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Metal Gear Solid HD Collection

Akira Suzuki

Do UOL, em São Paulo

12/01/2012 09h32

"Metal Gear Solid HD Collection" não é uma simples coletânea de games antigos: pela importância que a série carrega, é quase um documentário retratando a evolução da franquia - indo desde os primeiros games em 8 bits até o mais recente "Peace Walker" - e dos videogames como um todo. Mesmo com alguns elementos datados, são games que enriquecem a memória de qualquer jogador. A coletânea apenas não tem tanto valor para quem já jogou ou possui os títulos, mas como "Peace Walker" foi pouco difundido e teve uma adaptação excelente nesse pacote, só ele já vale a coleção.

Introdução

A franquia "Metal Gear Solid" gerou diversos clássicos, principalmente nas plataformas da Sony, e numa época em que as coletâneas em alta definição se tornaram moda, nada mais natural que as aventuras bélicas de Hideo Kojima fossem escolhidas pela Konami para serem apresentadas às novas gerações. Tratam-se, sem dúvida, de obras tecnicamente brilhantes, cada uma à sua época, mas, mais que isso, "Metal Gear" é a expressão de um criador, algo bem raro nesses tempos de produção industrial. Maluquices de Kojima à parte, a coleção se mostra bem servida, pois traz três games: "Metal Gear 2", "3" e "Peace Walker" (e os dois primeiríssimos games da série, feitos para MSX2, como bônus).

Pontos Positivos

São clássicos reunidos

"Metal Gear Solid HD Collection" traz alguns dos games mais consagrados em seus consoles e em suas épocas. "MGS 2: Sons of Liberty" representou um salto de qualidade, quando as produtoras finalmente estavam conseguindo tirar mais proveito do PlayStation 2. Trata-se de um episódio polêmico, que deixou de lado um personagem carismático (Solid Snake) por um que não inspirava muita masculinidade (Raiden). Hoje fica claro que era uma armadilha do criador, mas isso é um mero detalhe, pois, no fundo, havia aquele game de enredo irresistível - ainda que com muitos absurdos.

Já sua continuação, que, na verdade, volta ao passado, é um dos melhores jogos da biblioteca do PlayStation 2. Amado por uns, odiado por outros, o estilo de Kojima de intercalar jogo e longas seções de cenas não interativas chegou ao ápice. A mim, esses filmes nunca me incomodaram, pois tinham um enredo bem construído e, acima de tudo, personagens fascinantes (The Boss é uma das mais marcantes de todos os tempos). Os chefes, particularmente, brindam o jogador com algumas das mais brilhantes batalhas que os videogames já viram, e a mentor de Snake rouba a cena aqui também, num confronto final esplendoroso.

Melhorias bem-vindas, principalmente em "Peace Walker"

Além do óbvio benefício que a alta definição proporcionou (principalmente em "Metal Gear Solid 3", em que as cenas de floresta e as figuras humanas se mostram mais exuberantes que nunca), em "Peace Walker", as melhorias foram bem além. Os controles do PSP limitaram as ações dos personagens, mas, na conversão para o PlayStation 3, o mapeamento de funções ficou muito mais natural com o DualShock 3 (principalmente no que se refere ao comando da câmera).

Outra diferença dramática é o multiplayer cooperativo, que agora é online. Isso se torna importante na medida em que as missões ficam muito mais fáceis - e divertidas - com a ajuda de outros jogadores. Há claramente missões em que, sozinho, demanda um esforço muito grande: alguns chefes, por exemplo, aguentam mais tiros que o arsenal suporta, obrigando o jogador a pedir suprimento extra durante a partida.

Conteúdo extenso

Claro, com três jogos (cinco, a rigor) no pacote, há muita coisa para explorar. Mas também contribui o fato de que, "Peace Walker", sozinho, já traz uma grande quantidade de conteúdo: além das missões principais (com opção de partidas cooperativas), há uma centena de objetivos opcionais, multiplayer online e minigames (administração da base, desenvolvimento de armas, recrutamento e batalhas por turnos). Enfim, não dá para reclamar da quantidade (nem da qualidade) de conteúdo.

Melhorias bem-vindas

O principal benefício da edição "HD", como o nome diz, são os gráficos em alta definição, principalmente em "Metal Gear Solid 3", em que as cenas de floresta e as figuras humanas se mostram mais exuberantes que nunca. Não chega no mesmo nível das edições para consoles, mas, o jogo fica bem bonito na tela OLED do PlayStation Vita.

A falta dos dois botões de ombro em relação ao controle do PlayStation 2 foi bem contornado, às vezes com o benefício da intuitividade, pelas telas de toque do portátil. Agora, por exemplo, basta tocar nas caixas de armas e itens para fazer aparecer as opções e escolher o que quiser. Além disso, o jogador pode espiar pelos cantos tocando as telas. Somente a precisão das alavancas direcionais que está menor que nas versões para consoles, mas muito mais por limitações da máquina que culpa do jogo.

Pontos Negativos

Nem tudo foi melhorado

Em geral, a adaptação dos jogos do pacote "Metal Gear Solid HD Collection" foi boa, mas há brechas para melhorias. Um desses aspectos são as cenas não interativas de "Peace Walker", que é uma espécie de quadrinho animado. Pois então, as imagens são de baixa resolução, iguais às do PSP. É uma pena, pois os traços do diretor de arte Yôji Shinkawa e do ilustrador Ashley Wood seriam valorizados. Outro problema diz respeito aos "saves", principalmente em "Metal Gear Solid 3", em que o acesso é especialmente demorado.

Não vem com "Peace Walker"

Entende-se a decisão da Konami, já que "Peace Walker" pode ser comprado na PlayStation Store e funciona perfeitamente no Vita. Mas fica sem as melhorias vistas na versão para consoles, como a melhoria dos controles e o multiplayer online. Além disso, o recurso de transferir "saves" de "Peace Walker" não funciona no Vita: é preciso usar um PSP para isso. Em "Metal Gear Solid 2" e "3", o "transfarring" acontece direitinho. No final, quem tem um Vita, acaba pagando US$ 20 a mais para ter o mesmo conteúdo dos "HD Edition" para consoles.

Menor visibilidade

Sendo um jogo para consoles, "Metal Gear Solid 2" e "3" foram projetados para jogar numa TV, e não numa tela de 5 polegadas, por melhor que ela seja. Assim, por vezes, é difícil acompanhar o personagem, principalmente em "MGS 2", que usa bastante efeito de "borrão". O reflexo da tela também não ajuda.

Nota: 9 (Excelente)