Virtua Tennis 3

da Redação

No ano 2000, "Virtua Tennis" chegou para redefinir o esporte britânico nos arcades e videogames, com um nível de realismo jamais visto antes em um jogo do gênero. Passada a surpresa da estréia, a continuação de 2002 conseguiu manter o mesmo nível de sofisticação do original, trazendo muitas novidades. Após um longo período desde a sua última incursão, a série chega finalmente à nova geração de consoles.

"Virtua Tennis 3" não é nenhum exemplo de originalidade, afinal trata-se de um jogo de tênis, esporte que já foi explorado com bastante competência nos videogames por diversas produtoras. Não há conteúdo inédito ou inovador, e sim a evolução de uma mecânica consagrada.

Vida de tenista

Na principal modalidade do jogo você cria seu próprio esportista e com ele segue uma carreira de treinamentos e campeonatos, subindo no ranking mundial de tênis a cada vitória. Antes de tudo é preciso definir aparência, sexo, uniforme, poses e estilo de seu tenista, como na maioria dos jogos esportivos da atualidade.

O sistema de criação do personagem é bastante limitado e, por mais que você tente, não conseguirá deixar seu tenista com uma aparência altamente realista e equiparável aos modelos em 3D dos jogadores reais presentes no próprio jogo.

Em seguida, você pode escolher eventos, representados através de ícones ao redor do planeta em um globo terrestre em 3D altamente estilizado. Inicialmente, apenas alguns minigames estão disponíveis para treinamento, todos no nível de dificuldade mais baixo. Com o seu progresso, novos eventos e minigames são destravados, tal como níveis de dificuldade elevados.

A participação em um único evento representa uma semana inteira no calendário virtual do jogo, o qual informa as datas dos próximos campeonatos. Portanto, se você escolher um minigame em vez de um campeonato, deverá esperar algum tempo até que este esteja disponível novamente.

Os minigames são importantes no desenvolvimento de seu personagem que, como em um RPG, conta com habilidades aprimoráveis. Basicamente, eles são divididos em quatro categorias, como corrida (em um deles você deve desviar de bolas gigantes e coletar frutinhas que rolam de uma rampa) e saque (como no joguinho de boliche cujos pinos devem ser derrubados através do saque tradicional da bolinha de tenis) etc.

Se você vencer um minigame de lançamento de bolas, por exemplo, melhorará sua habilidade no saque. Mesmo que não obtenha sucesso na atividade, ainda é possível ganhar alguma experiência, o que torna o jogo menos frustrante.

Alguns torneios só são acessíveis após seu personagem atingir uma determinada classificação no ranking mundial de tênis, exigindo que você participe primeiro dos campeonatos mais fáceis. Vencendo estes, você não apenas sobe no ranking, mas também ganha alguns brindes, como roupas, acessórios e raquetes mais robustas, além do conselho e apoio de outros atletas.

O modo carreira é tão bem equilibrado e recompensador que o jogador se sente incentivado em evoluir seu tenista da melhor maneira possível, ganhar todos os prêmios e atingir o topo do ranking mundial - é tão viciante quanto um RPG. A fórmula, no entanto, já havia se consagrado em "Virtua Tennis 2" e, para falar a verdade, pouca coisa mudou.

Muito além do pingue-pongue

Aqueles que procuram algo além do "feijão com arroz" deverão se contentar com a extensa modalidade multiplayer (online, nó na versão para Xbox 360) que, além das tradicionais partidas para dois ou quatro jogadores, disponibiliza uma série de minigames. Curiosamente, alguns joguinhos do modo carreira ficaram de fora do multiplayer e vice-versa.

Os jogadores solitários, portanto, não poderão experimentar alguns desses minigames, visto que é impossível substituir jogadores humanos por personagens controlados por inteligência artificial.

Destes, alguns merecem destaque, como o jogo que imita o clássico "Space Invaders", no qual um grupo de máquinas lançadoras de bolinhas movimenta-se em direção à área dos jogadores, que precisam rebater e acertá-las, antes que alguma das máquinas alcance a rede. Apesar da diversão rápida e descompromissada para até quatro jogadores, "Virtua Tennis 3" está longe de oferecer a variedade de um "party game", como em "Fuzion Frenzy 2".

Realista por obrigação

A promessa de reproduzir o esporte com realismo sem precedente parece já vir imbuída em cada novo "Virtua Tennis". Contudo, a edição para os consoles de nova geração parece não impressionar como seus antecessores fizeram em épocas passadas.

Grande parte da beleza do jogo vem dos modelos em 3D, que reproduzem fielmente a aparência e fisionomia de tenistas reais como Lleyton Hewitt, Andy Roddick, Roger Federer, Daniela Hantuchova, Nicole Vaidisova e Venus Williams - são 20 tenistas, no total. Desta vez, o brasileiro Gustavo Kuerten, o Guga, ficou de fora.

Os atletas virtuais movem-se com suavidade e realismo, sem quebra de movimentos, resultado de um caprichado trabalho de captura de movimentos. Vestimentas e cabelos também balançam fielmente às forças da física. Entretanto, o jogo não está livre dos famosos erros de poligonos sobrepostos e objetos que invadem texturas, como por exemplo, a manga da camiseta, que ocasionalmente se enrosca e entra no próprio braço do atleta.

As quadras são bastante caprichadas, com mérito para a iluminação, que simula muito bem a luz dos ambientes internos e externos. Já outros humanos presentes nas quadras, como os juízes, ainda que sempre visíveis aos olhos do jogador, não possuem o mesmo acabamento gráfico - nem sombra eles têm. Para compensar, a taxa de quadros é rápida e sempre constante, sem qualquer tipo de lentidão.

Em relação às músicas e efeitos sonoros, tudo é bastante adequado: há um narrador para cada quadra, que fala na língua exata do local onde ela se encontra (um padrão nos jogos do gênero), a platéia vibra de acordo com a intensidade da partida e mais. Faltou apenas os comuns gemidos dos jogadores a cada raquetada. Já a trilha musical conta com um rock leve para os menus e, geralmente, músicas eletrônicas animadas durante as partidas - nada genérico ou experimental demais, apenas músicas que combinam com a ação.

Esporte elitizado, jogo democrático