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Mercenaries 2: World in Flames

05/09/2008

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL
Cercado por vários atrasos e polêmicas, finalmente "Mercenaries 2: World in Flames" deu o ar da graça, após gerar bastante expectativa na indústria e entre os fãs do competente jogo original, "Mercenaries: Playground of Destruction", lançado em 2005 para Playstation 2 e Xbox. Infelizmente o resultado final se torna decepcionante quando percebemos que a continuação é, de certa maneira, uma mera transposição mal-planejada do anterior para as plataformas recentes.

Guerra na Venezuela

Improvise à vontade
Uma das grandes polêmicas causadas por "Mercenaries 2: World in Flames" ocorreu logo depois que a produtora Pandemic anunciou que o cenário do jogo seria a Venezuela. Não demorou para o presidente do país, Hugo Chávez, sempre feliz em ter qualquer pretexto para aparecer na mídia, surgir condenando a idéia e acusando o game de servir como uma propaganda americana contra seu governo - potencializado, tempos mais tarde, pela informação de que Bono, humanitário e vocalista do U2, seria sócio de um dos fundos de investimento que bancam a softhouse. Geralmente este tipo de controvérsia serve apenas para apimentar e aumentar o burburinho em torno de algum produto, e com o título não foi diferente.

O problema é que a decisão aparenta ter sido planejada apenas para isso, ou seja, gerar publicidade, o que parece ter sido confirmado pela falta de empenho da softhouse em tentar minimizar as acusações e pelo roteiro genérico desenvolvido pela mesma.

O primeiro jogo, por exemplo, mostrava o trio de protagonistas em outro cenário real, no caso a zona desmilitarizada que separa a Coréia do Sul da Coréia do Norte. Claro, com muitas liberdades, colocando tudo em um futuro breve com uma iminente unificação entre os países e interferências de outras facções no processo, como as forças ocidentais, os chineses e até a máfia russa. Foi um pano de fundo interessante, em uma região única no planeta, que rendeu uma base sólida para uma aventura com toques militares, ou seja, havia uma justificativa para tal escolha, o que não acontece em sua continuação. O uso da Venezuela, aqui, parece ter sido calculado apenas para ganhar atenção no jornalismo fora do espectro de entretenimento, uma vez que a trama poderia acontecer em qualquer lugar do mundo com um mínimo de instabilidade política e qualquer recurso natural.

Guerra na Venezuela
Na nova trama, protagonista que você seleciona - nenhum dos três, aliás, tem grandes variações no desenvolvimento - é traído durante um serviço para um milionário venezuelano e resolve se vingar, mesmo depois do sujeito tomar o poder do país com ajuda de forças armadas e tentar controlar instalações de petróleo. Como parece que não atuam por lá tantas organizações interessantes para serem apresentadas como facções como no primeiro jogo - ou a produtora não se deu ao trabalho de pesquisar -, a solução foi para forçar a barra. Quando não reciclaram, chutaram o balde, trazendo de volta desde os onipresentes soldados chineses às tropas de paz ocidentais e inserindo na confusão até mesmo um grupo de piratas rastafári, em um roteiro que faz com que alguns dos piores filmes do Chuck Norris pareçam originais e com diálogos profundos.

Reciclar para piorar

Em uma hora dessas o fã mais fervoroso se levanta da cadeira, bate na mesa, respira fundo e pensa que a história é o que menos importa, desde que "o jogo seja bom". Isto que dizer que, dentro do universo da série, você ainda seja capaz de andar pelos cenários amplos no melhor estilo "Grand Theft Auto", comprando armas pesadas, pilotando veículos de assalto e destruindo o que bem entender.

E realmente, olhando por este ângulo, "Mercenaries 2: World in Flames" se sai bem melhor. Ao completar missões, desde escoltar alguém a explodir pontos estratégicos, você evolui dentro da narrativa e tem a possibilidade de comprar mais instrumentos de destruição. É sempre um grande prazer mandar soldadinhos pelos ares com um lança-granadas, levando embora alguns muros e árvores como efeito colateral, ou mesmo chamar um ataque aéreo para tornar as explosões bem mais dramáticas e abrangentes. Dá para perder algumas boas horas de sua vida assim, enquanto é apresentado aos aspectos fundamentais do jogo.

Destruição e caos
Só que tudo fica velho muito rápido quando percebemos que é só o que há para fazer. Você pode, claro, comprar os equipamentos e entrar em negociação com as facções para buscar tarefas paralelas, mas é algo que já vimos no jogo anterior. Não há nada substancialmente novo, como uma mera recauchutagem dos elementos básicos e sem nenhum frescor ou inspiração, com uma nova demão de tinta e uma série de problemas inoportunos.

Bugs sem fim

Isto mesmo, o jogo é bonitinho, com efeitos de luz que enchem os olhos e um monte de explosões muito bacanas, mas no fundo é bem ordinário. Se fosse apenas a velha mecânica com belos gráficos e áudio, poderia se sustentar por mais tempo sem o apoio de uma narrativa decente, mas não é o que acontece. Como um produto que claramente sofreu problemas durante sua produção e teve seu lançamento apressado, o jogo sofre com os mais variados e absurdos bugs, além de escolhas infelizes em seu design.

Não há nada mais desolador do que tentar emboscar um inimigo pelas costas, dar alguns tiros no sujeito à queima-roupa e ele não morrer - ou sequer esboçar alguma reação. Ou sair correndo para algum veículo e perceber que o seu aliado, controlado por computador, deu no pé sem motivo aparente. Há também as várias ocasiões em que você agarra em uma pedra, uma palmeira, uma parede ou até mesmo em lugar nenhum.

Equipamento pesado
O brutal, no fim das contas, é perceber que o poderoso tanque de guerra que você roubou e utilizou para atropelar vários soldados e jipes sem levar nenhum arranhão, acaba tomando danos ao esbarrar em alguma mureta de madeira ou mesmo um hidrante. Sem contar o relacionamento básico entre você e seus clientes - basta completar as missões para que eles fiquem felizes com você, mas basta um tirinho errado no pé de alguém para transformá-lo em seu pior inimigo. Bem, talvez o uso de guerrilheiros sensíveis seja uma inovação mal compreendida.

O uso de partidas cooperativas online ameniza um pouco desses problemas. Você pode chamar um amigo para encarar o jogo principal ao seu lado, o que torna o ato de destruir coisas bem mais divertido. E se algum desses problemas acontecer, você tem alguém para quem mostrar e rir junto, em vez de ficar passando raiva sozinho.

CONSIDERAÇÕES

"Mercenaries 2: World in Flames" é uma grande decepção. O primeiro jogo pode não ter sido original, mas era consistente e garantiu uma experiência bastante satisfatória. Já este sofre de todo tipo de problemas, desde a elaboração de seu enredo até a programação mais básica, repleto de falhas de design e bugs que chegam a interromper seu avanço na trama. Ainda há alguns momentos de diversão, uma vez que o arsenal à disposição é grande, faz muito estrago e você pode chamar um amigo para se juntar a você. Mas é um resultado final muito fraco diante do potencial da empresa e da expectativa criada.

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    GALERIA

    Mercenaries 2: World in Flames (Playstation 3)

    69 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Pandemic Studios
    Lançamento: 31/08/2008
    Distribuidora: LucasArts
    Suporte: Cartão de memória
    Outras plataformas: PC X360 PS2
    RegularAvaliação:
    Regular

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