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Resident Evil HD Remaster

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

22/01/2015 14h30

Treze anos após sua estreia, o tal "REmake" ainda nos faz lembrar dos motivos pelos quais começamos a gostar de "Resident Evil".

Extremamente engenhoso até mesmo para os padrões atuais, o game diverte ao misturar uma atmosfera opressora com quebra-cabeças que obrigam os jogadores a ficarem sempre atentos aos detalhes dos cenários. A vontade é a de sair correndo para escapar dos horrores da mansão... Mas, para fazer isso, é preciso antes resolver uma série de mistérios.

Na conversão para a alta definição, a Capcom acabou deixando algumas das texturas do cenário um pouco embaçadas, e a qualidade das vozes dos personagens ficou bem ruim. São pequenos problemas técnicos que distraem, mas não chegam a ofuscar a qualidade do jogo original.

Introdução

Considerado por muitos a melhor versão da série, o "Resident Evil" de 2002 era originalmente um exclusivo de GameCube que recriava o primeiro capítulo da série de horror.

No controle dos agentes da S.T.A.R.S. Jill Valentine e Chris Redfield, jogadores devem adentrar uma mansão nas redondezas de Raccoon City em busca de pistas sobre o desaparecimento de alguns de seus companheiros. Ao descobrirem que a propriedade está infestada por monstruosidades, porém, os dois rapidamente percebem que sua nova missão é sair de lá com vida.

O foco de "Resident Evil HD Remaster" está na exploração, e não na ação como em capítulos mais recentes da série. Com gráficos retrabalhados, o relançamento busca trazer a fórmula clássica da franquia para um novo público.

Pontos Positivos

Simplicidade

O principal trunfo do "REmake" é ser um jogo que é complexo apenas onde realmente importa. Ele não se perde ao tentar explicar tramas ou cenários desnecessariamente complicados, preferindo optar pela simplicidade para deixar a jogabilidade brilhar em destaque.

Jill e Chris são a cara da aventura, mas os reais protagonistas são os quebra-cabeças. Constantes ao longo de toda a campanha, eles obrigam os jogadores a pensarem a todo momento. É preciso ter nervos de aço para enfrentar os zumbis e não ficar se distrair do real objetivo, que normalmente envolve alguma gema e a abertura de uma nova porta.

Esse clima excessivamente opressor poderia ser um grande problema em um jogo que não conhecesse suas forças, mas não é o caso. O game toma muito cuidado para não alimentar informações supérfluas aos fãs, que estão sempre munidos de todo o conhecimento que eles precisam para prosseguir em suas jornadas.

Horror de raiz

Momentos icônicos do "Resident Evil" original como aquele em que o cachorro quebra a janela do corredor e avança contra o jogador podem parecer manjados duas décadas depois, mas representam as origens do horror nos games.

Os sustos do "REmake" podem já não assustar tanto quanto faziam anos atrás, mas ainda conseguem repassar aos fãs o sentimento de urgência que move Jill e Chris para frente.

Mais do que assustador, "Resident Evil HD Remaster" é um jogo tenso. Um sinal de que ele trabalha bem sua pesada atmosfera é o fato de que desligar o videogame após uma sessão de jogo cria um alívio enorme. Iniciantes sofrem por causa do desconhecido, e veteranos sofrem da mesma forma por saber os horrores que lhes esperam.

Opções de controles

Por suas mecânicas 'old-school' de controle, "REmake" pode até ser chamado de arcaico - o que é irônico, já que em sua época ele serviu para modernizar a fórmula do "Resident Evil" de 1996.

Para um público que hoje está acostumado com jogos em terceira pessoa mais focados na ação, precisar parar de andar para atirar nos zumbis pode ser um martírio.

Felizmente, a Capcom conseguiu suavizar a barreira de idiomas entre o game original e o público mais novo criando um novo esquema opcional de controles. Através dele, é possível movimentar Jill ou Chris apenas com o direcional analógico. Enquanto isso, fãs mais experientes podem continuar utilizando os controles de 'tanque' clássicos.

Pontos Negativos

Detalhes técnicos

A transição da versão de GameCube para o formato HD não foi tão bem executada quanto poderia ser.

Várias texturas dos cenários pré-renderizados do jogo aparecem visivelmente embaçadas na resolução maior. Também são comuns problemas de 'clipping' - nome dado às falhas de colisão que acabam fazendo com que modelos 3D, ou partes deles, acabem entrando dentro de outros.

A qualidade baixa das vozes dos personagens também acaba distraindo bastante, especialmente aqueles que utilizam fones de ouvido ou sistemas de som mais potentes.

Nota: 9 (Excelente)