Topo

Ninja Gaiden III

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

29/03/2012 18h55

A série “Ninja Gaiden” existe desde o fim dos anos 1980, e sempre foi conhecida por sua altíssima dificuldade. Porém, com a saída de Tomonobu Itagaki, que dirigiu os jogos em 3D da franquia, o Team Ninja perdeu o rumo. O resultado é “Ninja Gaiden 3”, um game descaracterizado e sem apego ao que foi construído ao longo dos anos.

Com história fraca, desafio algum e sem variação, este terceiro jogo não vai agradar os fãs da franquia, mas pode agradar por algumas horas quem quer apenas um jogo de ação simples e descompromissado. Mesmo assim, é importante ter em mente que “Ninja Gaiden 3” tem uma história fraca e desestimulante.

Introdução

Ryu Hayabusa, o herói de “Ninja Gainden” retorna para salvar o mundo de um louco terrorista que tem poderes sombrios. O herói vai utilizar suas habilidades ninja para fatiar seus inimigos e todos que estiverem pela frente enquanto lida com o terrorista e tenta se livrar de uma maldição mortal.

“Ninja Gaiden 3” é o primeiro jogo da série em 3D sem a supervisão do diretor Tomonobu Itagaki e tem a proposta de ser um jogo mais acessível para novos jogadores. Exatamente por causa disso o jogo perdeu sua principal característica que era o desafio acima do normal e menos voltado à ação cinematográfica. Todas essas características ficaram de lado e de tão fácil, ficou desestimulante e previsível.

Esta é uma nova era para a franquia "Ninja Gaiden" e isso é algo que os fãs realmente não vão gostar.

 

Pontos Positivos

Brutal

 “Ninja Gaiden 3” é um game muito, mas muito brutal e sanguinolento. Grande parte disse se deve aos inúmeros Quick Time Events (QTE) que surgem a todo instante no game. Dependendo do tipo de ataque (forte, fraco ou combo aéreo) surge um botão que deve ser acionado para dar o golpe final no inimigo e uma curta cena mostra a execução do inimigo.

Independente da forma que o infeliz morra, sempre vai existir muitos litros de sangue esguichando pelos cortes de espada de Ryu Hayabusa. A brutalidade, no entanto, pega leve e agora não existem mais membros sendo decepados do corpo dos inimigos, como acontecia em “Ninja Gaiden II”.

No final de cada estágio, Ryu e sua espada estão cobertos com sangue dos adversários – por isso é bom deixar este jogo longe de pessoas que se impressionam fácil com violência, como seus pais e avós.

Cooperativo gratificante

O modo cooperativo online é muito divertido - na verdade, é muito mais gratificante do que o modo solo. Tudo o que foi extirpado da campanha está presente aqui, como a evolução das técnicas de combate.

Ficaram de fora os QTEs e o foco está direcionado apenas para o que importa: golpes certeiros e muitos ninjas para serem mortos. A impressão é que foi outra equipe, a mais próxima a Itagaki, que cuidou dessa parte de “Ninja Gaiden 3” – mas ainda com muita misericórdia dos jogadores. No final de cada partida você e seu amigo estarão satisfeitos com a brincadeira e empolgados para uma segunda ou terceira rodada.

Pontos Negativos

Fácil demais

Sabe aquela história que dizia que “Ninja Gaiden 3” não seria um jogo fácil? Pura balela. Este é sim o game mais fácil da franquia. Quem terminou os outros games da série vai sentir que, mesmo na dificuldade mais elevada, é brincadeira de criança e o modo normal nem ao menos se esforça para ameaçar o jogador.

Você pode ir do início ao fim do game apenas apertando o botão de golpe fraco e o de pulo. Tudo bem pensar em atrair novos usuários para a franquia, mas até mesmo quem nunca chegou perto de um jogo de ação vai sentir que este é muito fácil.

As batalhas com chefes não são difíceis, mas enigmáticas. Basta descobrir o que fazer para concluir o combate com uma mão nas costas. O pior é que depois de algum tempo você verá os mesmos chefes em pontos mais avançados do jogo e sem mudar nada na forma de derrotá-los – é tudo reciclado mesmo.

Falta de variedade

Em “Ninja Gaiden 3” você só tem uma arma, a espada, e um Ninpo (magia). Ou seja, nada daquele monte de armas que apareceram em “NGII”. Você vai pegar sua espada e dar os mesmos combos do início ao fim do game, sem nem mesmo a oportunidade de evoluir equipamentos ou aprender novos golpes.

História intrusiva na ação e sem inspiração

Depois de se acostumar com a falta de variedade de armas no jogo, logo você sentirá que a história do jogo é muito intrusiva e atrapalha a ação. Basta passar por uma área para assistir a uma cena. Os QTEs, que mostram os golpes mais violentos do jogo, logo se tornam chatos e repetitivos - e depois até irritantes.

A ideia do Team Ninja era transformar “Ninja Gaiden 3” em um filme de ação interativo, só que o tiro saiu pela culatra e a todo instante aparecem cenas que tiram o  controle das mãos do jogador e quebram o ritmo.

Até mesmo durante os estágios Ryu para de andar como um ninja assassino e passeia calmamente pelo cenário com uma mão no ouvido e conversando com comandantes japoneses para saber qual é o próximo passo a ser dado – algo que Hayabusa nunca faria em sã consciência.

O pior de tudo é o enredo que não tem nada, mas nada mesmo, de interessante. Além de ter que lidar com um louco terrorista que amaldiçoou Hayabusa, o jogador terá que fingir que se importa com uma pequena garota que está em uma base militar. Essa garotinha não fala uma palavra sequer para fazer com que você se apegue a ela, tampouco a mãe dela ou de qualquer outro personagem que você encontre.

Nota: 5 (Medíocre)