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Puppeteer

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

12/09/2013 16h24

"The Puppeteer" é um jogo que, mesmo não sendo tão bem divulgado pela Sony, é uma pequena joia que chega nesse final de ano. Ele é imensamente ingênuo, mas não é um jogo apenas para crianças. Ele sabe dosar fofura extrema, desafio e muita personalidade própria.

É emocionante desbravar as florestas, os mares, os castelos e outros lugares que você nunca imaginou existirem na lua. Em uma época de tantas sequências e remakes, "Puppeteer" traz o frescor da descoberta. Aquela sensação de estar explorando uma coisa nova é latente e está presente o tempo todo.

A sua criança interior vai ficar aconchegada com esse game, ao mesmo tempo que sua cabeça de adulto vai adorar os desafios propostos.  "Puppeteer" é excelente e você vai gostar de jogar e descobrir esse conto de fadas no teatro de bonecos.

 

Introdução

Em um lugar muito, muito distante, existe um reino mágico e espirituoso, mas que agora está devastado pela maldade e crueldade do tirano Rei Urso da Lua. Em "Puppeteer" vamos visitar o lado escuro da Lua ao lado de Kutaro, um menino esperto que se acaba se tornando um herói que vive perdendo a cabeça – literalmente.

Esse é um jogo de plataforma bem no estilo de "Sonic" e "Super Mario Bros.", mas com um grande toque de originalidade e espirituosidade. O game do estúdio Japan da Sony finge ser um teatro de bonecos, com direito a narrador (em português), plateia e mudanças de atos com o abrir e fechar de cortinas.
 

Pontos Positivos

Conto de fadas para adultos e crianças

Ao colocar o disco de "Puppeteer" a sua sala de estar se transforma em um teatro de bonecos. Um mundo mágico se transporta para a tela da sua televisão e conta uma história onde a princesa da Lua é traída por seu ursinho de pelúcia, que rouba sua tesoura mágica e a Pedra da Lua, um objeto mágico muito poderoso.

Com posse desses itens ele acaba se proclamando como Rei Urso da Lua e divide a Pedra com seus generais, fazendo com que o mundo mágico fique mais sombrio e triste. Além disso, o vilão começa a roubar as almas de crianças e transformá-las em escravos em forma de bonecos.

Um desses bonecos é o herói do jogo, Kutaro, um menino que perde a cabeça assim que coloca os pés na Lua. Acompanhamos as aventuras dele e novos amigos vão surgindo a cada novo capítulo, como a bruxa Ezma Potts, a Princesa do Sol e o pirata Capitão Gaff – cada um mais carismático e maluco que o outro.

A história se desenvolve e mostra esse universo fantástico e sempre faz questão de colocar o jogador como um espectador da plateia, torcendo pelo herói, rindo das piadas e até ficando aflito com certas situações que são mostradas.
 

Divertido e encantador

Não há muito o que inovar em jogos de plataforma lateral, não é? Mais ou menos. Mesmo a fórmula sendo bem conhecida desde os tempos do Atari 2600, "Puppeteer" consegue trazer um frescor para o gênero. No início você vai pensar que ele é uma aventura bem comum, porém, conforme o game avança, as habilidades de Kutaro vão sendo colocadas em prova.

Ao longo de sua jornada, o boneco vai reunindo poderes fantásticos, como a tesoura mágica Calibrus, sua principal arma, e cabeças que dão poderes especiais, como a do cavaleiro covarde ou o gancho do pirata.  É aí que aparecem as fórmulas próprias de "Puppeteer" se destacam.

Não basta pular do ponto A para a plataforma B. Para chegar ao final da fase você vai cortar, picar e até mesmo explodir coisas do cenário. Grande parte da mágica está em Calibrus, a tesoura que pode cortar tecidos e papéis do cenário. Enquanto corta, Kutaro consegue voar em qualquer direção. A questão é que às vezes o jogador precisa ter timing para fazer o corte preciso e voar na direção certa.

Além disso, ao longo de sua jornada o garoto descabeçado vai encontrando novos objetos para colocar sobre o pescoço, como um tambor de taikou, um baú de tesouros, uma guilhotina – é irônico, mas é verdade. Essas cabeças permitem que Kutaro dance, uma habilidade nada especial, porém ter a cabeça certa em lugares específicos pode garantir coisas bacanas como novos  caminhos, fases de bônus e até facilitadores contra chefes.

O garotinho pode acumular até três cabeças e alternar entre elas. Mas cuidado – ao ser tocado por um inimigo ou por um obstáculo, você perde uma cabeça. Ao perder todas as três você perde uma vida – e tem que voltar do último check-point.

Cenários gostosos de serem explorados

"Puppeteer" tem muita competência no desenvolvimento dos cenários. Todos são diferentes uns dos outros e lhe deixam ansioso para ver o que lhe espera na próxima esquina. É aquela sensação gostosa de descobrir o novo, de ser surpreendido de uma forma boa – como aconteceu lá atrás, naquela vez que você jogou "Sonic" ou "Mario Bros." pela primeira vez.

Para estimular o jogador a voltar aos cenários antigos, você vai ganhando poderes e habilidades em estágios avançados e que podem ser usados em fases anteriores, como, por exemplo, a bomba ninja, que é adquirida no segundo ato, mas que pode ser usada em alguns pontos do primeiro ato.

Essas habilidades podem leva-lo a novas localidades, com novas cabeças que Kutaro pode usar em estágios avançados, ou mesmo habilitando estágios bônus.

Ótimas batalhas com chefes

Como vovó já dizia: um bom jogo de plataforma tem chefes incríveis. E todas as batalhas de "Puppeteer", sem exceção, são divertidíssimas. Na maioria delas você deve combinar elementos de plataforma para causar danos, como subir na copa de uma árvore para conseguir acertar um rato tóxico. Em outras, você deve cortar o tecido da capa para expor o seu ponto fraco.

As cabeças extras de Kutaro podem até fazer coisas inimagináveis, como invocar um caranguejo gigante para destruir um robô. A tesoura mágica também tem uma participação especial em momentos de 'Quick Time Events' (aqueles que você deve apertar comandos que aparecem na tela). Esses momentos são divertidos de verdade pois não acontecem com frequência – e sempre que rola, a cena acaba sendo épica.
 

Bela seleção de vozes

Dessa vez a Sony se superou. A dublagem de "Puppeteer" é muito competente. Você acredita realmente que aquilo que está acontecendo é um conto de fadas porque as vozes combinam com os personagens. Do narrador ao Rei Urso da Lua. Da bruxa à princesa do Sol. Tudo é mágico e encantador.

Entre um capítulo e outro o jogador ganha um livro de contos de fadas no qual o narrador lê um conto para os espectadores, geralmente relacionado a um personagem importante apresentado no capítulo. Nesses momentos ele faz todas as vozes, de um homem bravo, à uma linda e indefesa mocinha. É difícil não ficar com um sorriso no rosto, tanto pela história, quanto pela fofura além dos limites.

Existem alguns pequenos problemas na mixagem de som, quando efeitos sonoros e as músicas ficam mais altos do que as conversas, atrapalhando um diálogo. Mesmo sendo poucos os casos que isso acontece, incomoda por perder um pouco daquela fábula que está sendo contada.

Pontos Negativos

Alguns estágios se estendem demais

Todos os estágios de "Puppeteer" são bem desenhados e divertidos, apresentam novas ideias e novas formas para passar por obstáculos – tudo como está descrito nos pontos positivos. Porém, em alguns se estendem demais. São poucos, mas esses momentos ficam marcados, dando um certo receio antes de jogá-los novamente.

Nota: 9 (Excelente)