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Daylight

Victor Ferreira

do Gamehall

26/03/2014 11h21

  • Divulgação

    Um celular com bússola e lanterna é sua única 'arma' na luta contra monstros

Imprevisibilidade. É por meio deste fator que o gênero de horror - e comédia também, para sermos justos - consegue cativar, fascinar e atormentar públicos inteiros.

O lado negativo da imprevisibilidade nas histórias de horror é que ela só funciona, em geral, uma vez - quem lê um livro ou vê um filme de horror mais de uma vez tende a lembrar em quais momentos o susto e a tensão são maiores e o que vem depois deste clímax emocional. Algumas obras conseguem superar esta barreira, é claro, mas elas são uma elite seleta.

“Daylight” quer ser algo diferente. Criado pela Zombie Studios - responsável pela série “Blacklight” e os games baseados na franquia cinematográfica “Jogos Mortais” -, o jogo pretende manter a surpresa e o medo do desconhecido a todo o momento pelo uso de conteúdo gerado proceduralmente.

Isto significa que, mesmo tendo terminado o jogo por diversas vezes, o jogador nunca saberá por qual caminho seguir, onde estarão os itens necessários para sua escapatória e, acima de tudo, o que espera no próximo corredor.

E é com esta simples mecânica, potencializada pelo motor gráfico Unreal Engine 4, que “Daylight” pode mudar o modo de fazer jogos de horror.

"DAYLIGHT" QUER INOVAR JOGOS DE TERROR; TRAILER

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Sozinha no escuro

“Daylight” é produto da amizade entre o desenvolvedor Jared Gerritzen -  que tem pedigree no gênero, tendo trabalhado em “Condemned: Criminal Origins” e nos dois primeiros “F.E.A.R.” -, e a apresentadora Jessica Chobot, conhecida na mídia especializada, mas que nunca teve experiência prévia dentro da indústria de games. No total, a equipe de desenvolvimento é composta por apenas seis pessoas

O enredo inicial do jogo não é particularmente original, caso já tenha visto obras como “Oulast” e “Amnesia: The Dark Descent”: uma mulher acorda sozinha em um manicômio escuro e abandonado. Sem armas ou capacidade de se defender, a única forma de proteção que tem é um celular que serve de bússola e lanterna. Os seres que habitam este local desolado, porém, preferem que ela permaneça por lá.

Segundo Chobot, que trabalhou como roteirista do jogo, o horror em “Daylight” não dependerá de baldes de sangue. “É bem sutil e implícito. Ele deixa o jogador ao seu próprio destino. Há obviamente certas coisas que vão te assustar que fazem parte do mundo, mas na maior parte é o que está acontecendo dentro da sua cabeça e como você decide interpretar as coisas que você encontra que vão te assustar”. Chobot diz que um de seus jogos favoritos do gênero, e que serviu de grande inspiração, foi “Silent Hill 2”, por seu foco maior na história e exploração.

Durante sua fuga, a protagonista encontrará documentos e artefatos que contam outras histórias do local assombrado, e de acordo com Gerritzen, a roteirista não está suavizando nada. “Ela tem sérios problemas na cabeça e tem feito várias coisas”, brinca. “Tanto que meu produtor teve que sair quando leu uma das histórias”.

Sem saída

O que torna “Daylight” realmente promissor, porém, é a possibilidade de assustar sempre, algo que poucas outras obras de horror conseguem fazer depois de vistas mais de uma vez.

“Você é essencialmente um rato em uma gaiola, mas a gaiola é um hospício e é assustador pra caramba”, diz Gerritzen. “Você tem que achar o caminho para fora, e cada vez é completamente diferente”.

O desenvolvedor comparou sua experiência com seus jogos passados: “Eu trabalhei em ‘F.E.A.R’, e era tipo ‘OK, eu levo o jogador até este corredor estreito e deixo uma marca. A marca faz o cara pular pela janela e assustá-lo’. Eu acerto a marca todas as vezes. Agora eu sei. Eu me acostumo com ela e não me assusta mais. Com ‘Daylight’, é tipo ‘Eu já estive neste aposento uma vez, mas agora está diferente. Tinha algo ali que me deu um susto. Espera, não está mais lá’”.

“Agora você está tenso de novo”, diz. “Quando você não sabe o que vai acontecer, você realmente não sabe. Quando você jogou este jogo mais de cem vezes e ainda não sabe o que vai acontecer... É assustador”.

Os caminhos diferentes são gerados randomicamente pelo computador, que segundo Gerritzen procura manter o ritmo de tensão. “É uma coisa bizarra que está acontecendo conosco, em que estamos essencialmente construindo os blocos de Lego e os jogando em um balde. O jogo constrói do jeito que quiser”.

Trazendo a possibilidade de medo e terror constante e duradouro, “Daylight” pode ser o grande revolucionário no gênero de games de horror, e possivelmente além. O jogo estará disponível para PC e PS4 em 8 de abril, por R$ 25, e já está em pré-venda na plataforma digital Steam por R$ 16,74..