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05/06/2008 - 20h01

Especial "Ninja Gaiden": o retorno de Ryu

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL
Em 1999 já havia se passado um bom tempo desde os excessos dos piores momentos da "ninjamania", que transformaram ninjas em caricaturas e motivo de piada. Era o momento ideal para ressuscitar a franquia "Ninja Gaiden", afinal a Tecmo precisava de alguns sucessos e poderia se aproveitar de uma marca conhecida pelos jogadores mais velhos.

Ninja na era 3D
Itagaki trabalhou com seu time em segredo, pesquisando com os veteranos da Tecmo sobre os elementos que mais marcaram o público durante os dias áureos da série nos anos 80. Ele chegou à conclusão de que o grande trunfo da franquia era a ambientação exótica, com inimigos imprevisíveis, um alto teor de violência para os padrões da época e, claro, a dificuldade que requeria reflexos precisos. Já a história, um dos pontos questionáveis da trilogia, foi descartada e ele resolveu criar uma nova, que serviria de base para o novo universo do herói.

Como a Team Ninja estava trabalhando com a plataforma NAOMI para o lançamento de "Dead or Alive 2", o desenvolvimento do novo "Ninja Gaiden" também começou nesta placa criada pela Sega, que servia como base para jogos de fliperama e para seu Dreamcast. Mas, infelizmente, o console doméstico lançado pela dona do Sonic logo apresentou sinais de cansaço e a Tecmo começou a trabalhar na migração do projeto para o Playstation 2, que estava em estágios iniciais de lançamento.

O novo jogo iria para a Sony se Itagaki não tivesse recebido a tempo um kit de desenvolvimento da Microsoft para seu primeiro console, o Xbox. O designer ficou encantado com o poder do novo videogame e surpreendeu a todos quando decidiu que a volta de Ryu Hayabusa se daria exclusivamente na grande caixa preta. Como o novo aparelho era muito mais robusto em termos de processamento e recursos, a Team Ninja manteve seus conceitos, mas refez boa parte do trabalho, dando grande ênfase aos gráficos, o que resultou em um longo período de produção.

O PRODUTOR
Crédito
Nascido em 1967, Tomonobu Itagaki começou a trabalhar na Tecmo em 1992, programando "Tecmo Bowl". Com o lançamento do primeiro "Dead or Alive", para fliperamas e Saturn, em 1996, o prestígio de Itagaki aumentou na empresa. Com isso, ele foi promovido e ganhou a liberdade para preparar o retorno de Ryu Hayabusa como protagonista. Polêmico, Itagaki não poupa críticas aos concorrentes, criticando concorrentes como "Metal Gear Solid 2" e "Final Fantasy X" pela falta de interatividade - e até mesmo "Ninja Gaiden Sigma", remake criado pelo seu próprio time, a Team Ninja. Em 2006, uma funcionária da Tecmo entrou com um processo de assédio sexual contra ele. Após investigações, foi constatado que a mulher havia tido um relacionamento mal-resolvido com Itagaki, que acabou inocentado da acusação. No dia em que chegou às lojas "Ninja Gaiden 2", para Xbox 360, Itagaki anunciou seu desligamento da Tecmo devido a um processo que abriu contra a empresa e seu presidente, Yoshimi Yasuda. Em declaração aberta, o designer acusou Yoshimi de ter se recusado a pagar gratificações relativas ao sucesso de "Dead or Alive 4" e por fazer comentários depreciativos a seu respeito perante outros funcionários da casa.
"Ninja Gaiden" foi anunciado oficialmente apenas em 2002, durante a E3, e chegou às lojas dois anos depois. Exibindo alguns dos melhores gráficos da época, o game cumpriu tudo o que Itagaki prometeu, com muita violência, ação rápida e precisa, além de um alto desafio.

Mantendo a tradição de utilizar uma linguagem cinematográfica, a Team Ninja reapresentou Ryu ao mundo dos videogames em grande estilo, com direito até mesmo a download de conteúdo extra, divididos nos chamados "Hurricane Packs", algo inovador para a época. A história era toda nova, com a vila do herói destruída por uma tropa de inimigos e uma busca de vingança que se estendeu por nada menos do que 16 estágios. Com a ajuda da voluptuosa Rachel, o ninja parte para recuperar a Dark Dragon Blade e destruir o Imperador de Vigoor, e ainda se surpreende com algumas reviravoltas chocantes.

O sucesso do jogo foi tão grande que rendeu uma reedição, chamada "Ninja Gaiden Black", que colocou no mesmo pacote o jogo original com os bônus antes disponibilizados somente através da rede. Em 2007, alguns integrantes do Team Ninja finalizaram uma versão atualizada do jogo que foi lançada para Playstation 3 sob o nome de "Ninja Gaiden Sigma".

Em 2008, para marcar os 20 anos da franquia, Itagaki e sua equipe não preparam apenas "Ninja Gaiden 2" para Xbox 360, mas também "Ninja Gaiden Dragon Sword", para Nintendo DS. Embora o produtor seja um defensor de videogames poderosos, ele resolveu investir no portátil da Nintendo por achar interessante a sua interface, que poderia mudar bastante a mecânica dos jogos de ação. "Dragon Sword" realmente fez isto pela série, utilizando a tela de toque para desferir os movimentos e golpes do herói de uma maneira até então nunca explorada, mesmo que o jogo não tenha recebido tantos elogios da crítica quando seu irmão mais velho.

Não são muitas as franquias que conseguem sobreviver por tanto tempo, principalmente aquelas que surgem pegando impulso em alguma moda ou tendência. Mesmo com seus altos e baixos, "Ninja Gaiden" continua sendo uma referência no mundo dos videogames e provou que pode sobreviver a qualquer tipo de inimigo, sejam eles robôs alienígenas de outra dimensão ou rappers fracassados.
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