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OPINIÃO

"Destiny" oferece um pacote bastante completo para os fãs do gênero de tiro

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Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

12/09/2014 17h10

"Destiny" é um ótimo jogo de tiro que oferece um pacote bastante completo para os fãs do gênero: cenários fantásticos para explorar, batalhas desafiadoras, ação cooperativa e um multiplayer competitivo robusto.

É tudo muito polido e bem acabado, mas, mesmo com elementos de RPG online, é acima de tudo um game de tiro. Se essa é a sua praia, a diversão é garantida. Mas se você não é fã e acha que todo shooter é "mais do mesmo", não vai ser "Destiny" que vai fazer você mudar de idéia.

Dito isso, "Destiny" não é "o jogo perfeito" prometido pela Bungie nas páginas da edição especial da revista Newsweek uma semana antes do lançamento. Mas é, sem dúvidas, um grande começo para uma franquia com potencial para se tornar memorável nos próximos anos.

Introdução

Criação da Bungie (de "Halo"), "Destiny" é um jogo de tiro com elementos de RPG online. O game apresenta um universo de "ficção-científica mítica", onde a raça humana luta para sobreviver contra forças malignas alienígenas em batalhas que acontecem em planetas do sistema solar interior.

Os jogadores são os Guardiões, heróis revividos pelo poder do Traveler (Um deus espacial? Um artefato no melhor estilo "2001"? Um mistério para o futuro?) e podem escolher entre três classes: Titan, Hunter e Warlock.

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Imagem: Divulgação

No game, você evolui o personagem, desbloqueia novos poderes e adquire armas e equipamentos conforme progride na história, joga missões aleatórias ou participa de partidas multiplayer, tanto no competitivo Crisol quanto nos Assaltos cooperativos, o que permite uma experiência personalizada para cada jogador.

"Destiny" traz também dublagem, legendas e menus em português, mas você pode mudar o idioma para inglês se preferir (basta alterar a configuração do console).

Pontos Positivos

Admiráveis mundos novos

"Destiny" é feito para apresentar um novo universo ficcional para os jogadores e cumpre a missão com louvor. A mitologia por trás dos Guardiões, do Traveler e seus inimigos é intrigante e cheia de detalhes. Pouca coisa é contada de maneira tradicional: muito é sugerido visualmente pelos cenários por onde você passa e explicado em mais detalhes pelas cartinhas do Grimório, que podem ser lidas no computador ou no prático 'companion app' para celulares e tablets.

Para não estragar a experiência de ninguém, a história resumida é: no passado, a raça humana fez contato com o Traveler e deu um grande salto tecnológico, colonizando parte do sistema solar no processo. Muito tempo depois, os Fallen e outras criaturas das trevas surgiram e dizimaram colônias inteiras na Lua, em Marte e em Vênus.Você é um Guardião, um dos protetores da última cidade da Terra contra as forças alienígenas. Ao lado do robozinho Ghost (interpretado por Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de "Game of Thrones"), você luta contra alienígenas em uma série de missões que lembram, de certa forma, a estrutura de uma aventura de fantasia medieval.

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Cada classe do jogo traz estilos diferentes, mas nada tão radical quanto escolher entre um mago, um clérigo e um ladino em uma mesa de "Dungeons & Dragons". Afinal, é um jogo de tiro: você tem atributos diferentes e poderes especiais únicos, mas a maior parte do tempo o que conta é sua pontaria e as armas que está carregando.

Mesmo após chegar ao vigésimo nível (topo da evolução normal no game), você continua destravando e descobrindo coisas, principalmente na hora de personalizar o Guardião, com os itens das facções do Crisol e outros exclusivos da Vanguarda, por exemplo. Os planetas de "Destiny" são menores do que o esperado, mas não são pequenos, e rendem muita diversão ao se explorar, cumprir missões e participar de eventos públicos ao lado dos amigos. Para os colecionistas, cada cenário conta com baús dourados bem escondidos e outros segredos.

Como jogo, "Destiny" é um excelente começo para a franquia da Bungie, que já mostra que dará suporte continuado ao game, com eventos em várias modalidades de jogo rolando enquanto as primeiras expansões e a inevitável sequência não chegam.

Pacote completo

Assim como "Call of Duty" e "Halo", "Destiny" busca oferecer algo para cada tipo de fã de jogos de tiro: uma campanha desafiadora, modalidades multiplayer coop e competitivo, tudo está coberto.

A campanha é mais longa do que a média no gênero. Um jogador que se concentrar apenas em terminar a história deve levar cerca de 16 ou 18 horas para ver a animação do final. Mas dificilmente você vai jogar assim. É possível jogar toda a campanha sozinho, mas a diversão mesmo está em formar um grupo com mais dois amigos e se aventurar pela saga dos Guardiões.

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Vocês também podem sair em patrulha, cumprindo missões aleatórias em cada planeta e participando em eventos públicos (que geralmente envolvem a chegada de um grande inimigo que precisa ser eliminado antes que o tempo acabe ou chegue até um certo ponto do mapa)."Destiny" foi desenhado para as partidas cooperativas. Quando você usa seu superpoder sozinho, vai eliminar os inimigos de maneira eficiente e estilosa, mas quando faz isso dentro de um grupo, também deixa orbes luminosas que podem ser recolhidas pelos aliados, acelerando a recarga dos poderes deles. A coordenação da equipe em batalhas mais acirradas faz toda a diferença!

