Topo

Soul Calibur V

Rodrigo Guerra

do UOL, em São Paulo

03/02/2012 10h20

Após praticamente uma década, finalmente a série “Soulcalibur” entrou nos eixos. Desde o segundo jogo a franquia trilhou caminhos tortuosos que quase macularam seu nome para todo o sempre. O desequilíbrio notório nos dois últimos jogos não foi completamente eliminado, mas ainda existe esperança para uma futura correção.

Os novos personagens se encaixam perfeitamente à história e dão aquela vontadinha de experimentar e, quem sabe, se tornarem os novos preferidos pelos jogadores, incluindo aí Ezio de “Assassin’s Creed”, que não destoa do elenco e sem combinações apelativas, típicas de personagens convidados (como era o caso de Darth Vader, Yoda e o Aprendiz em “Soulcalibur IV”).

Em linhas gerais, “Soulcalibur V” consegue resgatar a glória de dez anos atrás e ainda incorpora novidades que não maculam sua identidade. É um jogo de luta que você vai se divertir por meses na companhia de amigos.

Introdução

Soul Edge, a espada da destruição, procura um novo hospedeiro que lhe concederá almas suficientes eliminar toda forma de vida do planeta. A única arma capaz de impedir tal atrocidade é Soulcalibur, a ‘espada divina’. Entretanto, não existe uma linha clara que divide o bem e o mal e é isso o que “Soulcalibur V” conta em sua história. Lealdade, companheirismo e embates épicos permeiam este novo jogo que finalmente encontrou seu lugar no s consoles da atual geração.

Pontos Positivos

Combates mais ofensivos

Quem acompanha a série, vai se sentir em casa. A mecânica é muito similar aos títulos anteriores, misturando elementos de jogos 2D com a liberdade de um cenário 3D. Este é um game que estimula uma posição mais ofensiva. Quem fica na retranca corre sérios riscos de ser arremessado para fora do ringue ou, no mínimo, ser pêgo desprevenido com um golpe que quebra a guarda.

A maior novidade é a barra que fica ao lado do mostrador de energia dos lutadores. Ela é a Critical Gauge, que permite realizar  golpes especiais como os de “Street Fighter” e também abre um leque para combinações poderosas, chamadas de Brave Edge. A parte boa é que essa adição não chega ser tão devastadora, pois estes golpes acertam não causam danos destruidores. Um Critical Edge que acerte em cheio retira no máximo 40% da energia do adversário, dando chances para uma resposta à altura.

Esses golpes cinematográficos custam uma barra completa e eles podem ser acionados para pegar um jogador afobado com a guarda baixa ou mesmo durante um combo. Já o Brave Edge é uma versão melhorada dos ataques dos lutadores e custam um terço da barra de Critical – o que poderia ser traduzido como um golpe Ex de “Street Fighter IV”, por exemplo.

Defesas mais efetivas

Foram feitas também alterações nos movimentos defensivos. Agora, aparar golpes não é mais uma habilidade livre e, para executar este movimento, é necessário saber o comando exato de cada lutador e ainda gastar uma parte de sua barra de Critical.

Isso pode ter sido uma facada no coração dos fãs das antigas, mas existem alternativas, como é o caso do Just Guard, que apara o golpe do adversário e deixa seu personagem livre para fazer um ataque rápido. Para isso é necessário sangue frio e apenas apertar o botão de defesa uma fração de segundo antes do ataque.

Essas novidades no âmbito da defesa transformaram o combate em algo bonito de se ver, mais fluído e dinâmico.

Visuais incríveis

Não é de hoje que sabemos que a equipe Project Soul tem um talento inigualável para fazer jogos bonitos. “Soulcalibur V” enche os olhos com cenários, modelos de personagens e de armas, efeitos de luz e tudo mais que preenche a tela da televisão. A impressão é que você está jogando uma cena de computação gráfica.

Cada golpe desferido, cada armadura que é destruída e cada passo que é dado na arena de combate é magnífico. Não existe pessoa sã nesse mundo que consiga achar um problema sequer na parte dos visuais. O game roda a 60 quadros por segundo, o que permite não só ficar embasbacado, como também ficar atento a cada ameaça de seu adversário. Simplesmente perfeito e inigualável.

Lutadores diferenciados

A nova relação de personagens deixou para trás alguns rostos conhecidos, como Sophitia, Taki e Xianghua, mas suas substituas não fazem feio. Natsu tem as mesmas características de Taki, mas com alguns truques novos como a habilidade de desaparecer por breves instantes. Já Leixia tem os mesmos golpes da lutadora chinesa. Já Sophitia teve seus golpes divididos entre seus filhos, Patroklos e Pyrra. Mas ao contrário do que parece, ambos personagens estão bem completos e únicos.

Mas tem gente com estilo novo como é o caso de Z.W.E.I., Viola e Ezio (da série “Assassin’s Creed”). Z.W.E.I. e Viola são bem particulares e diferem de tudo que já foi visto antes em “Soulcalibur”, o primeiro tem uma espécie de espírito companheiro que intercalam suas combinações de golpes, exigindo do jogador uma excelente noção de tempo. Já Viola tem sua orbe mágica que fica suspensa no ar e pode ficar solta pelo cenário. Quando ativada a bola de energia pode pegar o adversário de surpresa e quebrar sua defesa.

Claro que alguns vão sentir a falta de Yun-Seong e Seong Mi-na, que poderiam ter ao menos representantes de suas artes para deixar todos os fãs felizes.

Criação de personagens

O modo de criação de personagens voltou, porém, assim como em “Soulcalibur IV” só é possível montar um novo espadachim a partir dos moldes básicos dos lutadores já existentes. Ainda é possível fazer maluquices como uma versão maluca de Link de “Legend of Zelda” ou Morpheus de “Matrix”, o que vai garantir muitos momentos divertidos – e estrahos.

Pontos Negativos

Tutoriais incompletos

“Soulcalibur V” traz diversas inovações nas mecânicas de jogo, entretanto elas estão largadas para o jogador descobrir como funcionam. O modo de tutorial não é compreensivo o bastante para ensinar na prática a diferença entre um Just Guard e Parry.

O tutorial se resume a uma tela com um texto dizendo o básico do básico. Os treinos de combos também são falhos e não dão um feedback para o jogador se os comandos estão sendo feitos da forma certa. E isso pode ser uma barreira para quem é novo na série e não está acostumado com o estilo de jogo.

Falta de variedade nos modos solo

O passado da série prova que a equipe do Project Soul tem ideias interessantes para aumentar a variedade no modo single player. Entretanto, em “Soulcalibur V” existe o modo online (dividido em diversas formas, como lutas ranqueadas, casuais e divididas por cidades e regiões do mundo), o modo de história (focado na história de Patroklos e Pyrra) e os clássicos Arcade e Quick Battle.

O modo de história poderia ter mais variedade e ter mais opções em torno das histórias dos outros personagens da trama. Já o Arcade e o Quick Battle não são grandes adições, já que se resumem a lutar contra o computador, sem adicionar nenhuma variável além da dificuldade.

Talvez o que pode causar mais comoção é o Legendary Souls, que tem um nível de dificuldade elevadíssimo e que libera novos lutadores.

Nota: 8 (Ótimo)