Topo

Direto da GDC: "adoraria fazer um remake de Alone in the Dark", diz criador

Théo Azevedo

do UOL, em San Francisco

09/03/2012 18h44

No ano que marca o 20º aniversário de “Alone in the Dark”, Frederic Raynal, criador do clássico que deu origem ao gênero que, mais tarde, refinado pela Capcom em “Resident Evil” ganharia o título de “horror de sobrevivência”, disse que adoraria lançar um remake em HD da obra.

“O problema é que os direitos sobre ‘Alone in the Dark’, até onde sei, pertencem à Infogrames [hoje conhecida como Atari], então [lançar o remake] não é algo que dependa de mim”, explicou Raynal, que aproveitou a GDC 2012, em San Francisco, para contar um pouco sobre os bastidores da produção do original.

RECEITA DO TERROR

  • Reprodução

    Alguns dos recursos utilizados por Frederic Raynal, criador de “Alone in the Dark”, para criar medo e suspense:
    - 80% do tempo em “Alone in the Dark” é gasto com o personagem em movimento, o que faz a ideia de correr soar assustadora;
    - A casa é o maior inimigo do jogador, com inúmeras (e inevitáveis) armadilhas ocultas;
    - As informações-chave ficam em livros, obrigando o jogador a explorar todos os cantos e, de quebra, descartando o uso de vozes digitalizadas, uma barreira tecnológica da época;
    - Abrir portas, ler livros, usar armas e lidar com inventário limitado: a atmosfera de tensão é permanente.

“Adorava zumbis e todo tipo de filme de terror da época, como ‘Uma Noite Alucinante’, em que basicamente a ideia girava em torno de estar em um local hostil e, simplesmente, sobreviver”, conta Raynal, que para trabalhar com os “avançados” polígonos nos idos de 1991, precisou criar suas próprias ferramentas.

Raynal aproveitou muitas ideias da concepção do projeto, como a ausência de diálogos e o fato de o jogo ser ambientado em uma mansão mal-assombrada da década de 1920, para driblar as limitações tecnológicas: “Era conveniente não ter vozes e, com a ambientação nos anos 20, ficou mais fácil criar o clima”.

Curiosamente, quando "Alone in the Dark" chegou às lojas e, quase que imediatamente, tornou-se um best-seller, havia uma pessoa insatisfeita: Raynal.

Ele havia se esforçado tanto em inovar que alguns dos pequenos problemas gerados pela engine, como objetos que quando arremessados não descreviam uma trajetória perfeita, o irritavam profundamente.

Mas hoje ele admite: "Todos estávamos cansados e eu, particularmente, com muito medo".

“Alone in the Dark” ganhou diversas continuações, virou filme e até HQ, mas ofuscado pelo arrebatador surgimento de “Resident Evil” não conseguiu mais exercer o fascínio do original.