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PlayStation 3

MotorStorm

16/03/2007

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
Voltando no tempo, mais precisamente à feira E3 de 2005, "Killzone" e "MotorStorm" se envolveram numa polêmica. Ambos foram apresentados pela primeira vez para o mundo, na forma de um vídeo espetacular que dava a entender que seria a capacidade gráfica do PlayStation 3. Agora, quase dois anos depois, o produto final e verdadeiro aparece trazendo boas e más notícias.

A parte ruim é que não chega nem perto do referido vídeo. Ainda assim, o visual é incrível, considerando a pouca vida do PlayStation 3 e as suas notórias dificuldades de desenvolvimento. A boa nova é um ótimo game de corrida, aliando velocidade, variedade de veículos, pistas criativas e muito caos por conta de excelente simulação de física e de danos.

Embora o jogo em si tenha sido bem elaborado - trazendo uma ótima diversão, principalmente no modo multiplayer -, as modalidades de jogo não valorizam essa qualidade. O resultado é um jogo de duração limitada, que se apóia quase que integralmente na parte multijogador, que, felizmente, funciona muito bem.

Espetáculo regado a ferro retorcido e lama

Ainda que não tenha a qualidade do vídeo da E3, o visual é um dos destaques. De longe, "MotorStorm" tem os melhores gráficos para o PlayStation 3. É simplesmente impressionante a complexidade dos veículos, que foram reproduzidos em detalhes. Praticamente todas as estruturas estão presentes, como os eixos e a suspensão, e isso gera animações realistas e complexas. Isso aparece bem principalmente nas batidas e capotagens, em que você vê cada peça se desvencilhando do carro, tendo uma das simulações de danos e de deformação das mais espetaculares já vistas (ao menos no plano estético). Tem até mesmo um modelo completo de piloto, algo mais que evidente nas motos, ATVs e buggies.

Os cenários também são belíssimos e os vários tipos de pistas são facilmente diferenciáveis. Um chão de terra seca reage de um jeito bem diferente das partes de lama, por exemplo. Em todo caso, onde os carros passam, deixam marcas, e isso é bem visível nos terrenos molhados. É lama, terra e pó para todos os lados, que respingam na lataria e na câmera.

Todas as modificações feitas na pista são permanentes durante a prova: desde sinais de pneu e galho de árvores até barracos inteiros destruídos. Nem tudo é perfeito, pois há texturas e objetos (como algumas árvores) que não condizem com a qualidade geral, além de a sombra ser bem quadriculada.

No entanto, o maior responsável pelo esplêndido visual é a iluminação. A representação do sol, principalmente, faz com que toda a composição visual fique natural. Sim, o efeito de luz tende para o discreto, mas deixa uma marca indelével nos espectadores. "MotorStorm" usa muito bem as técnicas de iluminação, como o HDR (que melhora o contraste entre as partes escuras e claras) e o gloom (que reflete a luminosidade provocando um efeito similar ao esmaecimento de contorno). Naturalmente, a qualidade visual mostra sua plenitude numa TV de alta definição, mas mesmo num modelo convencional, o resultado é muito expressivo.

Dando perda total

Tanto os personagens como os carros são regidos por uma simulação de física bem acurada, que resulta em capotagens verossímeis. Você pode ver o resultado das leis da natureza principalmente nos acidentes: a interação de cada objeto entre si e com o cenário. Isso é particularmente visível com as motos: basta prestar atenção ao piloto, e ver como ele mexe braços e pernas e "quica" no ambiente ou em outros carros.

A física é um fator importante em títulos como "MotorStorm", que é uma espécie de corrida de vale-tudo. Ou seja, tão importante quanto correr, é impedir que os outros fiquem inteiros. Não que os danos prejudiquem o desempenho dos carros (não existe essa programação), mas já atrasam os adversários. Aliás, eles tentam fazer o mesmo com o jogador. Esse festival de ferro retorcido é uma das partes mais emocionantes (tanto melhor quando você não está envolvido, óbvio).

A trilha sonora é típica desse tipo de game, composto basicamente por rock (mas também tem um pouco de techno) de bandas como Nirvana, Queens of the Stone Age, Wolfmother, Spiritualized e Slipknot. A sonoplastia também está excelente, desde o ronco dos motores até a explosão.

Jogo sujo

A boa sacada do game está no fato de vários tipos de veículos - desde as motos até os mais corpulentos dos caminhões, passando por ATVs e "big foots" - participarem todos juntos na mesma corrida. Naturalmente, a estratégia varia para cada categoria.

Como se pode imaginar, as motos são ágeis e passam por locais estreitos, mas são mais suscetíveis a terrenos acidentados e aos obstáculos, que inclui, também, os carros e caminhões adversários. Por outro lado, os veículos maiores são mais lentos, difíceis de controlar, mas lidam melhor com as imperfeições da pista e podem passar por cima de barreiras, como cercas ou uma pilha de chassis velhos. Com isso, além da variedade de trajetos dentro da pista, a Evolution Studios consegue equilibrar as chances de cada jogador, independente do tipo de veículo.

