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Reportagens

04/08/2004 - 20h53
Entrevista: "Lokinha" e "1004", da LadieS.AMD

por Gabriel Morato

Jogar videogame também é esporte, com competições internacionais e ligas. O conceito do "jogador profissional" já tem mais de sete anos, e o Brasil teve a oportunidade de se destacar em uma competição importante: o time feminino de "Counter-Strike" se consagrou vice-campeão do campeonato mundial Electronic Sports World Cup, realizado em julho, na França.

A redação de UOL Jogos entrevistou Claudia Miranda, 20, a "Lokinha", e Michelle Jang, 24, a "1004", as meninas do time vencedor LadieS.AMD. Saiba mais sobre a dura rotina dessas jogadoras e como é ser uma atleta profissional.


Por que "Counter-Strike"?

"Lokinha": Porque é o jogo mais aberto ao público. Todo mundo conhece, está no auge nas LANs. O meu irmão jogava, fui apresentada ao game por ele e assim crie laços com o "Counter".

"1004": "Counter" é o futebol dos esportes virtuais.

O que vocês mais gostam neste jogo?

"1004": A dinâmica, envolve a inteligência, estratégia, mira, então é algo fora da diversão.

"Lokinha": É um jogo que permite a evolução do jogador. No "Mario" você fica apenas passando de fase - no "Counter" você vai poder enfrentar novos jogadores e estar sempre se superando e aos outros.

"1004": Isso sem falar no aspecto criativo.

As mulheres ficam devendo algo para os homens nas arenas de "Counter-Strike"?

"Lokinha": Hoje em dia, ainda devemos. Isso porque as mulheres normalmente não se dedicam tanto quanto os homens. Eles passam 10 horas por dia treinando. A gente, por exemplo, treina três vezes por semana em torno de 20 horas semanais - eles treinam 50 fácil. Não dá para comparar. Mas quem sabe no futuro isso não vira uma opção para nós?

"1004": Isso porque as mulheres são mais responsáveis, né? Não é falta de dedicação - mas é que temos outras prioridades como trabalho, estudo... se tivéssemos a oportunidade de só treinar, acredito que estaríamos no mesmo patamar.

Como foram as experiências enfrentando times masculinos?

"Lokinha": Já estamos acostumadas. A gente até prefere treinar com eles - é uma forma de estar evoluindo sempre. A gente ganha de praticamente todas as competidoras femininas por aqui - não tem tanta competitividade quanto com outras mulheres. Mas contra os times "top" do país é mais complicado.

Existe alguma vantagem ou desvantagem de ser uma ciberatleta do sexo feminino?

"1004": Quem quer montar e começar um time, sim. Mas no caso do nosso time, acho que isso é uma vantagem. Levando em conta que é um jogo praticamente masculino, a gente acaba chamando muita atenção. Nossa dedicação e esforço é grande.

"Lokinha": Eu acho que esse destaque é a melhor coisa. Time masculino existe aos montes, mas um time feminino de destaque - e que vença os masculinos - é bem mais raro.

Os homens abaixam a guarda por estarem enfrentando mulheres?

"Lokinha": Com certeza!

Existe preconceito contra a mulher nas partidas online?

"1004": No começo foi muito difícil. Vou dar um exemplo: quando eu jogava na Internet, eu era chamada de "traveco". Alguns mandavam eu ir pilotar fogão. Mas hoje em dia, não. Muita gente vem pedir conselhos.

Vocês favorecem algum tipo de estratégia em "Counter-Strike"? Como fica o trabalho em equipe?

"Lokinha": Não damos prioridade a nenhuma estratégia específica. Nosso lema é trabalhar com o time todo. Ninguém tenta se destacar - a gente prefere assim, sabendo que pode sempre contar com os outros. É como no futebol, não dá só para colocar um atacante a falar "vai lá!". Tem sempre que ter alguém atrás para estruturar o time.

De onde veio a idéia de formar o time? Como aconteceu e quando?

"Lokinha": Fazem dois ou três anos agora, que eu e algumas amigas formamos o time. A gente queria só jogar um campeonato de uma LAN House, mas recebemos muito apoio de uma LAN, e começamos a treinar mais sério só de brincadeira... mas a coisa foi crescendo. Ganhamos o campeonato e começamos a puxar uma jogadora daqui, outra de lá. Depois disso veio o reconhecimento no Brasil - e agora internacional.

Quais títulos vocês conquistaram?

