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E3 2011: "Asura's Wrath" deixa de lado o componente multiplayer para focar na história do jogo

ANDRÉ FORTE

Colaboração para o UOL, de Los Angeles

08/06/2011 18h07

Um dos jogos de ação mais comentados do estande da Capcom, "Asura's Wrath" é um projeto ambicioso da CyberConnect2 em parceria com a criadora de "Street Fighter". A ambição, no caso, é a de unir mitologia asiática e elementos de ficção científica e tentar atrair o público ocidental para conhecer o jogo.

UOL Jogos teve a oportunidade de conversar com o produtor do jogo, Kazuhiro Tsuchiya, e com o presidente da CyberConnect2, Hiroshi Matsuiyama, que comentaram alguns aspectos interessantes sobre a produção.

UOL Jogos: A CyberConnect2 é uma produtora conhecida no Japão, sobretudo pela produção de jogos de anime, como os da série "Hack//G.U. e "Naruto", mas esse é o primeiro trabalho ao lado da Capcom. Como está sendo essa experiência?
Hiroshi Matsuyama: A colaboração começou há cerca de dois anos e está sendo maravilhosa. Assim como nós, eles amam realmente os videogames e tudo o que os envolve, então para nós isso é o mais importante.

UOL Jogos: Você acredita que a mitologia asiática foi pouco usada nos videogames se comparada à nórdica ou à grega? O que você pensa disso?
Kazuhiro Tsuchiya: Acho que devemos nos focar em fazer jogos para o mundo todo, mas de fato, a mitologia asiática pode causar mais impacto se comparada às demais pela novidade que ela representa. "Asura's Wrath" é basicamente um jogo de ação, um gênero muito comum nas plataformas atuais, então temos que penar em coisas novas.

UOL Jogos: O jogo não tem modo multiplayer?
Kazuhiro Tsuchiya: Não teremos multiplayer por uma simples razão: foco. Queremos que o jogador se surpreenda com a trama do jogo, isso é importante para nós.
Hiroshi Matsuyama: Nossos esforços foram destinados para deixar essa história o mais interessante possível, e não queríamos perder tempo de desenvolvimento com um modo apenas para adicionar uma experiência secundária.

UOL Jogos: Alguns produtores japoneses alegam que os jogos de ação de seu país estão perdendo espaço para o ocidente. Vocês concordam com isso?
Kazuhiro Tsuchiya: Temos orgulho em fazer jogos de ação japoneses. Acredito que o Japão ocupa o topo no que diz respeito aos melhores produtores de jogos desse gênero, oferecendo os melhores jogos de ação do mundo.
Hiroshi Matsuyama: A Capcom, por exemplo, tem tradição em jogos de ação, comprovando que o Japão permanece forte nesse gênero.

UOL Jogos: Nos vídeos, notamos que Asura perde alguns de seus seis braços. Isso é parte da mecânica e representa a barra de vida do herói?
Kazuhiro Tsuchiya: A perda dos braços não representa simplesmente uma barra de vida, mas o verdadeiro drama de Asura. Queremos que o jogador perceba a personalidade do herói, de jamais desistir, de continuar lutando até mesmo sem nenhum braço e sofrendo as dores desses desmembramentos. Isso tudo faz parte da experiência única do jogo.

UOL Jogos: E como uma boa história asiática, o herói pode recuperar esses braços?
Kazuhiro Tsuchiya: (risos) Agora você me surpreendeu...
Hiroshi Matsuyama: Bem, isso não podemos revelar. Jogue e verá! (risos)

UOL Jogos: Essa dramaticidade e lição de superação pode ser comparada às histórias de anime, como "Cavaleiros do Zodíaco", em que um herói fica cego, mas continua lutando?
Kazuhiro Tsuchiya: Na verdade, a história [de "Asura's Wrath"] é inspirada na mitologia asiática, mas nosso intuito é atrair os fãs do mundo todo e não somente os japoneses. Eu diria que, ao invés dos animes, nossa maior inspiração veio dos seriados e filmes ocidentais, principalmente quanto à parte de ficção científica.

UOL Jogos: A comparação com jogos ocidentais, como "God of War", é inevitável. Qual é o principal aspecto de "Asura's Wrath" que o diferencia dos demais?
Hiroshi Matsuyama: É difícil apontar os pontos positivos de seu próprio jogo, mas tenho certeza de que, além da já citada mitologia asiática, nossa trama tem uma história repleta de momentos dramáticos para prender o jogador em frente ao televisor, não apenas como um jogo, mas como uma história que ele não quer parar de ver. Tudo é baseado na experiência imersiva de compartilhar a ira contra os oponentes do herói. Além disso, toda a mecânica de ação, os movimentos especiais e os toques de ficção científica dão um ar de novidade à produção.