdade é incrível e, com imaginação, é possível transcender o gênero: entre as fases compartilhadas por outros usuários há games de lógica, clipes de música e recriações de clássicos, como "Space Invaders", "Pac-Man" e "Shadow of the Colossus". O editor vai além da construção de cenários, permitindo definir as ações de objetos como interruptores. No entanto, a dificuldade cresce muito quando se tenta fazer objetos móveis.

Todos esses elementos são muito bacanas, mas o aspecto primordial de "LittleBigPlanet" é mesmo os recursos online. As fases ganham outra dimensão quando há mais jogadores. Seja para superar os enigmas que demandam cooperação ou simplesmente para estapear um ao outro, o modo multiplayer é muito mais divertido (e engraçado). É uma pena que a câmera não ajude muito, pois ela tende a ficar mais afastada, tirando a precisão dos saltos.

É muito simples jogar online. Basta o PlayStation 3 estar conectado à internet e escolher "Play online" numa fase. Assim, o sistema procura outros jogadores que também fizeram essa opção. O desempenho dos servidores foi bom nos testes (o mecanismo parece procurar as conexões que produzam menos lags), mas, ainda assim, muitas fases criadas por usuários falharam em carregar.

Pequena grande comunidade

O sistema de comunidade também bem robusto. Há várias maneiras de comunicação, incluindo chat de voz, conversa por texto e expressões corporais do próprio Sackboy: ele mexe os braços com os botões L2 e R2 e os direcionais, a cabeça e o tronco chacoalhando o controle, e faz caras e bocas ao manipular o direcional em forma de cruz.

Também é possível dar notas para as fases criadas pelos usuários e atribuir "tags". Assim, fica fácil procurar uma fase associada a uma palavra-chave, ainda que esse sistema não seja perfeito. O jogador também pode "favoritar" fases e usuários. Aliás, explorar todos esses sistemas de comunidade rende troféus para o usuário.

O visual de "LittleBigPlanet" é encantador, com um estilo visual único. É como se todo o cenário fosse feito de brinquedos e recortes, e de objetos de vários materiais: madeira, pano, veludo e vidro são alguns deles. Na verdade, qualquer fase, assim como o próprio Sackboy, é como uma tela: está aí para ser rasurado a gosto do jogador.

Libere sua imaginação
A trilha sonora é feita por artistas independentes e esbanja personalidade. Os gêneros são variados e tenta contemplar diversas culturas, de acordo com as fases do game, que incluem paisagens africanas, a cultura americana dos carros e os ninjas japoneses. Enfim, é daquelas seleções musicais ao mesmo tempo esquisitas, mas que fazem sorrir. O toque final de conto de fadas, elegante e gentil, vem da narração do comediante inglês Stephen Fry.

CONSIDERAÇÕES

"LittleBigPlanet" não é apenas um ótimo game de plataforma, que ao mesmo tempo resgata os origens do videogames e explora novos desafios em termos de design de fases. Os estágios feitos pela Media Molecule, brilhantes por sinal, são apenas o pretexto para apresentar uma outra maneira de ver os games. Com um editor fácil de operar mas com recursos ricos, dá ao jogador uma ferramenta para a criação de novas brincadeiras e, o melhor, permite compartilhá-las com a comunidade. No final, o que vai determinar a longevidade do game é a participação dos jogadores. Esse espírito da web 2.0 já deu resultado na internet: o YouTube que o diga.

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    GALERIA

    LittleBigPlanet (Playstation 3)

    192 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Media Molecule
    Lançamento: 28/10/2008
    Distribuidora: Sony Computer Entertainment America
    Suporte: Cartão de memória
    ImperdívelAvaliação:
    Imperdível

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