Lumines II

da Redação

Desde que "Tetris" fez enorme sucesso no Game Boy, isso na já longínqua final da década de 1990, títulos de quebra-cabeça demonstraram ter uma grande química com os portáteis, já que são títulos que podem ser jogados mesmo com pouco tempo disponível. Com o surgimento do PSP, o designer de jogos Tetsuya Mizuguchi, que fez carreira na Sega, reeditou a fórmula de sucesso com "Lumines", lançado na estréia do portátil da Sony.

É claro que não basta ser um título de quebra-cabeça; tem que ter qualidade. E isso, "Lumines" tinha para dar e vender. Talvez seja o game do gênero mais irresistível desde o lendário "Tetris", com menções honrosas para "Dr. Mario" da Nintendo e "Puyo Puyo" da extinta Compile.

Sendo um game tão bem arquitetado, a produtora Q Entertainment, fundada por MIzuguchi, não quis arriscar: manteve a mesmíssima fórmula do antecessor. A diferença é que há mais conteúdo, e não se trata de encheção de lingüiça. Tudo que veio a mais tem a mesma qualidade da parte "principal". E, além do visual já tradicional, a continuação traz clipes de artistas famosos, como Black Eyed Peas, New Order, Gwen Stefani, The Chemical Brothers e outros. Ou seja, o que era bom, ficou melhor ainda.

Blocos para te quero

"Lumines II", assim como o antecessor - e "Tetris" -, é um game de quebra-cabeça de ação que, por um lado, traz regras extremamente simples e fáceis de compreender, e, por outro, o domínio dos segredos por trás dessa simplicidade é uma tarefa que leva muito tempo. Ou seja, o desempenho no game reflete fielmente a habilidade do jogador; o fator sorte exerce um papel mais que secundário.

Como dito, não há qualquer embaraço para compreender o funcionamento do título. O centro da tela é um tabuleiro, onde caem do céu blocos quadrados formado por quatro peças. Lembra um cubo mágico. Essas pequenas peças podem apresentar em uma de duas cores. Assim, o bloco inteiro pode assumir vários combinações, que vai desde ter todos os cubinhos da mesma cor ou formando outros padrões, com duas ou três peças de uma cor e o restante de outra.

O objetivo é formar um grupo de pelo menos quatro quadradinhos da mesma tonalidade. Feito isso, essa pilha desaparece, e você ganha mais espaço para colocar os blocos. Se o monte chegar ao topo da tela, acaba a partida. Pode até parecer complicado, mas vendo o game é fácil entender.

Entre no ritmo

Parece simples formar grupos da mesma cor. Mas o problema é que, jogando "normalmente", ao fazer sumir um grupo, as que sobram geralmente formam padrões desorganizados que não são facilmente apagados. Ou seja, é preciso pensar adiante e organizar o posicionamento das peças. O tutorial do game traz as regras do jogo e algumas técnicas para adiar a tela de game over.

Outro componente que torna o jogo ainda mais profundo é que o sumiço das peças acontece apenas quando uma linha vertical passa sobre o bolo de mesma cor. Assim, o momento em que você deixa cair as peças é tão fundamental quando o local onde elas são posicionadas. Uma das técnicas consiste e fazer o quadrado logo depois que a linha passar, e tentar aumentar o número de blocos apagados até que a linha retorne.

Quando mais blocos apagar ao mesmo tempo, maior é o "combo" e a pontuação. Além disso, é fundamental para limpar a tela (e ganhar um bônus). Ou seja, além de pensar, é preciso agir rápido também. Mas essa linha do tempo varia sua velocidade conforme o ritmo da música, que, por sua vez, é determinado pelo tamanho do "combo". Junte a isso um bloco especial, que, ao ser apagado, leva junto todos os quadradinhos da mesma cor que estiverem conectados a ele, e poderá ter idéia das possibilidades do game.

Escolha seu desafio

"Lumines II" está com mais modalidades de jogo, e grande parte delas liberam "skins", um visual e músicas únicas para o jogo. O principal modo ainda continua sendo o Challenge, em que o jogador passa de "fases" e tenta ir o mais longe possível. A palavra fase está em aspas porque o game continua da mesma forma enquanto o visual é trocado (acontece uma pequena travada). Muda também a música e isso altera o ritmo do game, já que está intimamente ligado com a linha de varredura. Além disso, as peças começam a cair cada vez mais rápido.

