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The Darkness 2

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

28/02/2012 08h12

Mesmo com visual cartunesco, "The Darkness II" é um dos jogos mais violentos que você vai ver neste ano - e isso não é brincadeira. Jackie Estacado não está para brincadeiras e o game é simplesmente incrivelmente violento e divertido. O melhor é que os fãs das HQs não vão ficar desapontados, pois o trabalho da Digital Extremes é de primeira e transporta o jogador para o universo do chefão da máfia.

Mas a pequena falhas de ritmo, principalmente no início do jogo, e a mecânica de controle de tentáculos poderia ser melhor desenvolvido para não atrapalhar o jogador nos momentos de combate mais frenéticos. Tirando isso, este é um dos jogos de super-heróis mais divertidos que você já jogou e não vai se arrepender por passar horas e mais horas acompanhando o drama de Jackie Estacado e seus irmãos de máfia.

Introdução

 

No mundo dos quadrinhos é comum ver trocas de roteiristas e artistas afetarem no clima e a direção das publicações. Já com os games isso é menos comum, mas quando acontece as mudanças são significantes e perceptíveis. Este é o caso da série “The Darkness” que é baseada nas HQs da Top Cow Comics, que teve seu primeiro jogo produzido pela Starbreeze e agora está nas mãos da Digital Extremes. Algumas coisas ficaram melhores, outras no entanto desapontam e até poderiam ter ficado de fora.

Pontos Positivos

Fiel aos quadrinhos

 

Logo à primeira vista é possível sentir que os gráficos saíram do fotorrealismo e ficaram mais alinhados aos quadrinhos, usando o estilo cell shaded – que lembra desenhos animados. Com isso os produtores puderam aproveitar o lado lúdico de Jackie Estacado e da força conhecida como ‘Darkness’ (‘Escuridão’ nos quadrinhos brasileiros).

Nesse novo lado artístico pudemos ver que o jogo está ainda mais violento do que o game de 2007, com as mais variadas execuções sanguinolentas, cenários destrutíveis em algumas partes e mais poderes do lado obscuro para serem usados. Isso reforça o elo com a identidade do universo criado por Marc Silvestri e se distancia do game original, o que pode fazer com que muitos torçam o nariz, afinal estas mudanças visuais também afetaram a forma de se jogar.

Uma boa história

 

A história de “The Darkness II” demora para engrenar. Os três primeiros capítulos são arrastados e desinteressantes. Mas se você sobreviver a essas horas iniciais vai conseguir entender a forma que Jackie pensa, sua luta contra as trevas e o quanto ele se culpa pela morte de sua namorada. Além disso, entre um capítulo e outro acontece uma subtrama muito envolvente e você acaba questionando sobre a sanidade mental do protagonista.  De toda forma, se você gosta de um personagem rico e com camadas, certamente vai achar “The Darkness II” fantástico.

Sistemas evoluídos

 

Existe uma diferença gritante de estilo entre os dois “The Darkness”. No primeiro jogo, criado pela Starbreeze, o ritmo era mais calmo e tendia para o stealth – quase um “Chronicles of Riddick”. Já o game da Digital Extremes é mais dinâmico e complexo, com enfoque principalmente no combate corpo-a-corpo, mas com mecânicas de jogos de tiro em primeira pessoa muito bem elaboradas e confortáveis.

Com o poder das trevas em mãos os jogadores podem simplesmente obliterar tudo o que estiver pelo caminho. Dominar esta arte, principalmente os tentáculos, não é tarefa fácil, mas os controles são fáceis de serem absorvidos e em pouco tempo você passa de um simples gângster para um demônio das sombras cruel e faminto por corações.

Essa nova abordagem deu a “The Darkness II” uma dinâmica inteligente e força o jogador a não ficar parado um minuto sequer. As armas de fogo têm pentes curtos e fazem com que Jackie sempre ande em direção ao perigo, no lugar de ficar escondido com medo dos tiros dos inimigos. Para ajudar no combate existem itens que podem ser apanhados nos cenários e arremessados nos inimigos ao mesmo tempo em que você fica preocupado em fazer com que os tentáculos comam corações para reabastecer a barra de energia.

Ou seja, não encare este game como um jogo de guerra, mas sim da forma que ele foi concebido: um jogo de alguém superpoderoso e que não tem medo da morte.

Finish him

 

Uma das mecânicas mais divertidas do game é o sistema de execuções. Com o botão de ombro esquerdo é possível capturar um adversário e fazer uma execução bem sanguinolenta. E conforme você ganha experiência mais tipos de execuções são realizadas. Mas a brutalidade não está no jogo só para fazer algo chocante e faz parte da jogabilidade, trazendo bônus para os jogadores, como munição para as armas ou mesmo concedendo mais pontos de vida para Jackie.

Os golpes fatais são muito, mas muito violentos e dão aquele comichão para ver qual é a forma mais violenta e ignorante de acabar com um ser humano. Saiba de antemão que o pessoal da Digital Extremes é bem criativo e até parece que os caras tiveram aulas de sadismo com os criadores de “Mortal Kombat”.

Pontos Negativos

Tentáculos ineficientes

 

Por mais fiel que o jogo esteja com os quadrinhos, temos que lembrar que ele está em outra mídia e que nem sempre aquilo que lemos em páginas quadriculadas pode ficar legal na televisão. Os produtores incluíram muitas mecânicas que separadas são bem divertidas, mas não funcionam direito quando estão juntas.

Um bom exemplo disso está na forma de controlar os tentáculos do herói sombrio. Cada botão de ombro cuida do seu respectivo tentáculo. Enquanto o tentáculo esquerdo é responsável por agarrar e arremessar objetos e inimigos, o direito age como uma lâmina que tem golpes que são acionados ao manter o botão pressionado e mexendo a alavanca direita, responsável pela visão. Isso não chega ser um problema em momentos de calmaria, mas acaba sendo inútil durante os combates mais acirrados, pois ao manter o botão direito pressionado, você perde o controle de visão da câmera.

Já o tentáculo esquerdo é mais eficiente, pois com ele é possível inclusive roubar armas de inimigos ou outros objetos que estão caídos no chão. Entretanto às vezes o membro extra de Jackie não pega necessariamente o item para o qual o jogador está apontando e acaba trazendo algo que você não queira. Felizmente a maioria das coisas que este tentáculo pega é uma arma em potencial e acaba sendo útil mesmo não sendo o que o jogador tinha em mente à primeira vista.

Falta de variedade de inimigos

 

O combate é divertido, mas você vai sempre enfrentar os mesmos tipos de capangas: um cara que segura uma lanterna, outro que usa um escudo e um terceiro mais rápido e ágil que usa armas de fogo.  Você sempre vai ver estes mesmos tipos de adversários em todos os estágios. Não que isso comprometa a qualidade final do jogo, mas bem que os produtores poderiam tentar incluir novos tipos de inimigos para aumentar sua longevidade.

Nota: 8 (Ótimo)