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Com muita ação, "DmC" é "Devil May Cry" para nova geração de jogadores

Pablo Raphael

Do UOL, em Roma*

11/04/2012 10h00

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Produzido pela Ninja Theory, o novo "Devil May Cry" provocou reações polêmicas na época de seu anúncio. O estúdio, responsável por "Heavenly Sword" e "Enslaved", tem trabalhado duro para entregar um jogo que justifique o título e vá além das reclamações quanto ao visual rejuvenescido do herói, Dante.

Segundo os produtores, o objetivo da Ninja Theory é que "DmC" tenha o mesmo impacto que o "Devil May Cry" original provocou em 2001, quando chegou ao PlayStation 2. "Queremos entregar a essência de 'Devil May Cry'", explicam os produtores. Para isso, é preciso definir o que o jogo significa para uma nova audiência.

UOL Jogos experimentou a pancadaria frenética do jogo durante a Captivate, evento para imprensa realizado pela Capcom, em Roma, na Itália. O game traz, em seus fundamentos, uma versão aprimorada da mecânica de combate e plataforma de "Devil May Cry 3", um dos melhores jogos da série.

  • Divulgação

    Dante está mais jovem, mas tão abusado quanto em "Devil May Cry 3"

Construindo um herói exagerado

Dante é apresentado ainda em sua juventude, antes de abrir uma agência de "caça-demônios". O herói ganha a vida como modelo e mora em um trailer, rodeado por belas garotas. Dante é um malandro, sempre pronto para tirar sarro da cara de seus inimigos ou mesmo de pessoas aleatórias que cruzam seu caminho pelas ruas.

Assim como nos jogos anteriores da Ninja Theory, as expressões faciais e a movimentação do herói chamam a atenção. O estúdio é famoso por seu sistema de captura de movimentos e, embora "DmC" não conte com a participação de Andy Serkis - o Gollun de "Senhor dos Anéis", que participou de seus jogos anteriores - a produtora garante que outros artistas talentosos fazem parte do elenco, mas não cita nomes por enquanto.

O senso de humor de Dante permeia o jogo, assim como uma atmosfera sobrenatural muito mais forte do que nos games anteriores. A ação se passa em uma dimensão paralela, o Limbo, muito próxima do mundo real. Próxima o suficiente para afetar nosso mundo.

Muitas situações do jogo envolvem problemas no Limbo - leia-se espancar hordas infernais lideradas por demônios enormes - para solucionar o caos no mundo real.

O cenário é cheio de elementos surreais, como ruas que se abrem para impedir a passagem de Dante, letreiros que revelam as intenções por trás das palavras (como um fliperama em que as letras de 'arcade' mudam para 'spend money'), entre outros detalhes.

A origem de Dante é construida casualmente ao longo do game, mas logo no começo o herói - que surge completamente nu na sequência inicial - veste seu traje e ganha o indefectível sobretudo e equipa suas famosas pistolas Ebony e Ivory, assim como a espada Rebellion.

Versáteis, as 3 armas são o suficiente para lidar com a maioria dos inimigos, mas o suficiente não é o bastante em "Devil May Cry". Conforme o game avança, Dante recebe novas armas, que permitem longas e estilosas sequências de golpes.

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    Em "DmC" é fácil encaixar combos que levam a briga para as alturas

Durante todo o estágio, um enorme demônio persegue Dante, aparecendo entre uma batalha e outra, obstruindo o caminho ou tentando pegar Dante. Lembra, de certa forma, alguns chefes de fase memoráveis de "God of War".

Uma trilha sonora de rock pesado pontua as sequências de ação. Dante distribui tiros e detona inimigos com golpes de espada e de foice. As combinações se conectam facilmente e em pouco tempo o jogador domina as técnicas de combate. A pontuação de seus combos é exibida na tela o que ajuda a entender quais golpes são mais eficientes para cada situação.

A melhor parte das lutas é a opção de usar uma espécie de corrente para puxar os inimigos - ou melhor ainda, arremessar Dante em sua direção. Com isso, você pode lutar no ar, saltando de um inimigo para outro ou lançando a mesma vítima para as alturas e seguindo ela com a corrente.

No que diz respeito à ação, "DmC" não deixa a desejar diante dos melhores jogos da série. Ao enfrentar os chefões, Dante está sempre sorrindo e fazendo piadas, não importa o tamanho da ameaça. Dada a capacidade de dano do herói, é fácil adotar a mesma atitude e nunca se sentir ameaçado. Em "Devil May Cry", quem deve ter medo são os demônios e não o jogador.

O game também oferece sequências de plataforma, onde é preciso usar pulos duplos e um movimento especial que faz Dante planar por alguns instantes, permitindo alcançar pontos mais distantes.

As combinações de botões nessas horas são um pouco irritantes - ao pressionar o botão de pulo, é preciso apertá-lo de novo, junto com um dos gatilhos. O problema é que cada gatilho tem uma função e é fácil, no calor do momento, apertar o botão errado. Os comandos poderiam muito bem ser simplificados, sem nenhuma perda de experiência para o jogador.

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    Chefes gigantes são marca registrada da série "Devil May Cry"

O último estágio que UOL Jogos atravessou em "DmC" consistia em uma série de plataformas no interior de uma catedral. O cenário é fantástico e conforme Dante avança, a catedral se alonga, nunca chegando ao final - com efeitos similares aos do filme "A Origem". O sobrenatural é muito mais presente neste novo "Devil May Cry" do que nos outros jogos da série, influência, talvez do excelente "Bayonetta", que nos últimos anos se tornou o jogo de ação frenética a ser batido.

Um projeto híbrido

Assim como outros games recentes da Capcom, "DmC" é um projeto híbrido. Desenvolvido por um estúdio ocidental, o jogo é uma nova leitura para um dos mais icônicos personagens da produtora japonesa. Esse parece ser o caminho encontrado pela Capcom para se sobressair em meio ao combalido cenário atual da indústria nipônica de videogames.

Para a Ninja Theory, "DmC" é a oportunidade do estúdio se destacar: seus jogos anteriores nunca foram mais do que bons títulos, divertidos e bem feitos mas nunca memoráveis. Com uma marca forte e um personagem famoso nas mãos, o estúdio tem a chance de mostrar do que realmente é capaz.

Ao mesmo tempo que adequa o personagem para uma audiência mais jovem, que pode ver "DmC" como um jogo inspirado em "God of War" e "Bayonetta" - afirmação que para os veteranos da geração passada pode soar como uma heresia, já que na verdade é exatamente o contrário - a Ninja Theory preserva a essência dos melhores jogos da série e entrega uma aventura recheada de humor e ação exagerada.

"DmC Devil May Cry" chega ao PlayStation 3 e Xbox 360 ainda em 2012.

*O jornalista viajou a convite da Capcom