As melhores partidas cooperativas, por enquanto, são os Assaltos (Strikes, na versão em inglês): são quatro missões divididas em etapas, pontuadas por chefes únicos e poderosos, que costumam render tesouros melhores e pontos com a Vanguarda.

Já o multiplayer competitivo rola no Crisol (Crucible, em inglês): são quatro modalidades, incluindo controle, mata-mata em equipe e "cada um por si" e algumas variações das regras, mas nada muito longe do que é tradicional no gênero. Nessas partidas, os atributos únicos dos equipamentos do personagem não são levados em conta, coisa que muda no evento "Iron Banner" (o primeiro está previsto para outubro).

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O multiplayer competitivo de "Destiny" não é inovador, mas é muito bem feito. É o mínimo que se espera da Bungie, estúdio com alguns anos de experiência no assunto: um jogo capaz de prender os adeptos do tiroteio virtual durante muitas e muitas horas.

Produção caprichada

"Destiny" é um ótimo exemplo de jogo caprichado. O cenário é cheio de detalhes curiosos e construções impressionantes (principalmente na exuberante Vênus). Os personagens são muito bem feitos, tanto os Guardiões quanto os inimigos, que oferecem uma boa variedade no decorrer do jogo.

Mesmo nos veteranos PS3 e Xbox 360, o game faz bonito, dentro das limitações de cada plataforma. Nos consoles de nova geração, "Destiny" brilha pela fluidez e ambientação super caprichada. Você nunca viu um céu de videogame tão bonito quanto nos mundos de "Destiny".

As armas são muito bem feitas (o que é bom, pois você vai vê-las no meio da tela durante quase todo o tempo). O mesmo vale para os personagens, que, mesmo com poucas opções de customização facial (e sem barbas!) não parecem bonecos genéricos. Depois de algumas horas, você se apega ao rosto que inventou para o seu Guardião, quase tanto quanto ao traje, à nave e outros itens que definem a identidade do personagem.

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O longo tempo de desenvolvimento de "Destiny" (começou em 2007) e o investimento feito pela Activision não foram em vão: você não vê bugs técnicos, falhas de colisão ou outros problemas tão comuns em outros games. Mas, claro, ainda há coisas que poderiam ser melhores - e as longas telas de carregamento nem são as maiores falhas.

Pontos Negativos

Comunicação limitada

"Destiny" é um game melhor jogado na companhia de amigos. O desafio das partidas solitárias é aprimorado pela diversão e a tensão de correr para reviver um colega, por exemplo. Ou quando o grupo consegue derrubar o chefão do Assalto no último instante, em uma investida desesperada ou num ataque belamente coordenado.

Dito isso, o jogo se esforça para oferecer elementos de socialização. A Torre onde os personagens negociam, pegam missões e recebem suas recompensas é um ponto de encontro. Você vê dezenas de Guardiões indo e vindo e pode parar e observar o equipamento bacana de um herói de nível alto, por exemplo, sem a preocupação dos tiros inimigos vindo na sua direção. Mas fora uns poucos gestos (apontar, acenar, dançar e sentar) não há como interagir com esses outros Guardiões se você não está no mesmo grupo de jogo que eles. Falta em "Destiny" um sistema de comunicação aberto quando você está próximo dos outros jogadores.

O mesmo vale para os eventos públicos: quando a área do mapa está cheia de gente, o game aciona um evento. Uma nave enorme chega e despeja alienígenas, entre eles um grande e perigoso oponente, por exemplo. Todos correm para o ponto do evento e lutam contra os invasores, mas é cada um por si ou, no máximo, pelos dois colegas de Esquadrão.

Em RPGs online como "Guild Wars 2" ou "Rift", você se tornaria automaticamente parte de um grupo formado por todos que estão no evento. A comunicação se abre e a experiência se torna muito mais divertida. "Destiny" usa vários elementos desse tipo de jogo, mas esquece de um dos mais importantes: colocar as pessoas em contato umas com as outras dentro da partida, independente delas se conhecerem do lado de cá da tela.

Campanha rasa

Talvez o ponto mais fraco de "Destiny" esteja na campanha: você joga por horas, viaja pelo sistema solar e passa por algumas batalhas bastante divertidas e desafiadoras. Mas nunca passa por um momento realmente épico. Durante toda a campanha, fica a sensação de que algo vai acontecer, de que na próxima missão alguma coisa absolutamente fantástica vai rolar... e o jogo sempre nega esse momento ao jogador.

Por se tratar de um jogo da Bungie, é difícil não esperar por momentos assim. Os "Halo" feitos pela produtora são pontuados por uma ambientação de conflito constante e por sequências de ação épicas, mas em "Destiny" falta o segundo elemento.

Destiny Review 6 - Reprodução - Reprodução
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O conflito está ali, inclusive entre as diferentes espécies alienígenas. Existem também diferentes ambientações, como o senso de terror medieval na entrada do Santuário na Lua ou a sensação de descobrimento em certas partes de Vênus e de Marte. Mas aquele sentimento de fazer algo maior do que a vida e se tornar uma lenda não faz parte dessa história ainda.

Fica assim a impressão de que, como franquia de ficção, "Destiny" é um grande, belo e envolvente prólogo para algo que ainda está para acontecer.

Nota: 8 (Ótimo)

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL