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E3 2011: Tenso e impressionante, "Tomb Raider" é diferente de tudo na série

ANDRÉ FORTE

Colaboração para o UOL, de Los Angeles

10/06/2011 18h17

Drama. Tensão. Suspense. Esse misto de emoções nada confortáveis acompanham o jogador em “Tomb Raider”, e, principalmente, a heroína Lara Croft, que agora encara uma aventura repleta de sofrimento e dor, muita dor.

A jornada começa em uma caverna escura, com a jovem Lara amarrada em um saco e presa de ponta cabeça. Para sair, ela deve usar o peso de seu corpo e se balançar até empurrar um cadáver que também está amarrado ao seu lado, fazendo com que ele se queime em uma tocha na parede e, enfim, consiga se soltar da armadilha.

Do teto, Lara cai direto nos espinhos do chão e grita pela dor da queda, a primeira de muitas outras. Em seguida, mais gritos, pois o galho pontiagudo enfiado em sua costela precisa ser extraído.  O sofrimento é um elemento tão constante que claustrofobia é o que melhor define a experiência de se jogar "Tomb Raider".

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Controlando uma nova Lara

De fato, a nova e frágil Lara transmite o seu pavor tão fielmente que o jogador se sente incomodado com a quantidade constante de gritos de uma personagem desesperada. Apesar de parecer um tanto exagerado, se nota que as exclamações em demasia servem para aumentar ainda mais a tensão do jogador nesse belo jogo de exploração e sobrevivência.

O realismo é outro ponto forte, com animações e expressões faciais impressionantes. A jovem Lara possui um rosto tão marcante quanto a sua personalidade, e transmite com veracidade sentimentos de pavor, dor ou até de dúvida. Além disso, seu corpo mostra suor escorrendo, e não raro ele se mistura com a sujeira acumulada nas cavernas e com o sangue dos ferimentos.


Aliás, esqueça as roupas sensuais: a nova Lara é apenas uma garota de personalidade forte, e o estopim para a formação dessa qualidade acontece quando ela se vê obrigada a matar o primeiro lobo. Amante dos animais, a jovem pede desculpas ao bicho se lamentando pelo que acabara de fazer.

Outro efeito impressionante é o fogo e sua utilização. Quando Lara utiliza uma tocha para iluminar os ambientes, as chamas formam um rastro de fogo na parede. Esse item também se torna um companheiro constante do jogador, já que a maioria das catacumbas é escura e muitos quebra-cabeças pedem o uso do elemento para queimar objetos.
 

Uma triste e imersiva realidade

Visualmente, o jogo é um presente aos olhos do jogador. Além da própria Lara Croft, os cenários são muito bem construídos e repletos de paisagens fantásticas. Em um dos cenários, Lara anda sobre uma espécie de templo enquanto uma forte tempestade cai dos céus. Levadas pelo vento, as gotículas correm em direção diagonal e cortam o corpo da heroína, respingando em seguida nas curvas de seu corpo.

Já mecânica mostra agilidade e variações nos controles. A formula básica de exploração, quebra-cabeça e saltos em plataformas se converge em uma vertente que está cada vez mais comuns nos jogos da Square Enix e nos videogames atuais - os Quick Time Events, que consistem em cenas de corte que pedem reflexos rápidos do jogador para apertar determinado botão no tempo certo.

Entretanto, ao contrário de outros jogos, eles não são gratuitos e servem para enfatizar ainda mais o suspense e a luta pela sobrevivência. Em uma delas, a jovem entra em um túnel apertado onde precisa engatinhar para alcançar o outro lado, quando um nativo puxa o seu pé pedindo ajuda. Percebendo que o local está desmoronando, Lara dá um chute no cara e sai correndo, sem ter muito tempo para pensar no que poderia ter feito no momento.

Esse foco no desespero pela sobrevivência tira do novo "Tomb Raider" qualquer tipo de possível comparação com "Uncharted". Enquanto a ótima série de exploração da Naughty Dog para o PlayStation 3 remete mais a um filme pipoca para família, a nova aventura de Lara Croft soa mais real, imersiva e madura, mostrando que a vida de um explorador pode ser tão dura quanto um tapa na cara – ou um espinho na costela.

Em "Tomb Raider", a situação de Lara Croft não é das melhores