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NeverDead

Akira Suzuki

Do UOL, em São Paulo

17/02/2012 08h00

"NeverDead" não apenas desperdiça uma premissa interessante como a transforma em um estorvo, uma desculpa para incluir desafios que testam não a habilidade, mas a paciência do jogador. Num primeiro momento, chega a ser divertido o festival de destruição de inimigos e cenários, mas só até quando perceber que isso vai se repetir até o final do game. Aliás, as lutas finais estão entre as mais frustrantes já vistas num jogo. No fim das contas, "NeverDead" não passa de um game genérico de ação e tiro com personagens esquisitões.

Introdução

Quando "NeverDead" foi anunciado, parecia que a Konami queria fazer algo diferente. O projeto idealizado por Shinta Nojiri, que também fez "Metal Gear: Ghost Babel" e os dois "Metal Gear Ac!d", tinha como personagem um caçador de demônios imortal e foi feito nos estúdios da Rebellion, sediada em Oxford (Inglaterra). No entanto, o ponto de partida promissor ficou mesmo nisso: uma promessa.

Pontos Positivos

Cenários destrutíveis

Esse talvez seja um dos poucos acertos do game de ação e tiro com uma mecânica simplória: em cenários fechados, quase tudo pode ser destruído. Além de contribuir para o caos visual, que dá ilusão de poder, é também uma estratégia eficiente para eliminar os oponentes. Outra boa providência do jogo é ter um monte de barris explosivos no cenário, que também esquenta a ação.

Bons combates de espada

Como Dante de "Devil May Cry", o protagonista Bryce pode tanto usar armas de fogo ou espada (mas nem de longe de maneira tão estilosa quanto o caçador de demônios da Capcom). Como jogo de tiro, é meio genérico, mas, com a lâmina, "NeverDead" ganha um pouco de personalidade. O controle, um tanto particular, permite que se dê espadadas em várias direções, mas isso não é algo que faça diferença. O bom de usar a espada é seu alto poder de destruição, principalmente quando se ganha a habilidade de carregar a força e liberar um golpe muito mais enérgico.

Pontos Negativos

Pouca criatividade

"NeverDead" não começa ruim - é até divertido nas horas iniciais -, mas vai logo se degradando com situações repetitivas. Virtualmente todos os combates são idênticos, com muito pouca diferença na configuração de inimigos (eles vão ficando apenas mais numerosos). Para quebrar essa rotina, apenas alguns quebra-cabeças que se destacam apenas pelo bizarro (a maioria consiste em passar por lugares estreitos rolando apenas com a cabeça) e chefes de fases.

Esses inimigos gigantes representam o ínfimo sopro de criatividade de "NeverDead" (um deles até justifica a habilidade de Bryce arrancar seu próprio braço e poder atirar usando o membro solto). Quer dizer, ainda assim, são apenas alguns desses chefões que acrescentam algum desafio intelectual, sendo que uma outra parte são apenas combates de resistência.

Nesse quesito, são frustrantes as duas últimas batalhas (e sempre que precisa defender alguém). Na primeira, enfrenta-se outro imortal que, além de ser muito rápido, tem a habilidade de recarregar toda a energia (e ainda é preciso "matá-lo" três vezes).

O último chefe faz você xingar o sistema de física do jogo, que já é ruim quando o lugar tem muitos destroços. Todo acidentando, é difícil se mover pelo cenário quando decapitado (algo que acontece frequentemente) e conseguir retornar ao corpo. Pior ainda é ter que subir plataformas, e aí você descobre que o pulo do personagem é simplesmente uma droga.

Enfim, o inimigo mais difícil da última fase é a própria paciência do jogador, pois é mais uma questão de tempo do que de habilidade. Lembre-se: o personagem é imortal, e só morre se sua cabeça for engolida por um Grandbaby (ainda assim se falhar num minigame).

Câmera ruim

Um velho problema dos jogos de ação 3D volta a dar as caras em "NeverDead". Não é incomum a visão ficar "enroscada" em algum canto e muito próximo do personagem, a ponto de aparecer apenas com contornos em branco. Isso também acontece muito quando o personagem é decapitado.

Nota: 5 (Medíocre)