Metal Gear Ac!d

da Redação

O "ácido" do título é para designar o gosto na boca dos fãs que esperavam um jogo tradicional da série. Brincadeira à parte, o novo jogo da Konami estrelado por Snake é feito por membros da equipe de "Metal Gear Solid" para GBA e de "Zone of the Enders", mais uma vez mostrando uma história paralela do herói que não se encaixa na cronologia da série "Solid" - e sem o humor do criador Hideo Kojima, que não participou do game.

Mas a trama de universo paralelo não é a única surpresa. "Metal Gear Ac!d" não é um jogo de ação e furtividade, mas uma mistura de estratégia e jogo de cartas colecionáveis. Jogadores virtualmente não dão nenhum comando direto para o herói, usando ao invés disso cartas que permitem que o herói se mova, ataque ou ganhe habilidades especiais. Como a ação é baseada em turnos, você pode parar e pensar o quanto quiser antes de se decidir.

De volta à ativa... de novo

Apesar de não ter ligação, a trama segue uma linha claramente inspirada em "Metal Gear Solid": Snake é arrancado de sua cabana no Alasca devido a um ataque terrorista. Desta vez um par de bonecas (?) seqüestrou um avião que carrega um senador e candidato à presidência dos EUA. Os verdadeiros organizadores do atentado querem trocar a segurança do avião por um projeto "Pythagoras", que está sendo desenvolvido em um laboratório na África. E é para lá que o pobre Snake é enviado. As próximas horas trarão inúmeras surpresas e reviravoltas no enredo, como os fãs deveriam esperar.

O game se esforça muito para traduzir diversos elementos históricos da série como câmeras de segurança, caixas de papelão e bazucas modernas, entre tantos outros, mas a implementação acaba um tanto forçada e pouco intuitiva. O conceito de furtividade da série convencional não se traduz diretamente aqui: matar um guarda pelas costas é um processo de tentativa e erro, deixando o confronto cara a cara como a principal alternativa.

O caráter aleatório da distribuição das cartas (ou seja, você nunca sabe exatamente o que terá em mãos na hora do confronto) se torna um agravante para quem não está acostumado com esse tipo de jogo. O problema acaba acontecendo nas fases mais avançadas, quando "Ac!d" tenta misturar os elementos dos dois mundos: uma seleção estratégica de cartas, uma parceira a ser defendida, inúmeros inimigos e turnos contados para realizar as ações. A mistura acaba não sendo tão eficiente, e certamente prioriza os fãs deste gênero em detrimento de quem esperava um verdadeiro "Metal Gear".

Sem Kojima

Outros pequenos problemas não ajudam a deixar o game mais agradável: inúmeras intromissões do comandante Roger no Codec acabam com o ritmo já lento da ação, e a ausência de diálogos falados (é tudo só texto) somados à trama alternativa simplesmente não ajuda a empolgar os fãs. A adição de uma opção multiplayer é bem-vinda, mas sua execução é muito fraca. Ao invés de colocar dois personagens apenas para se matar, eles contam com objetivos que priorizam matar inimigos e caçar itens, e o sistema de visão restrita é imprevisível e frustrante. Visualmente, o game não é feio, mas diversas falhas de efeitos 3D acabam com a qualidade esperada dos jogos da série.