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TGS 2011: Com jogabilidade variada, "Asura's Wrath" tenta ser mais que um "God of War" do oriente

CLAUDIO PRANDONI

Enviado especial a Tóquio

19/09/2011 18h29

Por mais que muitos reclamem que a Capcom teima em reciclar suas franquias, lançando novas versões com frequência, a produtora não deixa de apostar também em marcas inéditas.

Uma das presentes nesta última Tokyo Game Show foi "Asura's Wrath", game de ação que promete surpreender jogadores com uma história cheia referências a mitologias orientais e diversos estilos de jogabilidade.

Durante o evento, UOL Jogos teve a chance de conversar com os produtores do game, Kazuhiro Tsuchiya e Hiroshi Matsuyama, que revelaram em um divertido bate-papo as inspirações para o game e até arriscaram um desfecho para um combate imaginário entre o heroi do game e o carecão Kratos, de "God of War".

Veja abaixo os momentos mais bacanas da entrevista.

UOL JOGOS: Qual a história de "Asura's Wrath"?
Kazuhiro Tsuchiya: A história de "Asura's Wrath" mostra um mundo chamado Gaia. Asura é um semi-deus, neste mundo há uma raça de semi-deuses, mas há também humanos e montros, chamados Gohma, que atacam os humanos.

Os semi-deuses protegem os humanos dos Gohma. Entre eles há 8 guerreiros de elite, chamados os 8 Generais Guardiões, e Asura é um deles. Eles são os semi-deuses mais fortes.

O que acontece é que os outros 7 semi-deuses traem Asura, matam sua esposa, sequestram sua filha e depois matam ele! Daí, 12 mil anos depois, sua fúria o ressuscita e ele sai em busca de vingança contra seus ex-colegas.

Como todos são semi-deuses, inclusive sua filha, todos são imortais. Então a filha ainda está viva, ela ainda tem aparência jovem, e Asura sai em busca dela também.

UOL: Falando assim, a história se parece com os filmes da série "Kill Bill"! Seriam eles fonte de inspiração?
Hiroshi Matsuyama: É a primeira vez que ouvimos isso! Mas agora que você mencionou, realmente as histórias são muito parecidas, mas é tudo coincidência.

Acho que o Quentin Tarantino gosta de muitas coisas que nós gostamos também. Os mesmos tipos de filmes, gibis, anime, todas essas coisas com as quais crescemos, provavelmente gostamos de coisas parecidas, então daí que devem vir as coincidências.

UOL: Pela demo da TGS, "Asura's Wrath" parece um jogo de ação de um-contra-um. O game tem outros tipos de jogabilidade?
Matsuyama: As demos da TGS são, por coincidência, lutas de contra um-a-um, mas o jogo não é inteiro assim. Há momentos em que Asura também enfrenta hordas de inimigos dos mais diversos, partes em que você deve atirar e assim por diante.

O ponto é que a base de tudo é a história, ela vem em primeiro lugar. Conforme ela avança, em cada episódio o estilo de jogo muda. Às vezes é um shooter, em momentos tem coisas de jogos de corrida depois vira um jogo de ação normal, então tudo depende em como a história se desenrola, já que ela influencia a jogabilidade.

UOL: O visual do jogo lembra muito mangás, como a série "Dragon Ball". Qual foi a inspiração para a direção artística?
Matsuyama: Nós crescemos com animes e mangás, aqui no Japão há dezenas de séries acontecendo ao mesmo tempo por semana, vale o mesmo para os mangás, estão estamos rodeados por eles, crescemos junto com tudo isso.

Então, na verdade, é difícil dizer o que não nos influenciou. Mas não há nenhuma série em particular que pegamos como base.

Para explicar melhor a ideia original de "Asura's Wrath", queríamos criar um mundo novo, que ninguém nunca tivesse visto. Pegamos então ideias gerais de alguns lugares, como a beleza natural da Ásia e mitologias diversas. Incorporamos elementos mitológicos da cultura japonesa, indiana e chinesa.

Misturamos isso tudo também com ficção científica e aí criamos esse universo inédito. Estamos muito curiosos para ver a reação dos jogadores quando o game sair, queremos que eles fiquem impressionados.

UOL: "Asura's Wrath" combina elementos de mitologia oriental com muita ação. Já a série "God of War" faz o mesmo, mas com mitologia ocidental. Dá para dizer que são franquias rivais?
Tsuchiya: "God of War" é uma grande série e ficamos honrados de sermos comparados a ela, mas a ideia original ao criar "Asura's Wrath" não foi inspirada por nenhum jogo específico.

Mas hoje em dia é muito difícil não ser comparado a outros jogos, em especial com relação a franquias novas. Mas com "Asura" queremos mudar isso, queremos que as pessoas pensem algo como "nossa, nunca joguei algo assim; isso é novo, isso é bacana".

A maioria dos jogadores só teve chances de ver trailers do game, não puderam ainda colocar as mãos nele. Então, quando se vê um semi-deus em um jogo de ação, a conexão com "God of War" é óbvia. Mas assim que experimentarem, achamos que as pessoas vão separar um do outro claramente, são gêneros totalmente diferentes.

UOL: E em um combate imaginário entre Asura versus Kratos? Quem venceria?
Matsuyama: Os dois são personagens muito fortes, mas acho que estamos falando em escalas diferentes. Talvez, digamos, se Kratos for capaz de derrotar um dedo gigante vindo do espaço, ele ganharia.

Mas, na verdade, acho que a batalha nunca acabaria, duraria para sempre, porque são personagens muito fortes.

Um fato curioso: na última E3 a equipe do "God of War" veio ao estande da Capcom para jogar "Asura's Wrath", o que foi uma grande honra e uma experiência maravilhosa. Eles estavam bem curiosos para ver o que estamos fazendo.

E nós também amamos os jogos da série "God of War", então foi bacana essa oportunidade. Quem sabe no futuro não possamos ter algumas chances de trabalhar juntos e criar algo diferente.

Ah, e o diretor do jogo [Stig Asmussen] é careca, que nem o Kratos!

UOL: Outra pergunta inevitável: a Capcom é famosa por seus jogos de crossover. Em qual franquia da produtora vocês gostariam de ver o Asura?
Tsuchiya: De fato, também achamos que o Asura combinaria com outros jogos da Capcom, como "Street Fighter", "Marvel vs. Capcom" e outras.

Com exceção de "Ace Attorney" - não conseguimos imaginar o Asura de terno gritando 'Objection'!