"1004": No Brasil [conta], foram cinco campeonatos femininos, todos daqui a gente pegou primeiro lugar. Fora do Brasil essa foi a primeira vez, e conquistamos o vice mundial do game. E perdemos o primeiro lugar por problemas técnicos que nos prejudicaram na final

Qual foi o problema técnico?

"1004": Na rodada mais importante o programa que usamos para conversar entre nós não funcionou. Quando pedimos para os organizadores do evento pararem o jogo eles não puderam interromper a partida porque o servidor estava mal configurado. Eles também não quiseram voltar essas rodadas que perdemos por problemas técnicos.

Vocês se arriscam em outros games? Curtem um videogame ou só PC mesmo?

"Lokinha": Eu jogo videogame, estou tentando jogar "WarCraft", mas está difícil. Jogo "Gunbound" também.

"1004": Eu sempre me dei bem em jogos. Videogame acho muito chato: você passa rápido das fases e é muito repetitivo. Jogo um pouco de "WarCraft" e "Gunbound" também.

Qual videogame você tem?

"Lokinha": Em casa tenho um Dreamcast, um Nintendo 64, um Super NES, um Master System... mas eu prefiro jogar o Nintendo 64.

Qual o jogo favorito?

"Lokinho": "Mario". O clássico "Mario". Se for aquele da tela grudada, que não é 3D, melhor ainda.

Na opinião de vocês, o que o futuro reserva para os ciberatletas profissionais no Brasil?

"Lokinha": A comunidade está crescendo, os investimentos também, as empresas estão de olho nas pessoas que jogam, elas estão investindo e dando estrutura. A tendência é só crescer. Nós já temos um bom reconhecimento lá fora como país e se depender de nós vamos apostar nessa imagem para trazer ainda mais empresas para o setor - especialmente para investir nos times pequenos que têm talento mas não tem recursos para participar de campeonatos aqui ou no exterior.

Como vocês lidam com essa fama e reconhecimento?

"1004": É conseqüência do nosso trabalho. Não fizemos isso para virar pop-stars.

"Lokinha": Para nós é uma recompensa merecida por todo o tempo que treinamos.

"1004": Foram 42 horas semanais jogando na preparação para esse torneio mundial.

Qual sua opinião sobre o reconhecimento dos ciberatletas?

"Lokinha": É importante. Tudo relativo à computação continua crescendo muito rápido, e mais pessoas vão se interessar por essa modalidade com isso. Em breve, acredito que a corrida no gramado depois de um gol terá o mesmo valor que o treino esforçado na cadeira na frente do computador. Quando eu era pequena, a gente empinava pipa, brincava de pega-pega - hoje em dia meu primo já pede para brincar no computador. "Vai para a rua!", eu digo, mas ele insiste. Não dá para ignorar essa tendência.

Como a família lida com essa dedicação de vocês ao jogo eletrônico?

"Lokinha": A minha família, no começo, ficava meio de pé atrás. Eles diziam: "Você vai para uma LAN House onde só tem muitos meninos, você é a única menina e ainda volta tarde"... mas agora minha mãe fica super-feliz: "Ah, você vai para a França!". Meu pai é o mais engraçado. Ele fica acompanhando os jogos - ele não sabia mexer no "Counter-Strike" mas agora ele é praticamente um profissional em assistir os jogos.

"1004": Os orientais são bem conservadores, né? Minha família queria que eu aproveitasse o máximo de tempo possível estudando, e não na LAN House. Quando viram que a gente estava apresentando resultados e aparecendo na imprensa, aí eles ficaram mais empolgados.

Alguma mensagem para mulheres que querem investir no ciberatletismo profissional?

"Lokinha": Elas não devem desistir nunca, mas tem que levar à série: não aquela coisa de ir na LAN House para paquerar menininhos. Precisa ir lá para treinar, para melhorar estratégias e desempenho do time.

"1004": E para os homens vale o mesmo. Não adianta só jogar bem e chegar no campeonato e brigar com o resto da equipe, relaxar... tem que ter perseverança.

Alguma consideração final?

"1004": Precisamos agradecer a oportunidade que a imprensa tem dado na divulgação dos ciberatletas profissionais, especialmente nesse momento importante do crescimento.

"Lokinha": Não dá para ressaltar o suficiente como é importante que se estabeleça essa estrutura que permita aos praticantes participar de campeonatos internacionais.

"1004": Só assim o Brasil vai poder ser competitivo nesse ramo.



Começando pela direita, Claudia Miranda, a "Lokinha", e Michelle Jang, a "1004"; integrantes da equipe LadieS.AMD

Leia também a íntegra do bate-papo com as vice-campeãs mundiais de "Counter-Strike".