Existe uma evidente diferença de dirigibilidade entre as sete categorias de veículos. Os controles não têm exatamente um viés realista, apesar da boa acuidade na simulação de física - o estilo fica num meio termo entre o arcade e o simulador de corrida. Apesar de existir um equilíbrio entre as condições de cada categoria, os caminhões são os que provêem menor adrenalina, por sua baixa velocidade e a limitação de locais para trafegar. Além disso, são poucas as cenas em que você usa o "jogo de corpo", uma das maiores vantagens desse tipo de automóvel.

Por outro lado, os carros e as motos tradicionais são as que mais proporcionam diversão, ao menos para os iniciantes, devido à fácil manobra. Quem optar pelas duas rodas ainda poderá matar saudades de um clássico, "Road Rash", com seus socos e pontapés para cima de seus adversários motoqueiros.

As pistas oferecem caminhos para cada tipo de veículo. Em geral, os terrenos mais altos são para os veículos mais leves: são mais estreitas e estão cheios de obstáculos como rampas. Já as partes mais baixas são curtas mas enlameadas, propícias para os caminhões. Existem também muitos obstáculos pelos quais os veículos grandes podem passar por cima, enquanto os outros são obrigados a contornar. Mais uma vez, esse tipo de construção inteligente das fases faz com que as competições sejam equilibradas. Além disso, o arrojo das pistas, como as grandes rampas, propicia muita emoção.

Somente o 'basicão'

Enfim, todos esses elementos fazem de "MotorStorm" um game cheio de adrenalina e bem variado, afinal, sua estratégia muda completamente dependendo do veículo. No entanto, faltaram opções de jogo para valorizar o produto. Para começar, há apenas uma modalidade para um jogador, em que se corre os eventos que forem aparecendo (22 no total), limitando apenas os veículos que se pode usar. A única regra disponível é a de corrida simples: nada de tomadas de tempo, prova de eliminação ou de sobrevivência à la "Destruction Derby", que cairia muito bem.

A cada prova que chegar pelo menos em terceiro lugar, se ganha pontos para abrir novas provas. Há carros como prêmios ao alcançar as primeiras posições, mas os modelos de veículos não parecem diferir em desempenho - todos os carros de uma mesma categoria parecem ser exatamente iguais em nível de controle. O número de pistas é pequeno: apenas oito. E, por conter tantos caminhos, não teve como poder correr no sentido inverso, o que limita ainda mais o jogo. Talvez seja a brecha para lançar mais pistas como download adicional (muito provavelmente pago).

Mas se o single player tem vida curta, existe um ótimo modo de multiplayer online para compensar. O sistema não chega a ser tão simples quanto o do Xbox 360, mas depois de "logado", o esquema é quase igual. Há várias opções para filtrar as partidas, mas, invariavelmente, você precisa esperar: não há como encontrar uma sessão que esteja para começar, por exemplo. Porém, quando a corrida começa de fato, fica apenas a diversão. Os atrasos de conexão não são percebidos, pois o game continua mesmo com esses problemas, se forem pequenos.

O modo online comporta até 12 pessoas, e isso é ótimo, mas é estranho não ter um multiplayer no mesmo console. É verdade que se trata de uma opção menos procurada, mas parece que não custaria nada ter um desses (talvez seja complicado processar duas telas com essa qualidade de imagens). Agora, o que realmente poderia existir é uma opção de jogatina rápida para um jogador (como tem no multiplayer), podendo escolher a pista e os carros como quiser, e não ficar caçando entre os eventos do modo de "carreira".

Os controles do game são simples, mas usar o Sixaxis pode ser um pouco complicado. Leva um tempo para se acostumar com os gatilhos L2 e R2, utilizados, respectivamente, para freio e acelerador na configuração padrão. Vale para experimentar o controle, mas não pense seriamente em usar o sensor de inclinação para dirigir os veículos. O tempo de carregamento do game é um pouco longo: é preciso esperar cerca de 20 segundos para começar a corrida.

CONSIDERAÇÕES

"MotorStorm" é um game empolgante, principalmente jogando em multiplayer online, mas fica prejudicado pelas poucas pistas e opções de jogo. O visual é uma boa notícia para os usuários de PlayStation 3, pois se chegou a uma alta qualidade mesmo com pouco tempo de carreira. Enfim, é de se lamentar a sensação de incompletude, mas é algo que se pode corrigir ao longo do tempo, via conteúdo adicional pela PlayStation Network. Resta saber a que preço.

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    GALERIA

    MotorStorm (Playstation 3)

    166 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Evolution Studios
    Lançamento: 06/03/2007
    Distribuidora: Sony Computer Entertainment
    Suporte: 1-12 jogadores, cartão de memória, multiplayer online
    RecomendadoAvaliação:
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