Há três divisões no modo Challenge. A classe B, mais fácil, tem um tabuleiro amplo e os blocos caem mais lentamente. Já na S é para craques em "Lumines", com um campo menor e um ritmo frenético. Todos eles possuem "skins" diferentes, que são liberados à medida que você avança no game. Ao todo, são 60 dessas "decorações", incluindo os clipes e músicas dos artistas famosos.

Com as "skins" liberadas, você pode criar seu próprio Challenge, no modo Skin Edit. Aqui, você escolhe as que mais lhe agradam, e elas parecem na ordem em que foram colocadas na lista. É uma maneira de se divertir apenas com as músicas e clipes que mais agrada ao jogador. Mas aqui você não libera nada, não importa a pontuação que fizer.

Na Versus CPU, você e o computador dividem o mesmo tabuleiro. Quanto mais blocos apagar, mais seu domínio aumentará, deixando o oponente em situação difícil. Essa regra é igual ao da multiplayer, com a diferença que aqui o oponente é a máquina. A modalidade não oferece muita diversão, mas vale para pegar mais "skins".

Na Time Attack, você tem um limite de tempo (de 60, 180, 300 ou 600 segundos) para apagar quantos blocos puder. É uma modalidade ideal par quando se está com pouco tempo. A Puzzle Mode é semelhante à do game anterior, mas conta com mais desafios - mais de 100. Aqui, o intuito é fazer com que os blocos adquiram um formato, como uma cruz, um cavalo, uma seta e outros. Claro que, no começo, as formas são simples, mas vai ficando cada vez mais casca-grossa. Trata-se de uma modalidade em que o raciocínio será muito exigido.

Por fim, a Mission Mode, uma novidade desta edição, também exige inteligência, mas, às vezes, técnica também. Em geral, pede-se para apagar todos os blocos em alguns passos. Em outros, pede-se que cave um "buraco" numa pilha enorme ou apague X quadradinhos em um tempo-limite. É desafio para ninguém botar defeito.

Mistura de sensações

O game traz 60 músicas, mas é dado ao jogador o direito de criar sua própria música. É verdade que o editor não é nem simples de operar - além de não trazer explicações detalhadas -, nem completo, mas com um pouco de paciência, é possível criar algumas melodias bacanas na base da tentativa e erro. Pena que há apenas quatro sons para a percussão eletrônica e uma guitarrinha sintética, sem polifonia.

Como quase todos os games feitos por Mizuguchi, o novo "Lumines" é uma experiência visual e sonora integrada. É impressionante como as duas sensações se misturam em seu trabalho e como consegue transformar um título de quebra-cabeça, um gênero geralmente pobre em recursos visuais, num show de imagem e som.

Cada "skin" é um pacote completo de identidade visual e sonora. Simplesmente muda tudo: a animação do fundo, a textura dos blocos, os efeitos especiais, sonoplastia e trilha sonora. E, como dito, a música tem papel ativo na ação, pois determina a velocidade da linha que varre os blocos apagados.

A animação de fundo vai do psicodélico aos clipes de artistas famosos, mas é uma pena não poder observar muito enquanto se joga. A trilha sonora é variada e inclui psicodelia, eletrônico, composições aéreas, pop japonês e artistas famosos como Beck, Fatboy Slim, Gwen Stefani e Black Eyed Peas. Com 60 músicas, é provável que haja alguma composição do gosto do jogador.

Sinestesia

"Lumines II" já nasceu com a partida ganha. Traz a mesma fórmula irresistível do antecessor, mas com mais modalidade de jogo, mais conteúdo e novas "skins", incluindo clipes e músicas de artistas da grande mídia, que certamente é um chamariz. É difícil recomendar para quem já tem o antecessor, pois a essência é a mesma - apesar do grande volume de conteúdo desta continuação -, mas se você ainda não viu esse quebra-cabeça, certamente vale conferir o porquê da fama do game.