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25/04/2001 - 16h31

Personalidades: Ken Kutaragi

por Gabriel Morato

AFP/Kazuhiro NOGI

Kutaragi, 'pai do PlayStation', mostra o 'coração' do PS2

Kutaragi, 'pai do PlayStation', mostra o 'coração' do PS2

Ken Kutaragi é responsável, direta e indiretamente, por três dos mais importantes consoles de todos os tempos: além de projetar os dois PlayStations, ele também fez o chip sonoro do Super Famicom (Super Nintendo nos EUA e Brasil). Ele é conhecido mundialmente como o criador dos dois videogames da Sony, mas poucos sabem da odisséia envolvida nesse processo.

Kutaragi era filho de um comerciante japonês, e morou muito tempo fora do país quando o pai mudou seu negócio para a China. Durante esse período, ele trabalhou como entregador de livros e passava o dia inteiro trabalhando (e dormindo apenas 6 horas). Depois da Segunda Guerra Mundial, eles voltaram para o Japão e Kutaragi decidiu que seu desejo era trabalhar como engenheiro em uma indústria de eletrônicos. A Sony era a opção óbvia, pelo que ele conhecia da empresa - e isso incluia a fama de que era muito difícil conseguir um emprego lá.

Mas Kutaragi conseguiu realizar seu sonho e se tornou um dos engenheiros da empresa. Ciente do potencial da tecnologia digital, ele tentou viabilizar diversos projetos nessa área, mas a empresa continuava tradicionalmente analógica, e seus esforços eram simplesmente ignorados. Foi apenas quando ele conseguiu produzir um medidor de pico de freqüência digital para aparelhos de áudio, com um custo infinitamente menor que as versões analógicas, que seu talento começou a ser reconhecido.

Ele refinou os medidores, e chegou a criar versões com displays digitais, muito comuns nos rádios de hoje. Mas ele ainda não se dava por satisfeito. Kutaragi pediu transferência para um pequeno grupo de desenvolvimento que se especializava em tecnologia digital. Infelizmente, esse laboratório não era exatamente um dos centros mais queridos da Sony, e a empresa questionou a decisão dele. Mas Kutaragi insistiu e conseguiu a transferência.

Lá ele iria produzir o chip de som do Super Famicom, que usava PCM (Pulse Code Modulation), aumentando incrivelmente o potencial sonoro do console - permitindo manipulação digital do som. E seria durante sua estada lá que ele veria pela primeira vez o G-System.

O G-System foi o primeiro sistema digital de criação de imagens em 3D de uso civil. Kutaragi percebeu o potencial de um brinquedo com essa tecnologia. Munido apenas das leis de progressão de preço de semicondutores, ele extrapolou os dados e descobriu que em quatro anos seria possível criar um videogame caseiro capaz de criar gráficos 3D por um preço acessível. E desse ponto em diante, ele se empenharia nesse projeto.

O PlayStation era originalmente um trabalho em conjunto entre Nintendo e Sony. Mas quando as duas empresas se desentenderam sobre direitos de royalties, a Nintendo pulou fora, mas Kutaragi não desistiu do sonho. O PlayStation demoraria um pouco mais para ser lançado - mas o projeto não seria esquecido.

Kutaragi lançou seu videogame, e entre as tantas revoluções que ele foi pioneiro, as mais marcantes foram um sistema muito mais vantajoso para que outras empresas pudessem trazer e distribuir seus jogos, assim como uma campanha de marketing extremamente agressiva.

O próximo grande projeto de Kutaragi era o Emotion Engine, um chip que supostamente poderia "sintetizar e simular emoções com extrema precisão". O Emotion Engine é hoje o coração de todos os PlayStation 2 que estão no mercado.

No entanto, o PSP, o primeiro portátil da companhia, não teve desempenho esperado. Apesar de sofisticado, foi engolido pelo Nintendo DS. A situação agravou com o PlayStation 3, que teve desenvolvimento e estréia turbulentos, amargando a última posição entre os videogames de nova geração, atrás do Xbox 360 e Wii.

Em abril de 2007, Kutaragi deixou o cargo de presidente do conselho e executivo-chefe da divisão de games da Sony. Afastado de funções executivas, ele assumiu a presidência de honra do conselho. "Estou muito contente em me graduar da Sony Computer Entertainment após introduzir quatro plataformas para a família PlayStation", disse.

As relações entre ele e Howard Stringer, presidente da corporação Sony andavam abaladas. O chefe da SCEI era tido como um rebelde, que não respondia aos seus superiores. Kutaragi chegou a criticar publicamente a corporação em setembro de 2006, quando a produção do PlayStation 3 foi prejudicada pela falta de um componente fundamental para o leitor de Blu-ray, a mídia do aparelho.

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