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South Park: The Game

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

04/03/2014 17h01

Mais do que um lançamento, "South Park: The Stick of Truth" é um sobrevivente. Mesmo com um processo de desenvolvimento conturbado e a morte da THQ, sua distribuidora original, o game conseguiu ver a luz do dia.

Produzido com um roteiro escrito por Trey Parker e Matt Stone, criadores de "South Park", o jogo é exatamente como um episódio do desenho em vários sentidos. Destes, os principais pontos são seu visual, que é idêntico ao da série animada, e seu humor, que segue extremamente divisivo como de costume.

Fãs - aqueles que não têm problemas em ouvir piadas politicamente incorretas sobre abortos e minorias - irão adorar a narrativa satírica e o sistema de combates inspirado por "Paper Mario". Mas as piadas, constantes, aparecem com frequência suficiente para assustar qualquer um que não sinta-se confortável com elas.

Introdução

Inspirado por um episódio do desenho animado em que Cartman e companhia vestem-se de personagens da trilogia "Senhor dos Anéis", "The Stick of Truth" é um épico que apresenta a batalha entre humanos e elfos por um lendário artefato de poderes misteriosos.

Claro: tanto tais humanos, que consideram flatulência um poder mágico, quanto os elfos são, na verdade, as crianças das vizinhanças de "South Park" fantasiadas toscamente, brincando.

Exatamente como em um episódio da série, porém, a brincadeira rapidamente extrapola os limites do que pode ser considerado saudável para crianças, e passa a tocar em temas obscuros e violentos.

Pontos Positivos

Personalidade

"The Stick of Truth" é o jogo de "South Park" que fãs da franquia pediam desde os anos 1990, mas nunca tinham recebido. Diferente das tentativas anteriores de traduzir a fórmula da série para os games, esta brilha visivelmente por ter seus idealizadores envolvidos.

Todos os detalhes do jogo, desde a aparência e a movimentação dos personagens e elementos do cenário até os diálogos característicos, fazem os fãs sentirem que estão assistindo a um episódio do desenho. E isso não é um exagero: até mesmo ângulos de câmera comuns na TV são reproduzidos com muita naturalidade no título da Obsidian.

O resultado, claro, é uma experiência que pode causar estranheza em excesso naqueles que não estiverem acostumados com a animação. Mas os fãs irão se deliciar.

Combates divertidos

Apesar do problema da repetitividade que é enfrentado por praticamente todos os RPGs por turnos já criados, "The Stick of Truth" consegue criar uma fórmula de combate que mantém os jogadores engajados ao longo de toda a sua duração.

Com claras inspirações de "Paper Mario", o jogo utiliza mecânicas de ritmo para permitir que os personagens desfiram ataques mais poderosos ou então bloqueiem investidas inimigas. Isso envolve pressionar botões rapidamente para 'dar corda' a uma habilidade, ou então apertar outro no momento exato em que um projétil atingir o herói o para que ele tenha seu efeito minimizado.

A opção entre quatro classes jogáveis (cavaleiro, gatuno, mago e... Judeu) serve para tornar mais versátil o sistema. E, como um extra, algumas conversas também mudam de acordo com a escolha.

Pontos Negativos

Interface terrível

Em completa antítese ao resto do jogo, a interface de "The Stick of Truth" é muito ruim, em um nível esperado de um RPG barato feito em Flash. Navegar pelos menus é uma tortura. Além de serem repletos de bugs gráficos que causam imagens congeladas e outros problemas, eles ainda falham em um nível conceitual.

O mapa da vizinhança, por exemplo, não serve nem para indicar pontos de interesse com precisão. Ver os ícones espalhados pelas áreas é difícil, e o marcador que diz onde o jogador está é completamente impreciso.

Não há dicas gráficas apontando quando e em que habilidades você pode gastar seus pontos obtidos a cada nível; equipar e retirar itens são tarefas incrongruentes; navegar pela lista de objetivos, fútil; e por aí vai. A discrepância de qualidade entre os menus e o jogo em si é inexplicável. E, em pleno desperdício, a falta de uma interface consistente e funcional machuca muito a experiência.

Nota: 7 (Bom)