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Spider-Man: Edge of Time

Akira Suzuki

Do UOL, em São Paulo

06/01/2012 08h01

Pelo jeito, a Activision gostou bastante do esquema de mundos paralelos em "Spider-Man: Shattered Dimensions", lançado em 2010, tanto que o repetiu - em doses menores, é verdade - em "Edge of Time". Mas, se no primeiro tudo teve um sopro de novidade, agora, a coisa ficou banalizada e, junto com mapas e mecânicas de jogo não muito inspiradas, o resultado é um game que deve agradar apenas aos fãs do herói aracnídeo.

Introdução

Super-heróis são um tema recorrente no mundo dos games. Também, quem não gostaria ter todos aqueles superpoderes? E os videogames, por sua interatividade, permitem a experiência mais próxima de viver esses seres fantásticos. Ou, ao menos, poderia ser assim, já que títulos baseados em heróis, em geral, não gozam exatamente de boa reputação. "Spider-Man: Edge of Time" está mais para confirmar a regra, embora não seja de todo ruim.

Pontos Positivos

Roteiro bem conduzido

Se tem alguma coisa "Spider-Man: Edge of Time" faz bem é levar o enredo com senso de ritmo - urgente quando precisa ser e calmo nas horas em que é necessário respirar. O esquema de universos paralelos iniciado em "Shattered Dimensions" continua, em menor dose, no presente título.

Aqui o jogador controle duas versões do herói: a versão tradicional, cuja identidade é Peter Parker, e o do futuro, chamado 2099, vivido por Miguel O'Hara. A premissa é boa, e faz imaginar mudanças de destino e todas essas viagens temporais, mas a história acaba sendo bobinha. Isso, porém, não invalida as boas atuações dos personagens e a montagem das cenas: o fato de os dois heróis aparecerem ao mesmo tempo, separados por janelas, produz as situações mais engraçadas e dramáticas do game.

Variedade de ação

"Spider-Man: Edge of Time" faz a lição de casa no que se refere à mecânica de jogo. Tem controles simples e funcionais, e aproveita algumas das melhores práticas dos games de ação e exploração, sem deixar de perder as características marcantes dos títulos do herói aracnídeo. É fácil usar os poderes e, desta vez, a habilidade que dá a maior mobilidade ao Homem-Aranha é o web-zip (com um apertar de um botão, pode-se viajar até um ponto especificado por um cursor).

Além dessa parte "atlética", útil para explorar os ambientes, há os aspectos de combate. Como é tradição nos games do Homem-Aranha, a pancadaria não é exatamente fluida e nem desafiadora, mas há poderes legais de usar (naturalmente, cada um dos aracnídeos tem habilidades próprias, mas também golpes em comum). Muitas das habilidades precisam ser destravadas, seja com "dinheiro" ou com aranhas douradas: ou seja, a exploração se faz necessária para melhorar os combates.

Por fim, há as cenas de queda-livre, cada uma mais absurda que a outra.

Pontos Negativos

Curto e repetitivo

Embora o game se esforce com mecânicas variadas, a empolgação dura pouco. Com mapas pouco inspirados - muitas vezes corredor atrás de corredor - e quantidade reduzida de inimigos (chefes de fases se resumem a dois, praticamente) o game esgota as ideias rapidamente. São raros os cenários mais bem trabalhados, quebra-cabeças inteligentes e batalhas mais inspiradas.

A aventura dura cerca de sete horas, e a impressão é que teve uma boa dose de enrolação aos acontecimentos dos dois Spider-Man. Sem modos adicionais, não sobra muito que fazer depois de terminar a campanha, a não ser se desafiar em dificuldades maiores ou completar os desafios, que consistem em fazer partes da campanha com metas de tempo, de danos recebidos ou de número de inimigos - entre outras.

Visual pouco inspirado

Talvez seja o tipo de mapa que não ajuda - o game inteiro se passa dentro de um prédio -, mas o visual dos cenários não se destaca, exceto em um ou outro ambiente mais aberto. Essas salas claustrofóbicas desperdiçam os poderes do Aranha, já que, em jogos anteriores, uma das principais diversões era explorar Nova York com as teias.

A Beenox fez um bom trabalho ao retratar os heróis e vilões - principalmente a Gata Negra -, mas falhou feio quando teve que fazer os personagens humanos: nem Peter Parker e Mary Jane escaparam das horrendas modelagens.

Nota: 6 (Razoável)