Topo

Dragon Ball Z: Xenoverse

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

13/03/2015 18h00

"Dragon Ball Xenoverse" é um passo muito desengonçado na direção certa.

Para uma franquia que passou uma geração inteira no marasmo, o novo título é um sopro de ar fresco. Ao invés de simplesmente recontar as batalhas da saga Z pela milésima vez, o jogo coloca o protagonista criado pelo fã em foco.

Desenvolvido através de uma série de mecânicas herdadas de RPGs, o herói personalizado participa da ação em um universo paralelo ao da saga, onde os eventos que fãs conhecem aconteceram de uma maneira diferente.

As ideias são boas, mas a execução é outra história.

Apesar de acertar em cheio na estrutura da aventura, "Xenoverse" tem memória curta. O game se esquece dos avanços que títulos anteriores como "Budokai Tenkaichi 3" trouxeram para o sistema de combates. O resultado? Lutas desinteressantes e repetitivas em um jogo que deveria tê-las como destaque.

Esse problema, somado à instabilidade do modo online e à total falta de equilíbrio entre personagens, faz de "Xenoverse" apenas um degrau pelo qual uma eventual sequência deverá passar em alguns anos.

Um fã da série pode até se identificar com o game, mas o número de concessões que alguém precisa fazer para se divertir com "Xenoverse" é grande o suficiente para afastar qualquer um que não tem apego emocional a Goku e companhia.

Introdução

Primeiro game da série "Dragon Ball" a sair também para PS4 e Xbox One, "Xenoverse" revisita os eventos de "Dragon Ball Z" com um pequeno twist: dois vilões que estão manipulando o tempo e atrapalhando aquelas que eram consideradas vitórias garantidas de Goku e companhia.

Ao verificar esse problema, o Trunks da Patrulha do Tempo resolve invocar Shen Long e pedir ajuda. Em resposta, o dragão convoca um guerreiro misterioso: o personagem criado pelo jogador.

Sob a perspectiva desse herói, o fã deve enfrentar Freeza, Cell, Buu e outros vilões e salvar a pele dos Guerreiros Z.

Pontos Positivos

Personalização de heróis

Por mais que em momentos Goku chame uma mulher de "ele", poder criar seu próprio personagem é o que há de mais legal em "Xenoverse".

Jogadores têm a liberdade de criar heróis de diversas raças - como Saiyajin, Namekuseijin ou terráqueo -, e o resultado nunca parece fora de contexto. Até mesmo as criações mais bizarras mantêm o traço original de Akira Toriyama, e se misturam com facilidade na turma de Goku.

E a personalização vai muito além dos aspectos cosméticos. Fãs podem equipar os heróis com centenas de itens e habilidades, e também incrementar seus diferentes atributos.

Principalmente por causa das habilidades, que são verdadeiramente diferentes umas das outras, é divertido ver como os heróis tornam-se únicos.

Investir tempo em uma criação e não ter como compartilhá-la com o resto do mundo não teria graça. Felizmente, o game inclui um 'hub world' online, onde jogadores podem exibir suas obras e interagir com outros, além de combinar partidas cooperativas e competitivas.

Missões cooperativas

Os pontos altos do jogo são os objetivos cooperativos, que a progressão da história considera opcionais.

Ao lado de amigos no modo online, fãs podem enfrentar desafios maiores do que aqueles encontrados nas missões para um jogador. Por cobrarem certa coordenação entre os companheiros, as 'Parallel Quests' têm um apelo parecido àquele visto em jogos como "Monster Hunter" e "Phantasy Star Online".

Pontos Negativos

Combate fraco

Os elementos de RPGs que permeiam a personalização de heróis são divertidos, mas não conseguem carregar nas costas um jogo de lutas com lutas ruins.

Travado e repetitivo, o sistema de combates não permite experimentação. A sequência é inescapável: você realiza um combo, joga o rival para longe, corre atrás dele e repete o mesmo combo. Até ele cair.

É possível desviar e bloquear investidas inimigas, mas muitas vezes é mais fácil simplesmente sofrer o combo até o fim e aproveitar os momentos de invencibilidade para contra-atacar. É comum o sistema preferir recompensar quem esmurra os botões do controle do que os mais habilidosos.

O próprio jogo reconhece a falta de complexidade de seus embates, e precisa apelar na hora de montar seus estágios mais difíceis. Para "Xenoverse", um estágio desafiador é aquele que entope a tela com inimigos, ou então que apresenta um vilão com atributos absurdamente exagerados. Nesses momentos, estratégias inteligentes não adiantam, e o jogador é obrigado a dar um passo para trás e repetir outros objetivos até aumentar seus próprios atributos e vencer por força bruta.

Para piorar a situação, sempre que o combate se aproxima de algum objeto do cenário, a câmera se perde. O sistema de colisões e detecção de ataques também é defeituoso.

PvP desbalanceado

Equilibrar o patamar de disputa entre as diferentes raças e habilidades selecionáveis nunca foi uma das preocupações do time de "Dragon Ball Xenoverse". Isso já é evidente nas missões da história, mas fica escancarado no multiplayer competitivo.

A cada quatro desafiantes que você encontra no modo online, três são Saiyajin que só sabem apelar para as exageradamente poderosas habilidades 'ultimate' da raça.

Certas 'Z-Souls' equipáveis, por sua vez, são tão mais poderosas que as demais que a comunidade já criou uma espécie de regra própria que proíbe seu uso nas disputas. Quem o faz é visto com maus olhos.

Os constantes problemas de conexão por cima de tudo isso fazem da modalidade intragável.

Nota: 6 (Razoável)